BRASIL

Levar população de baixa renda aos estádios é desafio pós-Copa, diz Rebelo

Fazer com que os estádios construídos para a Copa do Mundo sejam acessíveis à população de baixa renda é um desafio para os próximos anos, disse hoje (2) o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. O ministro chamou a Copa de maior evento do mundo e afirmou que é uma oportunidade para melhorar a gestão do futebol no país, que, segundo ele, "tem um desempenho abaixo do sofrível". Ele também disse que é preciso garantir que os estádios não se tornem espaços de exclusão.

"Isso seria contrariar a própria filosofia e natureza do futebol, que tem prestígio e é abraçado no Brasil e no mundo porque é uma projeção do imaginário da igualdade. É o único espaço do mundo em que o Irã pode ganhar dos Estados Unidos sem sofrer nenhuma retaliação ou ameaça, e onde Israel e Palestina desfrutam do mesmo status. Futebol é isso, e isso não pode ser mudado. Isso se garante também com a presença da população de baixa renda nos estádios", disse o ministro.

Rebelo defendeu a diversificação da receita nos estádios, como uma saída para dar maior viabilidade ao funcionamento. Ele afirmou que se reuniu com dirigentes de clubes e operadores das arenas para analisar as fontes de renda e financiamento, e uma das medidas que estão em estudo é o subsídio cruzado, em que a população de renda mais baixa pagaria um ingresso mais barato que a de renda mais alta, mas nada está definido: "Sem que haja um estudo completo, não se pode falar em medida concreta", afirmou.

Reportagem publicada ontem (1º) pela Agência Brasil mostrou que cidades que já deixaram de receber jogos da Copa ainda estão definindo um plano de sustentabilidade para seus estádios e enfrentam, para alcançar equilíbrio nas contas, baixa média de público nos jogos de futebol locais, com relação à capacidade construída, e alto custo de manutenção do equipamento, o que deve encarecer o preço dos ingressos.

Sobre críticas da imprensa internacional de que não havia negros nos estádios durante a Copa, o ministro reconheceu: "Não é uma questão de concordar ou não. É uma questão de observar e olhar. É evidente que, em eventos do porte da Copa do Mundo, as arquibancadas são ocupadas por um público de renda mais elevada. Isso não ocorre apenas na Copa", disse Rebelo. Ele lembrou ainda que 50 mil ingressos foram distribuídos para beneficiários do Bolsa Família, alunos de escolas públicas e povos indígenas.

O ministro também defendeu a melhoria da gestão esportiva, "para que o futebol brasileiro seja também um dos grandes protagonistas do futebol mundial, como os nossos clubes já foram, e como a nossa seleção continua sendo". Ele disse que a média de público no país é mais baixa que em outros em que o esporte é menos tradicional, como Estados Unidos e China. "É preciso elevar a participação brasileira no PIB [mundial] do futebol. É inaceitável que o país que é protagonista do esporte dentro das quatro linhas tenha um desempenho abaixo de sofrível fora de campo". 


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