ECONOMIA

Movimentos contrários sobre taxas de juros nos EUA e Brasil era esperado; especialistas analisam cenários

Da Redação RNE

 

 

Enquanto o Federal Reserve (FED) banco central norte-americano baixou as taxas de juros, depois de um hiato de quatro anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou em 0,25 pontos percentuais os juros básicos da economia brasileira, sendo essa a primeira vez em dois anos.

 

 

Na análise de economistas da GEP Costdrivers, o aumento da taxa no Brasil vai de encontro com a tentativa de conter a desvalorização do real e o aumento dos preços de produtos importados. Isadora Araújo avalia, no entanto, que os caminhos opostos para EUA e Brasil, terão um impacto sobre o índice global de commodities e produtos importados.

 

 

Entre os efeitos relacionados ao corte, deve haver uma pressão de alta sobre os preços de commodities no âmbito global, tendo como base as variações mensais do CRB (índice que acompanha o valor tanto de commodities agrícolas, metálicas quanto energéticas).

 

 

Estatisticamente falando, a taxa de juros americana tem alto poder explicativo sobre o índice de commodities. Com a redução, deve haver um estímulo da demanda por matérias primas, resultando em uma elevação de preços que deve refletir no índice global”, avalia.

 

 

Conter a desvalorização cambial é uma iniciativa fundamental por parte do BC para frear possíveis repasses do aumento de preços de produtos importados – itens que o Brasil é altamente dependente para abastecer diversos setores como a indústria de químicos, complementa a economista. Além disso, segundo a economista, há a percepção dos agentes financeiros em relação a economia brasileira e a tendência de déficit fiscal para esse ano.

 

Efeitos no Mercado Futuro

 

 

Para o CEO e fundador da Anova Research, Paulo Martins, a decisão de aumentar a Selic em 0,25 p.p. já estava amplamente prevista pelo mercado, mas o que poucos antecipam é o cenário de longo prazo. 

 

 

“Nossa leitura é que, apesar desse movimento de alta, os grandes players já se posicionaram de forma estratégica para desovar posições no mercado de juros futuros (especialmente no DI1F27), antecipando uma queda gradual nas próximas semanas. Essa ação premeditada aponta que o ajuste de 0,25 p.p. é mais uma formalidade do que um indicativo de tendências futuras mais agressivas”, pontua.

 

 

Segundo Martins, no mercado de dólar, a recente queda significativa já reflete a antecipação do corte agressivo pelo FED. “E esperamos que o dólar continue pressionado para baixo, especialmente se houver tentativas de retorno à região de 5,60-5,70. O índice futuro, por sua vez, pode passar por uma correção leve, mas estamos construtivos em que essa correção abrirá uma grande janela de oportunidade, com recuperação rápida nas próximas semanas”.

 

 

Paulo Martins prevê ainda alguns desdobramentos já esperados como pequenos ajustes imediatos nos Juros Futuros (DI1F27) que, segundo o especialista,  o cenário preditivo aponta para uma queda consistente nas semanas seguintes, com desovas dos grandes players.

 

 

Setores Estratégicos como Energia e Saneamento devem se valorizar significativamente no médio prazo, já que grupos de maior poder financeiro compraram esses papéis antecipando esse cenário.

 

 

“O mercado, ao perceber a resiliência desses setores, verá uma alta expressiva à medida que a inflação retorne e os investidores busquem proteção”.


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