BRASIL

Marcelo Odebrecht comandava pagamento de propina, diz procuradora

A procuradora Laura Gonçalves Tessler, da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou nesta terça-feira (22) que Marcelo Bahia Odebrecht, ex-presidente da empresa, "comandava a sistemática de pagamento de propina". A empreiteira é o alvo da Operação Xepa, 26ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta manhã.

"Outro elemento importante que nós verificamos foi a realização do sr. Marcelo Odebrecht diretamente no pagamento da propina. Há referências às iniciais do sr. Marcelo Odebrecht em planilhas apreendidas. Tanto as iniciais 'MBO', Marcelo Bahia Odebrecht, quanto 'DP', diretor-presidente. Essas duas referências são feitas na mesma tabela, o que deixa bastante evidente que de fato o coordenador, o responsável por aquela solicitação de pagamento indevido é Marcelo Odebrecht.", afirmou a procuradora em entrevista coletiva. Marcelo Odebrecht foi preso na Operação Erga Omnes, desdobramento da Lava Jato, em 19 de junho de 2015.

"Além das referências existentes nessas tabelas, as anotações constantes dos celulares do sr. Marcelo Odebrecht também se compatibilizam absolutamente com o que consta dessas tabelas. Para a gente reforça ainda mais a convicção de que o sr. Marcelo Odebrecht não só tinha conhecimento como comandava toda essa sistemática de pagamento de propina, inclusive teve participação de funcionários que foram levados para o exterior. Não apenas para fugir das investigações como para dar continuação a esse pagamento ilícito", disse a procuradora.

Em março deste ano, o empresário foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Na sentença, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações na 1ª instância, considera que houve fraudes nas licitações seguidas de pagamentos de propinas nas obras das refinarias Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e no contrato de fornecimento de Nafta da Petrobrás para a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht.

A Operação Xepa é um desdobramento da Acarajé, 23ª fase da investigação que atingiu o publicitário João Santana e sua mulher Mônica Moura. O casal trabalhou em campanhas eleitorais da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A força-tarefa da Operação Lava Jato também investiga uma "estrutura secreta" do Grupo Odebrecht usada para "pagamentos ilícitos". "Foram verificados indícios de pagamentos no exterior, de obras vinculadas a diretorias ligadas a Angola, Argentina, o que nos faz crer que existia de fato uma estrutura profissional de pagamento de propina dentro da Odebrecht. Não significava casos esporádicos, mas, sim, pagamento sistemático de propina", afirmou Laura Tessler.

Defesa

A Odebrecht confirmou, em nota, que a Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão em escritórios e residências de integrantes em algumas cidades no Brasil. "A empresa tem prestado todo o auxílio nas investigações em curso, colaborando com os esclarecimentos necessários", diz o comunicado.

Fernando Baiano

Algumas das planilhas apreendidas pela Polícia Federal identificam registros de pagamentos de valores, que para a Operação Lava Jato, seria propina do operador Fernando "Baiano" Soares, ligado ao PMDB.

O delegado Márcio Anselmo, da equipe da Lava Jato, afirmou que nos registros constam a entrega de valores em endereço vinculado ao nome "Gustavo". O endereço seria da empresa Hawk Eyes, que pertence a Fernando Baiano.

Delator da Lava Jato, ele confessou usar suas empresas para movimentar propinas para agentes públicos e políticos como o presidente da Câmara Eduardo Cunha. "Gustavo, coincide, com o nome do irmão de Fernando Soares", afirmou o delegado.

Há registros de entrega de R$ 1 milhão, numa planilha em que os valores chegam a mais de R$ 60 milhões.

IG


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