BRASIL

Meteorologistas ajudam atletas a definir estratégia de competições

A estudante Joyce Carias Monção está no segundo semestre do curso de meteorologia, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e já faz um estágio que não estava previsto, justamente na área dela. “Aqui só veio confirmar que a meteorologia é tudo que quero. É uma boa experiência e um estágio que veio de presente para mim”.

Joyce se inscreveu como voluntária para os Jogos Olímpicos de 2016 e incluiu a informação de que estaria disponível para participar também dos eventos-teste. Por isso, foi chamada para o trabalho voluntário no Aquece Rio Regata Internacional de Vela, que ocorre na Baía de Guanabara. A competição começou no sábado (15) e terminará no próximo fim de semana.

As embarcações partem da Marina da Glória, na zona sul da cidade. Foi lá que a estudante teve a boa notícia de que atuaria no escritório montado dentro de um contêiner, instalado no local onde os meteorologistas da Marinha e do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, (Cptec), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, estão preparando dados que ajudam os atletas a definir suas estratégias para a competição, como velocidade do vento, temperatura, possibilidade de chuva. Por dia, são produzidos dois boletins para a Federação de Vela – um às 9h e um às 18h, além de outro, que é apresentado para os responsáveis pelas delegações dos atletas.

“É uma responsabilidade muito grande. É um momento em que você vê que a meteorologia é muito importante”, disse a estudante.

PREVISÃO DO TEMPO

Para os meteorologistas, também é uma oportunidade de acrescentar experiências e entender a necessidade dos atletas. Alexandre Gadelha contou que é a possibilidade de juntar o conhecimento de meteorologia, que ele já tem, com as particularidades da área do evento. “Para entender em que momento o vento gira, qual o comportamento da entrada e saída das correntes na Baia de Guanabara. Isso tudo é muito particular. Então, é preciso fazer a previsão e entender a dinâmica da atmosfera e do oceano para ter boas previsões no ano que vem”.

Gadelha informou que nesta semana puderam fazer novos modelos de avaliação, após mudanças inesperadas nas condições climáticas. “O papel do evento-teste é esse, o nosso é aprender as peculiaridades da área onde vão ocorrer as regatas e entender o que acontece para que, no ano que vem, a gente possa executar uma previsão mais acurada”.

Outro que está empolgado com o trabalho é o meteorologista Marcos Viana. Para ele, a integração com meteorologistas de outros órgãos também é um ganho profissional. “Facilita muita coisa. No Cptec, a gente é mais voltado para a meteorologia com previsão de continente, e a Marinha, mais oceânica. Essa integração é bem legal entre as duas instituições porque cada uma passa uma experiência do foco da função. A gente alia as duas coisas”.

AUTORIDADE PÚBLICA OLÍMPICA

A coordenação do trabalho e responsabilidade pela estrutura do sistema instalado no escritório é da Autoridade Pública Olímpica (APO). O presidente em exercício da APO, Marcelo Pedroso, informou que esse tipo de coleta de dados começou a ser feito no ano passado durante a Regata Internacional de Vela, disputada no mesmo local. De lá para cá, segundo o presidente, houve avanços. Por meio de parceria com o Cptec, foram instaladas duas boias meteoceanográficas na Baía de Guanabara e uma terceira está em manutenção, mas nos Jogos todas serão utilizadas.

“Estão permitindo a gente ter dados com abrangência muito mais apurada do que tivemos no ano passado. É a principal evolução. A gente conseguiu ter informação que é compatível com aquela que o COI necessita. Ampliou a capacidade de entrega de dados meteorológicos para municiar as equipes nas suas estratégias de competição”, acrescentou Pedroso.

Ele informou ainda que cada área de competição terá uma base de suporte meteorológico, que contará também com profissionais do Instituto Nacional de Meteorologia, do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio. “Como há parceria com todos esses órgãos, a gente tem trabalhado no sentido de que todos forneçam pessoal para montar uma equipe e atender às necessidades que a gente tem para as Olimpíadas”, esclareceu.

Segundo a APO, nos Jogos Olímpicos 2012, disputados em Londres, por causa da previsão do tempo, os organizadores decidiram não fechar o telhado de Wimbledon, para a final do tênis. Aqui no Rio, o trabalho dos meteorologistas também influenciou a programação do evento-teste de remo, que se realizava na Lagoa. As previsões indicaram que as condições do vento não seriam adequadas e a competição foi encerrada um dia antes, sem prejuízo para a disputa dos atletas. Lá também foi montado um escritório, de onde diariamente eram divulgados os relatórios com as previsões.

Agência Brasil


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