BRASIL

Ministros de Relações Exteriores e de Meio Ambiente de países amazônicos alinham consensos em Belém

Chanceler brasileiro, Mauro Vieira, diz que proteção da floresta e desenvolvimento da região exige compromisso e coordenação estreita entre nações da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica

Antes de os presidentes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) se sentarem para a Cúpula da Amazônia, dias 8 e 9 de agosto em Belém (PA), ministros das Relações Exteriores e do Meio Ambiente de Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela adiantaram parte dos entendimentos em reunião nesta segunda-feira (7/8), na sede do governo paraense.

Nosso objetivo é reativar canais de diálogo com os países da região para que, por meio da cooperação, possamos encontrar juntos soluções para os nossos desafios comuns em benefício da população”

Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores

Em pronunciamento à imprensa, o chanceler Mauro Vieira disse que os países que fazem parte do bioma importante e estratégico, onde vivem cerca de 50 milhões de pessoas, devem liderar iniciativas para cuidar da região que, segundo ele, exige compromisso forte e coordenação estreita das nações donas dos territórios.

“Nosso objetivo é reativar canais de diálogo com os países da região para que, por meio da cooperação, possamos encontrar juntos soluções para os nossos desafios comuns em benefício da população”, disse o ministro. Ele lembrou que o presidente Lula prioriza a Amazônia e o combate à criminalidade e à mudança climática e tem compromisso com o desenvolvimento sustentável em todas as dimensões: econômica, social e ambiental.

Mauro Vieira contou que, num segundo momento, nesta tarde, ministros da República do Congo, da República Democrática do Congo e da Indonésia, detentores de grandes florestas tropicais, participarão do encontro. A dinâmica dos dois próximos dias será similar. No primeiro dia, encontro entre os chefes de Estado dos países da OTCA, que vão assinar a Declaração de Belém. No segundo dia, representantes dos países convidados e instituições convidadas.

A Declaração de Belém, segundo o ministro, vem sendo negociada há um mês e será afinada no encontro entre os presidentes. A ela serão incorporadas as sugestões dos Diálogos Amazônicos, que reuniu cerca de 27 mil pessoas de diferentes países e representações sociais, mas principalmente comunidades amazônicas, entre os dias 4 e 6 de agosto.

Segundo o ministro, os Diálogos demonstraram o interesse de quem vive e conhece a Amazônia em entender os desafios e possibilidades existentes para o desenvolvimento sustentável da região, a proteção do bioma, a redução das desigualdades e a promoção da inclusão social.

A ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, destacou a importância da participação social e elogiou a escolha do presidente Lula de fazer a Cúpula da Amazônia em dois trilhos, o governamental e o da sociedade civil.

Para ela, os pontos centrais são combater desigualdades, não permitir chegar a um ponto de não retorno e trabalhar conjuntamente em um novo modelo de desenvolvimento para a região, capaz de gerar um ciclo de prosperidade e redução de desigualdades.

“Não dá mais para os governos acharem que vão fazer as coisas unilateralmente para as pessoas, as empresas e a sociedade. Terão, necessariamente, que fazer com as pessoas”, disse, acrescentando que o trilho da sociedade civil, com os Diálogos Amazônicos, foi um grande sucesso.

CONTEXTOS – Na opinião de Marina Silva, o contexto da região amazônica mudou nesses 45 anos de existência da OTCA e, hoje, a realidade é de um bioma drasticamente ameaçado e que não pode chegar a um ponto de não retorno. Por isso, disse, é impossível reverter o processo de degradação da região trabalhando de forma isolada.

As políticas para a Amazônia, acrescentou, devem ser orientadas por evidências científicas. “Não é momento de termos atitudes erráticas. Qualquer decisão que não considere a ciência pode cometer erros irreversíveis e com grandes prejuízos. Vamos trabalhar para dar suporte técnico e científico para não chegarmos a um ponto de não retorno”, disse, defendendo o fortalecimento da OTCA para dar suporte técnico e encaminhamento às decisões tomadas.

De acordo com a ministra, é preciso trabalhar um espaço multilateral global para que haja envolvimento de todos os países na busca por um mundo mais sustentável. “Mesmo que consigamos reduzir o desmatamento em 100%, se o mundo não parar com as emissões de combustíveis fósseis, vamos prejudicar a Amazônia de igual forma”.


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