BRASIL

Mudanças no Senado faz Haddad ter mais R$ 5 Bi para obras

Nos dois primeiros anos de sua gestão, a serem completados na virada de 2014, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pode dizer que passou (quase) a pão e água. De saída, viu sua proposta de reajuste de IPTU ser solapada por iniciativa do presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Com a perda bilionária de receita, ele precisou cortar mais de R$ 100 milhões de investimentos na construção de creches e outros R$ 118 milhões no estabelecimento de convênios educacionais com entidades privadas. Além disso, ordenou reduções de investimentos nas as áreas de Saúde (R$ 146 milhões), Transportes (R$ 131 milhões), Obras (R$ 50 milhões) e também na Secretaria de Governo (R$ 40 bilhões) no orçamento para 2014. Agora, porém, o quadro mudou. Com a nova regra de indexação pela Selic, São Paulo deve recuperar até R$ 5 bilhões em capacidade de fazer contrapartidas a investimentos federais, o que pode representar uma injeção equivalente ao dobro dessa quantia na cidade nos próximos dois anos.

Até aqui, reclamando da falta de verbas, Haddad procurou centrar sua gestão no setor de Transportes, com a ampliação de faixas exclusivas para ônibus, e ações criativas como a implantação de ciclovias. Na mesma linha, o prefeito tentou se aproximar de movimentos populares por moradia, buscando apoiar a desapropriação de prédios abandonados no centro da cidade, e percorrer diariamente, pelas manhãs, a periferia da cidade, para incentivar ações localizadas. Doravante, poderá fazer mais.

Aos poucos, a partir de um comportamento avesso a factoides, mas despojado de pompa e circunstância, ele tem conseguido elevar seus percentuais de popularidade. Em setembro, pesquisa Datafolha mostrou que o índice dos paulistanos que consideram sua gestão nos conceitos 'ótimo/bom' subira de 15%, em julho, para 22% dois meses depois. Mas a soma de opiniões 'ruim/péssimo' ainda era superior, alcançando 28% contra 47% no levantamento anterior. Entre os extremos, 44% opinaram que a gestão dele era 'regular'.

A tendência, com mais verbas, é a de Haddad crescer ainda mais rapidamente em novos levantamentos – o que já adianta, para 2016, um páreo duro para os adversários que despontam.

No próprio PT, a ex-prefeita Marta Suplicy – sem dúvida a maior cabo eleitoral de Haddad na eleição de 2010, depois de ter sido preterida pelo ex-presidente Lula para ser ela mesma a candidata do partido – já avisou que pretende concorrer. Demissionária do Ministério da Cultura, Marta fez saber ao próprio Lula que pretende disputar a indicação do partido para a sucessão do prefeito. Com Haddad fortalecido, a missão dela ser tornará bastante complexa.

No PSDB, o vereador Andrea Matarazzo avisa que igualmente está disposto a qualquer sacrifício para tentar chegar à Prefeitura. Ele que já foi secretário das Subprefeituras na gestão de José Serra, admite até mesmo deixar o partido dos tucanos para enfrentar Haddad.

Mas é pela via da direita que o prefeito petista pode encontrar seu adversário mais complicado. Depois de uma performance, nas eleições municipais de 2010, na qual liderou quase toda a disputa, o deputado federal Celso Russomano, do PRB, conseguiu nada menos que 1,5 milhão de votos em outubro. Foi o campeão do pleito. Dois anos atrás, ele perdeu posições para o tucano José Serra e o próprio Haddad na reta final da disputa municipal, mas agora já se sente renovado para tentar o poder outra vez.

Há, ainda, o ultimamente sempre candidato Paulo Skaf, que teve bom desempenho na eleição para governador, ficando em segundo lugar à frente de Alexandre Padilha, do PT. Skaf também considera deixar seu atual partido, o PMDB, para chegar ao cargo executivo da maior cidade do País.

O certo é que, mesmo como todos estes no seu encalço, Haddad vai ganhar impulso com a nova fórmula de cálculo da dívida municipal – e de prefeito de baixa popularidade, será mesmo o nome a ser vencido.

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