BRASIL

Múcio diz que falou com Moraes sobre indicação ao Exército e cobra Bolsonaro sobre atos antidemocráticos

Por Cézar Feitoza | Folhapress

Foto: Divulgação / Tribunal de Contas da União

O futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta sexta-feira (9) que conversou com o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para explicar a escolha dos comandantes das Forças Armadas.

 

Aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levantaram dúvidas sobre o general Júlio César Arruda, escolhido para comandar o Exército, considerado bolsonarista por uma ala da transição.

 

Segundo Múcio, após as ressalvas apresentadas contra Arruda serem esclarecidas, ele foi até Moraes para explicar como se deu a definição do futuro comandante da Força.

 

“Eu fui ao Alexandre [de Moraes] dizer que me responsabilizava pela minha escolha –e tenho absoluta certeza que fiz o certo. Ele [Arruda] é uma pessoa comprometida com o Exército, oficial da Arma de Engenharia, respeitado por todos”, disse à GloboNews.

 

Múcio seguiu o critério de antiguidade para definir os comandantes das três Forças Armadas. Além de Arruda, foram anunciados os nomes do almirante Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e do brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno (FAB).

 

Na entrevista, o futuro ministro da Defesa também cobrou do presidente Jair Bolsonaro (PL) uma declaração para desmobilizar apoiadores que pedem um golpe militar contra a posse de Lula.

 

“Você imagine um comandante de batalhão, com cem pessoas enrolados na bandeira em sua frente. Qual é o fim disso? Eu, por exemplo, respeito demais o presidente [Bolsonaro], mas ele poderia dizer: guardem as bandeiras, nós nos reencontraremos em 2026. [Esta seria] uma atitude democrática”, disse.
“Essas pessoas estão aguardando o quê? Eu respeito, tenho um monte de parente que está lá, enrolado em bandeira. Com que intuito? Estimular um golpe? Acho uma coisa extremamente perigosa para o país”, completou.
Múcio disse que tem conversado com oficiais-generais da ativa e da reserva e que as Forças Armadas já demonstraram não apoiar “nenhum movimento” golpista contra a democracia.

 

Ele afirmou que cada oficial tem sua preferência política e que há, nas três Forças, divisão entre apoiadores de Lula e Bolsonaro. Para Múcio, no entanto, o desafio é despolitizar as Armadas.

 

“Evidentemente, precisamos colocar as coisas em seu devido lugar. As Forças Armadas são instituições do Estado brasileiro, não de quem está comandando o estado brasileiro.”
O futuro ministro disse que conversou com Bolsonaro pelo menos duas vezes após a derrota para Lula e o descreveu como um “homem abatido, resignado talvez, mas não conformado”.


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