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Mulher trans foi assassinada por jovem em crime de ódio: ‘ele disse que ela queria ser o que não era’, diz delegada

Nesta segunda (26), a polícia detalhou como ocorreu a morte de Crismily Pérola, em 5 de julho, no Recife. Delegada disse que rapaz, adolescente, que foi apreendido, deu tiro, bateu com pá e arrastou vítima por 20 metros.

 

A Polícia Civil detalhou, nesta segunda (26), como ocorreu o assassinato de uma mulher trans, na Zona Oeste do Recife, em 5 de julho. Segundo a delegada Euricélia Nogueira, o adolescente que foi apreendido pela morte de Crismily Pérola, de 37 anos, cometeu um crime “por puro ódio”. A policial disse que o rapaz alegou que matou a vítima, “porque ela queria ser o que não era”.

 

“Ele ficou chateado, porque só um tiro a atingiu. Então, pegou uma pá, agrediu mais a vítima, porque ela ainda estava viva. Não achando suficiente, arrastou Crismilly por aproximadamente 20 metros, até jogar em um rio. A vítima não deu causa a nada. Ela estava numa festa e o menor se incomodou com a sua presença”, afirmou a delegada.

 

Os detalhes das investigações foram revelados durante entrevista coletiva concedida na sede da Polícia Civil, na área central do Recife, nesta segunda.

Segundo Nogueira, o inquérito foi concluído e remetido para a Justiça, que determinou a busca do adolescente. O rapaz foi apreendido na sexta-feira (23). A delegada disse que “os detalhes foram extremamente chocantes”.

 

Ainda segundo a policial, o adolescente, que não teve o nome divulgado, chegou a uma festa que acontecia na Avenida Melvin Jones, na Comunidade Beira Rio, no bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife. Neste local, relatou ter encontrado Crismilly e se incomodado com a presença dela.

A delegada contou que o rapaz mandou a vítima sair do local, mas ela se negou. “Ele, então, foi buscar a arma usada no crime e voltou para praticar a série de agressões contra a mulher trans”, afirmou Nogueira.

De acordo com a delegada, a suposta desavença entre os dois, por causa de tráfico de drogas, não foi confirmada.

 

“Ela era usuária de drogas, mas não era traficante. E o autor também não. Ela não devia nada a ele. O crime não foi motivado pelo tráfico. Foi um crime cuja motivação foi realmente transfobia”, explicou a delegada.

 

A delegada afirmou, na coletiva, que a violência contra Crismily foi presenciada por várias pessoas, mas ninguém fez nada para evitar o pior.

 

“Ninguém prestou nenhum tipo de socorro a ela. Todo mundo viu o menor atirar, machucá-la com a pá, arrastar e jogar o corpo no rio. O corpo dela só foi retirado no dia seguinte. As pessoas viram, sabiam, mas nada fizeram”, afirmou Nogueira.

*g1pe


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