BRASIL

Movimentos de esquerda prometem “parar o Brasil” com novos protestos nas ruas

A promessa ao fim da passeata que reuniu dezenas de milhares de pessoas na quinta-feira (20), em São Paulo, foi unânime entre seus organizadores: tomar as ruas com novas manifestações e parar o Brasil. No entanto, ainda não existe um plano estabelecido entre os grupos de como voltar a juntar um número tão grande de pessoas quanto o registrado no trecho de 7 km entre o Largo da Batata e a Avenida Paulista, o trajeto do protesto.

De acordo com a Polícia Militar, 40 mil pessoas estiveram presentes na passeata na quinta-feira; para os organizadores, foram 100 mil. Independente da método de contagem, foi o maior dos atos de rua já feito pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) – convocado em parceria com cerca de 30 grupos, entre eles a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Nacional dos Estudantes (UNE). Os protestos ocorreram em 11 capitais, além do Distrito Federal.

Veja como foi o protesto em São Paulo:

"O MTST se volta agora para a promessa da presidente do lançamento do Minha Casa Minha Vida 3, marcado para 10 de setembro. Se não sair, na semana seguinte vamos parar este País, pode escrever. Vamos para cima mesmo", afirmou de forma enfática Guilherme Boulos, principal liderança do grupo, após o ato.

Horas antes, no mesmo caminhão onde o principal líder do MTST discursou ao longo da noite, João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), usou o mesmo termo para convocar os manifestantes também para um novo protesto. Mas não em prol do programa habitacional defendido por seus colegas Sem-Teto, mas, sim, para fazer frente aos atos contra Dilma Rousseff.


A CUT também prometeu manifestações com a mesma bandeira para o próximo mês e recebeu o apoio de outras organizações, como a União Nacional dos Estudantes (UNE). “"Estamos enterrando o golpismo e os estudantes do País vão às ruas fazer valer nossos direitos e lutar contra os projetos que atrasam o Brasil, como a redução da maioridade penal", discursou a presidente da UNE, Carina Vitral."Os coxinhas anunciaram um protesto [em Brasília, organizado pelo Revoltados Online] para o dia 7 de setembro, então nós também vamos fazer o nosso! Porque este é o dia [no qual se comemora a Independência do Brasil] do grito dos excluídos e não do grito dos coxinhas", discursou ele. "Vamos às ruas com nossas bandeiras e foices para enfrentar essa direita fascista."

Apoio ou repúdio
Enquanto, de um lado, estudantes e idosas exaltavam o nome de Dilma com faixas com o rosto da presidente, bandeiras do PT e cantarolando marchinhas e gritos de ordem em sua defesa, no caminhão principal do ato o MTST batia forte na Agenda Brasil – acordo do governo federal com o Senado para isolar Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados – e contra as medidas econômicas de Joaquim Levy.

Já bastante criticado em protestos anteriores, desta vez Levy foi atacado de forma tão veemente quanto nomes execrados há muito pelos manifestantes, como o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, e, principalmente, Cunha. Bonecos do ministro da Fazenda eram atacados a socos por alguns presentes, que gritavam para queimá-lo. Cartazes contra suas políticas econômicas também proliferavam ao lado de outros chamando Cunha de caçador de direitos e Dilma de eliminadora dos programas sociais.  

Apesar de se propor como um contraponto aos atos anti-Dilma, o manifesto do protesto desta quinta-feira, assinado pelos grupos organizadores, não cita em nenhum momento o nome da presidente ou a palavra golpe para classificar as manifestações pelo impeachment. Fala-se em democracia e liberdade, mas não na defesa da presidente, apesar de ter sido a marca do discurso de muitas lideranças ao longo de quinta-feira. Ainda não existe um consenso em relação ao tema.

"Sabemos que há críticas ao governo aqui hoje, por isso não assinamos o manifesto. Ainda assim, quem está aqui é contra o golpe. Isso é preciso deixar claro", avaliou ao iG o presidente nacional do PT, Rui Falcão, que convocou militantes da sigla a marcarem presença nos atos. Deputados federais e estaduais da sigla também compareceram, assim como políticos de outros partidos de esquerda, como PSTU, PCO e PCdoB.

Diferente do que pediam os movimentos anti-Dilma no domingo, no entanto, Boulos não vê com bons olhos o apoio de partidos. Especialmente daquele que comanda o governo federal. "O PT apoiou o ato por conta própria, não gostamos de qualquer ligação partidária e não admitimos que o partido coloque o bedelho na política do MTST. Se o Minha Casa Minha Vida 3 sair, não importa, continuaremos indo para as ruas e pressionando por outras demandas, já que são tantas, para fazer a verdadeira reforma social que este País precisa", garantiu Boulos. "Para nós, é golpe tentar derrubar a presidente por vias escusas, mas também é golpe este pacto obsceno que ela fez com o Senado, chamado Agenda Brasil.”

Unanimidade mesmo só em relação ao manifesto assinado pelos grupos, cujas principais bandeiras são ser contra o ajuste fiscal e em favor de que os ricos paguem pelos prejuízos da atual crise econômica, não os trabalhadores; contra as pautas conservadoras do Congresso Nacional e em favor da queda de Eduardo Cunha, denunciado ao Superior Tribunal Federal nesta quinta-feira sob a acusação de receber de propina em um negócio de compra de plataformas petrolíferas da Petrobras; e as defesas das reformas tributária, urbana, agrária e educacional, “da democratização das comunicações e da reforma democrática do sistema político para acabar com a corrupção e ampliar a participação popular”.

Nos discursos também houve unanimidade em relação às críticas à Polícia Militar, motivadas pela chacina que deixou 18 mortos na Grande São Paulo na semana passada, cujos principais suspeitos são grupos de extermínio formados por PMs. Ainda na concentração, no momento da abertura do ato, Natália Szermeta, coordenadora do MTST, dedicou o protesto às vítimas e pediu um minuto de palmas a elas, citando seus nomes uma a uma.

Ato contra o impeachment em São Paulo. Foto: David Shalom/iG São PauloManifestação contra o impeachment de Dilma, no Largo da Batata, em São Paulo
. Foto: Paulo Pinto/ Agência PTAto contra o impeachment em São Paulo. Foto: David Shalom/iG São PauloAto contra o impeachment em São Paulo. Foto: David Shalom/iG São PauloRui Falcão, presidente do PT. Foto: David Shalom/iG São PauloAto contra o impeachment em São Paulo. Foto: David Shalom/iG São PauloAto contra o impeachment em São Paulo. Foto: David Shalom/iG São PauloAto contra o impeachment em São Paulo. Foto: David Shalom/iG São Paulo Manifestação contra o impeachment de Dilma, no Largo da Batata, em São Paulo
. Foto: Paulo Pinto/ Agência PTSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São PauloSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São PauloSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São PauloProtesto CUT 20/08. Foto: David Shalom/iG São PauloSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São PauloSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São PauloSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São PauloSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São PauloSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São PauloSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São PauloSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São PauloSob garoa, ato de esquerda mira Cunha e traz críticas veladas a Dilma. Foto: David Shalom/iG São Paulo


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