BRASIL

Marcos Medrado diz que indicação do filho solidificou o apoio a Rui Costa

O presidente do SDD (Solidariedade) na Bahia, deputado federal Marcos Medrado (SDD), abriu o jogo frente às negociações entre a legenda e a eleição majoritária deste ano. Medrado, além de analisar a conjunta política estadual e federal, afirmou que a indicação de seu filho, Diogo Medrado, para a Bahiatursa, foi uma oferta direta do governo Jaques Wagner (PT) e não um pleito da agremiação.
O assunto movimentou os bastidores políticos na última semana. Em fase de negociação do apoio ao candidato governista Rui Costa (PT), o parlamentar defende a aliança, mas ainda busca acalmar os ânimos do seu colega de Congresso, Arthur Maia (SDD), que demonstra um descontentamento ao governo petista e prega um rompimento. Sobre eleição nacional, escancarou sua predileção pela volta da candidatura de Lula (PT) para presidente no lugar de Dilma Rousseff (PT).

Tribuna da Bahia: O SDD (Solidariedade) havia declarado apoio ao PT e a Rui Costa, mas estavam insatisfeitos com a aliança. O que teria acalmado os ânimos?
Marcos Medrado: O governo cumpriu os compromissos, mesmo tarde, mas cumpriu com o Solidariedade. Então, já havia um descontentamento por parte do deputado Arthur Maia (SDD), por exemplo. Tivemos reunião da Executiva e ficou decidido que teríamos uma reunião com o pré-candidato do governo, Rui Costa (PT), e realinharmos nossa participação no governo. Isso foi feito e ainda não conversamos, o Arthur alega que o governo não chamou, mas é possível dessa conversa acontecer na próxima semana. Os compromissos do governo com o SDD (Solidariedade) atrasaram, mas o governo cumpriu todos.
Tribuna: Chegaram a fazer uma carta destacando a insatisfação com o governo do estado. Ela acabou com a posse de Diogo Medrado na Bahiatursa?
Medrado: Essa carta não tem relação. Na realidade, o compromisso do governo com a gente é uma posição nacional da Codevasf, indicação do deputado Arthur Maia, que também já foi cumprido, embora muito tarde, cinco ou seis meses depois. A posição da Bahiatursa foi uma oferta do governador Jaques Wagner (PT), que o próprio ofertou a indicação à gente, mas outras funções, como a posição de Luiz Argolo (SDD) [deputado federal] com a CAR e na Codeba, foram acertas. Demorou, mas foram cumpridas.

Tribuna: Como viu a indicação do seu filho, Diogo? Um processo muito desgastante?
Medrado: Sangrou muito por conta de influências que se tinha na Bahiatursa, não quero rememorar essas coisas, mas sangrou muito porque é um jovem de 26 anos e é o primeiro cargo público que ele recebe. Contudo, creio que daqui a cinco ou seis meses vocês da Bahia poderão perceber se ele tem capacidade ou não. Acho que ele é um quadro extraordinário, não vou dizer que ele é melhor ou pior do que ninguém, mas ele vai fazer uma bela gestão. O Solidariedade não pediu ao governador a Bahiatursa, o governador ofertou a indicação e depois foi aquele sangramento todo, mas graças a Deus está tudo superado.

Tribuna: Qual sua expectativa com relação à gestão de Diogo Medrado à frente da Bahiatursa, já que estamos em um período importante para o turismo, com a realização da Copa do Mundo e do São João?
Medrado: Acho que Diogo tem algumas tarefas, inclusive ele vem conversando muito com o trade turístico, e ele deverá vir com uma marca boa: a questão do Centro de Convenções, por exemplo, e outras ideias que estão na cabeça dele e que, passando pelo governador, vai conseguir fazer um bom trabalho. Em pouco tempo ele vai marcar a passagem dele pela estatal.

Tribuna: Apesar de o Solidariedade ser novo, ficou claro que já existe divergências. O partido está dividido?
Medrado: O partido tem três deputados federais. Luiz Argolo e eu, inclusive que sou o presidente da sigla, queremos um alinhamento com o governo, já o Arthur Maia quer conversar. Ele acha que não houve participação e atenção e clama por uma nova conversa com o governo ou até mesmo afastamento. Como é uma pessoa sensata, equilibrada e parceiro, acho que essa conversa vai acontecer e vamos arrumar nossa vida.

Tribuna: A que atribui a insatisfação de Arthur Maia?
Medrado: À morosidade do governo de se conseguir as coisas. Em certos aspectos ele tem razão. O governo demora muito para tomar uma decisão. Arthur é uma pessoa que tem a eleição dele garantida, graças a Deus, e tem amizades do outro lado, da oposição. Ele quer rediscutir essa conversa com o governo e vale a pena. Tem que conversar, pois a vida tem que ter conversa, mas tem que haver a atenção do diálogo e marchar junto até o final.

Tribuna: Chegou a buscar espaço na prefeitura na gestão de ACM Neto (DEM) ao invés de negociar com o governo?
Medrado: O prefeito ACM Neto (DEM) foi uma pessoa que sempre conversei, mas a respeito de mudar de apoio não. O pessoal de Neto, os mais jovens, tem uma preferência e uma admiração por Diogo. Chegou a surgir uma possibilidade de que se Diogo não fosse para Bahiatursa. Ele iria para a Saltur. Não é conversa de Neto, mas foi o ventilado nos bastidores, de pessoas próximas e amigos. Eu conversei e disse: ‘Eu tenho um compromisso com o governo. Se esse compromisso não fosse cumprido, eu não descartaria essa possibilidade.

Tribuna: Como viu a escolha da chapa da oposição: Paulo Souto, Joaci Góes e Geddel? Uma chapa competitiva? Pode colocar em risco a eleição de Rui Costa?
Medrado: Eu não esperava que houvesse união. Aí houve. Claro que a chapa é competitiva. Mas neste momento não acho que coloque em risco, pois acho que, na verdade, o governo precisa melhorar a área de comunicação. Existiram avanços na área de saúde, com a construção de hospitais, e na mobilidade, com a construção de diversas estradas. Mas eu não vejo um instrumento forte de divulgação, e peca por isso. Se Wagner conseguir contornar isso e mostrar bem o que fez e que fará e abrir as portas aos aliados, podemos reverter muito mais o quadro.

Tribuna: E como vê a pré-campanha de Rui Costa? Ele conseguirá tomar fôlego?
Medrado: Se o PT deixar, Rui toma fôlego e vai ser bem competitivo, agora, se o PT não engrenar em torno de Rui Costa, não estou dizendo que há alguma coisa contrária, mas se os aliados estiverem contemplados e satisfeitos eu tenho certeza que o nome de Rui será um candidato com chances grandes de vencer.

Tribuna: Como o senhor vê a pré-campanha? A estratégia atual está correta?
Medrado: A campanha ainda não começou. Cada qual tá falando e a gente tem acesso a pesquisas, mas não vi nenhuma ainda que possa ser considerada verdadeira. Essas coisas eu acho que vão acontecer mais 40 a 60 dias, e aí sim acho que vai ter resultado. Cada um tem indicadores dando vitórias ao seu lado. O verdadeiro, não vi nenhum ainda.

Tribuna: Acredita que Lídice da Mata (PSB) tirará votos do PT? Ela passeia no mesmo eleitorado e teve uma candidatura imposta pelo diretório nacional do PSB…
Medrado: Principalmente aqui em Salvador, Lídice tira voto tanto de Paulo Souto quanto de Rui Costa, natural. Ela é sempre bem votada na capital. Não chega a incomodar, mas tira votos. Mas eu acho que ela queria ser candidata. Nas conversas dela, antes de Eduardo Campos (PSB) se manifestar, ela já falava da possibilidade de candidatura. Não é só essa especulação de Campos, da pressão do PSB, Lídice tem esse desejo de ser governadora, mas não sei se decola.

Tribuna: O senhor tem uma vasta experiência política e está dentro do governo Wagner. Pelo que tem visto, o que acredita ser o maior erro e o maior acerto da gestão petista?
Medrado: Os acertos são os feitos que fez. Trabalhou muito: vários hospitais construídos, presídios, estradas… Uma marca forte do governo Wagner é o trabalho. Agora, na comunicação erra e peca ao não divulgar o que faz.
Tribuna: Esse erro pode dificultar no processo de eleição de Rui Costa? Falta identidade de uma marcar mais forte do governo do PT?
Medrado: Falta. Se não mudar, mas que tem tudo para mudar, mas ninguém tem coragem de falar como tenho.

Tribuna: Acredita que a segurança pública será um dos maiores gargalos do governo no período eleitoral?
Medrado: Segurança público é um ‘calcanhar de Aquiles’ de qualquer governo, seja São Paulo, Minas ou Pernambuco. É em qualquer lugar. O que acontece na segurança não é só na Bahia. Qual o governo que tem capacidade para estancar isso? Tem que ter programa, tem que ter gestão e acho que Maurício Teles Barbosa e o governador vão fazer algo mudar. É necessário que se tenha um projeto grande para estancar o problema.

Tribuna: A sensação de insegurança das pessoas é uma situação que atinge todas as classes sociais…
Medrado: Eu ando muito mais na periferia, onde moro, em São Tomé do Paripe, e vejo as casas de pessoas que têm comércios, mais parecem presídios. As pessoas ficam dentro de uma jaula. Com essa última greve da polícia, nem precisa revelar o que aconteceu, há mais intranquilidade que em tempos anteriores. Mas isso é uma questão para o Brasil.

Tribuna: O senhor diz que uma marca forte do governo Wagner é o trabalho. Agora, na comunicação erra e peca ao não divulgar o que faz. Tivemos greves da Polícia Militar, temos uma greve de mais de 100 dias da Educação. Isso vai pesar negativamente contra Rui Costa? Acha que a oposição saberá utilizar esses episódios para desgastar?
Medrado: A campanha política vem em cima dessas coisas. Não pode vir em cima da grande obra de construção de estradas que o governador fez, não vem nas construções de hospitais… Qual a marca negativa do governo, que não é só aqui? A segurança, a questão da saúde… se o governo der sopa, a oposição vai pegar isso. Quem tem que falar do ganho do governo é o próprio governo.

Tribuna: Acredita que Rui Costa vai imprimir uma marca, ou vai funcionar apenas como um defensor intransigente do governo?
Medrado: Ele é um grande amigo e um dos melhores aliados do governador. Rui tem posição. Acho que na hora que ele tiver essa autorização e sentir que tem que acontecer, ele vai saber conduzir tudo. Rui é um homem de decisão. Ele ouve e vai tomar suas medidas na hora correta.

Tribuna: O que vai ser colocado em discussão na eleição é a capacidade gerencial do PT. A gente tem aqui em Salvador o governo ACM Neto (DEM) imprimindo o ritmo de gestão e o modelo de gestão do PT sendo questionado. Acredita que vai ser um desafio
grande para o governo Wagner?
Medrado: O prefeito ACM Neto (DEM) tem um setor de comunicação muito bom. O governo da Bahia faz quase todas as obras em Salvador e quem aparece é o prefeito do DEM e sua equipe de comunicação que é melhor. Salvador é um canteiro de obras do governo do estado e pergunta a qualquer a pessoa: quem está fazendo a duplicação da Pinto de Aguiar? Quem tá fazendo a mobilidade urbana da cidade? É o governo do estado. Mas muitos dizem que é ACM Neto. É preciso mudar a comunicação, mudando, eu tenho certeza que o quadro muda.

Tribuna: Existe alguma reunião prevista do presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força, com o governador Wagner na terça-feira? Essa reunião está mantida? Qual o objetivo desse encontro?
Medrado: Tem uma solicitação do Paulinho para ter uma conversa com o governador. O teor desta conversa eu não sei, mas eles podem se encontrar na próxima semana em Brasília ou aqui em Salvador.

Tribuna: Tem clima para esse encontro, mesmo diante das críticas que Paulinho da Força fez contra a presidente Dilma no ato do 1º de maio em São Paulo?
Medrado: Desde a criação e fundação de partido que o Paulinho tem essa posição. Ele tem uma briga forte com a presidente Dilma, mas não tem com Wagner e nem com Lula. Dele com Dilma é uma questão pessoal e todos nós sabíamos disso quando fomos criar o partido. Nos estados seriam respeitadas as posições e a nível nacional ele já marcharia com Aécio Neves (PSDB). Assunto bem claro e que havia sido esclarecido. Paulinho foi quem pediu a conversa e não foi o governador. Esse diálogo selará o nosso apoio a Rui Costa na Bahia.

Tribuna: Quem o senhor acredita que levará a melhor para eleição de presidente da República, aqui na Bahia?
Medrado: Se a presidente Dilma não cair mais, eu acho que é ela. Se houve uma mudança e tem muita gente querendo Lula de volta, se conseguir mudar, a presidente Dilma ser substituída por Lula, aí não tenho dúvida de que Lula vence aqui disparado.

Tribuna: Acredita que é real a possibilidade de Lula voltar como candidato a presidente? Mesmo o PT tendo reafirmado o nome de Dilma?
Medrado: Eu acredito. A vida da gente é movida por vitórias. A presidente Dilma tem chance de ganhar: será ela. Não sendo, ninguém é maluco para torcer para quem vai perder. Eu sou favorável do presidente Lula e gostaria que ele voltasse, aceitaria de bom grado. E fortaleceria todas as candidaturas, inclusive, aqui na Bahia. É uma posição minha, isolada, não tenho essa influência de dizer que ele deve voltar. Eu vejo em Brasília muita gente falando “Volta Lula”.
Tribuna: Como o senhor vê essa movimentação do PT, inclusive, de alguns setores do partido na Bahia, defendendo o retorno de Lula? Isso fragiliza ainda mais a presidente Dilma?
Medrado: Fragiliza, mas não é porque esses grupos aliados estão querendo, mas é a fragilidade dela mesma com a economia, por exemplo. As coisas não vêm acontecendo para se ter vitória. Então o PT que pensa quer vitória e acha que Lula é melhor.

Tribuna: Qual o tamanho do Solidariedade e qual a expectativa para a próxima eleição?
Medrado: Nós temos três deputados, que deverão se reeleger, e vamos eleger um estadual ou dois. Melhoramos muito o quadro dos nossos deputados e temos candidatos fortes como Mário Nogueira, vereador mais votado em São Francisco do Conde. Temos aqui em Salvador o Geraldo Júnior que é uma pessoa forte e um Coronel de política que vai marchar conosco e que terá muitos votos.

Tribuna: A situação atual das notícias envolvendo o deputado Luiz Argolo pode dificultar a eleição dele de alguma forma?
Medrado: O deputado Luiz Argolo garante que não houve nenhum depósito do doleiro nas contas dele e que não tem nenhum envolvimento. Do ponto de vista de receber propinas e negócios, não tem. Eu acho que se tudo estancar até agora, ele tá salvo. Ninguém entrou com representação no Conselho de Ética e não havendo mais informações ele tá salvo. Tudo prejudica, pois os adversários começam a ir à base dele falar mal e ele é um sujeito muito preparado. Ele passa tranquilidade de homem sério.


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