PERNAMBUCO

Mulheres ganham força no agro do Sertão de São Francisco

Por Adriana Amâncio

 

A participação das mulheres no agronegócio vem crescendo. Segundo dados da Associação Brasileira do Agronegócio, 31% das propriedades rurais brasileiras são chefiadas por mulheres. Em muitos casos, no passado, elas atuavam como ajudantes nesses empreendimentos produtivos, conduzidos de forma tradicional, pelos pais e avós.

 

 

Ao herdarem a produção, muitas dessas produtoras romperam as porteiras da propriedade em busca de conhecimento técnico, inovação e crescimento econômico. Ao adotarem essas novas práticas, turbinam os lucros e alçam a produção artesanal a escalas de médio e grande porte.

 

 

Criação de ovinos

 

A produtora Samila dos Humildes, de 30 anos, nasceu em uma das muitas famílias produtoras de ovinos do Sítio Alagoinha, em Dormentes, no Sertão do São Francisco, a 752 km do Recife, considerada a principal cidade de criação de ovinos de Pernambuco. Desde os 12 anos, ela ajudava o pai com o rebanho.

 

 

Após participar de cursos de técnicas de produção e melhoramento genético, a jovem descobriu que a produção herdada do pai tinha potencial de ir além do fornecimento de carne para o consumo da família e de gerar um complemento de renda.

 

 

Ela adotou uma série de técnicas inovadoras de manejo e aumentou os lucros para a ordem de R$ 120 mil. Dessa forma, adquiriu um veículo e foi percorrer grandes feiras exibindo a sua produção.

 

 

Melhoramento genético

 

Em 2016, vencendo a resistência dos pais, ela investiu na infraestrutura para o confinamento, técnica que possibilita que os animais sejam criados e engordem mais rápido.

 

 

Com o sistema semi-intensivo, em seis a oito meses, eles estavam prontos para a venda. Antes, durava até 14 meses. Dois anos mais tarde, em 2018, após realizar diversos cursos no Sebrae/PE, ela iniciou a técnica de melhoramento genético, realizando o cruzamento de um reprodutor Pura de Origem (P.O.) da raça Dorper com as matrizes ovinas sem raça definida, o que resultou em animais com maior carcaça e mais robustos.

 

 

Outro passo importante foi participar do Super Berro, um programa de apoio técnico ao pequeno produtor de ovinos e caprinos realizado pelo Sebrae/PE. Essa iniciativa garante orientação sobre produção de silagem, vacinação e todo o manejo do rebanho.

 

 

Foi através deste programa que ela adquiriu 30 embriões para dar mais um passo importante na sua trajetória: a produção e comercialização de reprodutores P.O. Dorper. Samila passou a inseminar os embriões nas ovelhas fêmeas, gerando machos puro sangue Dorper, que passaram a ser comercializados para outros criadores, interessados em atuar com melhoramento genético.

 

 

Inspiração para outras mulheres

 

O sucesso de Samila tem inspirado a criadora de ovinos Maria Maralina, de 42 anos, moradora do Sítio Soturno, também em Dormentes. Ela possui uma criação de ovelhas, há anos, mas trabalha de forma tradicional.

 

Com isso, todo o seu potencial de produção ainda não é aproveitado. A produção, voltada para o corte e revenda, leva em média 14 meses para ficar pronta. Após algumas conversas com Samila, Maria resolveu iniciar a implementação de algumas mudanças no manejo do rebanho, a exemplo do uso da ração concentrada, com uma quantidade maior de proteína. Outra mudança implementada foi o armazenamento de silagem para manter a ovelha nutrida, mesmo nos períodos de estiagem.


Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Recomendamos pra você


Receba Notícias no WhatsApp