BRASIL

Lula sobre a Cúpula da Amazônia: “um marco no debate sobre o clima”

Ricardo Stucket

Em encontro com correspondentes estrangeiros no Palácio do Planalto, presidente defendeu a importância estratégica do evento em Belém na próxima semana e disse que países ricos precisam ajudar a preservar florestas

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou a jornalistas de veículos estrangeiros, na manhã desta quarta-feira (2/8), que deposita grande expectativa na Cúpula da Amazônia para definir, com os demais países que detêm parte da floresta, políticas comuns de desenvolvimento econômico sustentável, de proteção das fronteiras e de combate ao crime organizado. Segundo ele, o mundo precisa olhar para a cúpula como marco mais importante já realizado para debater a questão do clima.

 

Queremos preparar, pela primeira vez, um documento conjunto de todos os países que têm florestas para que a gente chegue unido na COP-28, nos Emirados Árabes, e possamos ter uma discussão séria com os países ricos, que desde 2009 prometeram liberação de 100 bilhões de dólares para criar um fundo de ajuda à manutenção da floresta e da preservação da diversidade
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República

Desde que foi assinado o Tratado de Cooperação Amazônica, há 45 anos, será a primeira vez que chefes de Estado de Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela vão discutir em conjunto as questões da Amazônia. O encontro, que ocorrerá em Belém nos dias 8 e 9 de agosto, e do qual participam igualmente países com grandes reservas florestais das demais áreas tropicais do mundo, produzirá um documento conjunto para ser levado à COP-28, nos Emirados Árabes, em novembro, para discutir em âmbito global a preservação da floresta e temas correlatos, como o desenvolvimento sustentável, transição energética, biodiversidade e redução das desigualdades.

Fotos em alta resolução (Flickr)

“Queremos preparar, pela primeira vez, um documento conjunto de todos os países que têm florestas para que a gente chegue unido na COP-28, nos Emirados Árabes, e possamos ter uma discussão séria com os países ricos, que desde 2009 prometeram liberação de 100 bilhões de dólares para criar um fundo de ajuda à manutenção da floresta e da preservação da diversidade. Se tem sido dado, tem sido tão disperso porque ninguém tem notado. Vamos continuar cobrando. O mundo precisa não apenas admirar a Amazônia, mas ajudar a preservar e a fazer desenvolvimento na Amazônia”, disse, durante o café da manhã no Palácio do Planalto.

Na opinião do presidente brasileiro, para preservar a floresta é preciso levar em conta que as pessoas que vivem nela – só no Brasil são 28 milhões – precisam trabalhar, comer, vestir, ter acesso ao desenvolvimento. “Precisamos de recursos para criar a chamada indústria verde, algo que possa gerar emprego sem que você violente o ecossistema.

DESMATAMENTO ZERO — Lula afirmou que será uma grande oportunidade de mostrar ao mundo que, se houver disposição, bom senso e vontade política, é possível fazer. Ele reafirmou o compromisso de o Brasil zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. Segundo ele, o combate ao crime organizado e ao narcotráfico, a proteção das florestas e o combate ao desmatamento serão tratados com muita seriedade.

“Queremos construir parcerias com todos os países. O Brasil tem 16,8 mil km de fronteira seca, não é pouca coisa e é preciso cuidar disso com muita competência. Você vai precisar da Polícia Federal, das polícias estaduais. Vai precisar do comprometimento do país com a questão da preservação”.

O presidente falou da valorização dos povos indígenas que vivem na região e destacou também a importância de a riqueza da biodiversidade da Amazônia ser estudada para ser aproveitada para o desenvolvimento da região.

“É incomensurável e ainda não sabemos o que tem. Precisamos pesquisar solo, subsolo, cada folha que a gente encontrar para a gente saber se pode desenvolver uma política industrial de fármacos e de cosméticos que possa permitir a gente trabalhar sem precisar destruir”.

DINÂMICA — O ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) detalhou como será a dinâmica do encontro. No primeiro dia, os presidentes sul-americanos conversam e elaboram um documento relativo apenas à região, no qual constará a colaboração da sociedade civil organizada (Diálogos Amazônicos) que terá reuniões entre os dias 4 e 5. Na sequência, representantes da República do Congo, da República Democrática do Congo e da Indonésia se juntam ao grupo para a definição de um documento comum sobre a proteção das florestas tropicais em geral. Desse grande encontro também participarão organismos internacionais.


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