POLÍTICA

“Não sou do tipo que se recolhe diante do ódio”, diz Jean Wyllys

O deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) divulgou um vídeo nesta quinta-feira (29) para explicar e se defender do acalorado bate-boca com o parlamentar João Rodrigues (PSD-SC) durante sessão no Plenário. A confusão ocorreu na noite desta quarta-feira (28).

No vídeo, o deputado do Psol afirma que “os tempos estão mudando mesmo, existe uma cultura política se transformando, existem novos fatores sociais emergindo, existe um mundo em mutação. E às vezes o sistema político se enrijece e não se abre para essas mudanças. Por isso tantos ataques não só a mim, mas a outros lutadores por justiça social e direitos humanos, por isso tanta difamação e tanto ódio. Mas eu não sou do tipo de pessoa que se recolhe diante do ódio e do fascismo, eu sou um cara de luta”, afirmou.

Nesta quarta-feira (29), os deputados trocaram ofensas no Plenário após Rodrigues acusar Wyllys de ter chamado de bandidos os parlamentares que defendem a proposta que revoga o atual Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03) para criar o Estatuto de Controle de Armas de Fogo (PL 3722/12).

“Posso até ser criticado pelas minhas posições, mas vindo do senhor é um elogio, porque um parlamentar que defende a liberação das drogas e o perdão para traficantes, um parlamentar que defende que o adolescente pode trocar de sexo sem autorização dos pais. Isso é não é deputado, é a escória da política desse País”, disse Rodrigues.

Em resposta, Wyllys disse que Rodrigues não tem moral para criticá-lo. “Homens decentes não assistem vídeo pornô em plena sessão plenária; homens decentes não são condenados por improbidade administrativa, por roubar dinheiro público como o deputado foi. Quem não tem moral para representar o povo, é ladrão”, disse o deputado e acrescentou: “resta saber se o vídeo que o senhor assistia era homossexual ou heterossexual”.

Nota do Deputado no  Facebook:

NOVÍSSIMA CRÔNICA DO ABSURDO (ABSURDO MESMO!)

Há pouco, no plenário da Câmara, a Deputada Federal Jô Moraes me chamou para mostrar o boletim da Comissão de Relações Exteriores, da qual fazemos parte. Estávamos alí, analisando a publicação, quando o deputado João Rodrigues (PSD-SC) chegou bem próximo de mim e me abordou [pra quem ainda não sabe quem ele é, eu informo que é aquele cujas falas em favor da morte de "bandidos", chamando-a de "faxina", eu critiquei em postagens anteriores; e também aquele que foi flagrado, em plena sessão, assistindo a um filme pornô]. O breve "diálogo" que se seguiu foi mais ou menos o seguinte:

João Rodrigues: Você me conhece? Você sabe quem eu sou?

Eu: Nunca lhe cumprimentei nem me apresentei pessoalmente, mas, sim, sei quem você é.

João Rodrigues: Então, você tome cuidado com o que você fala a meu respeito. Você postou, colocando a minha foto, que "bandido bom é bandido de gravata e com gabinete". Você não me conhece…

[Ele achava que eu me intimidaria. Perdeu o chão quando olhei em seus olhos e reiterei tudo que eu escrevi sobre sua fala de tons fascistas e acrescentei:]

Eu: …E, por fim, alguém precisava relativizar sua fala; afinal, você foi denunciado pelo Ministério Público por aquilo que o órgão considera crime.

João Rodrigues: Mas, o processo contra mim que você citou foi arquivado…

Eu: Ora, se o processo contra você foi arquivado, é porque você teve amplo direito a defesa. Então, os outros que você chama de "bandidos" também devem ter direito a defesa, em vez de serem mortos sem a chance de se defender, não?

João Rodrigues: Bandido safado, nojento, merece morrer mesmo.

Eu: Ah, é? Então por que você não sobe à tribuna e diz isso em relação ao Eduardo Cunha? Afinal, pra Procuradoria Geral da República, ele cometeu os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão ilegal de divisas, logo, é um bandido…

João Rodrigues: Mas ele só está denunciado…

Eu: Mas por qual julgamento passaram os "bandidos" ao quais você se refere para já sentenciá-los à pena de morte? Vamos, se bandido bom não é bandido com gravata, então por que você não sobe à tribuna e diz, em relação a Cunha, o que você disse sobre os bandidos pobres?

João Rodrigues: E por que você defende Lula?

Eu: Em primeiro lugar, eu não defendo Lula. Ele não precisa de minha defesa. Em segundo, ainda não há nenhuma denúncia formal contra Lula. Em terceiro, quem está negando o direito à defesa e defendendo pena de morte no vácuo da legalidade é você; não eu!

João Rodrigues [chegando bem mais perto de mim, de modo que eu quase sentia sua respiração e seu perfume]: Eu defendo a pena de morte mesmo! Você fica aí, defendendo essa raça… Você não sabe com quem você foi comprar briga! [referindo-se a si mesmo]

Eu [olhando no olho dele e para baixo, já que ele é bem menor que eu]: "Essa raça" é também parte do povo brasileiro e está sob o mesmo estado de direito… Quem é você para decidir quem vive ou morre? Deus? E se você está me ameaçando, devo lhe dizer que não temo sua ameaça. [aproximando-me bem dele e olhando diretamente em seus olhos] Os tempos mudaram, meu caro. Os "coronéis" já não podem mais intimidar as pessoas ou ameaça-las impunemente.

João Rodrigues [se esforçando para ser irônico]: Não, eu não estou lhe ameaçando. Eu não ajo desse forma. Eu não cheguei aqui pelo BBB, aquela putaria, eu tenho muitos mandatos.

Eu: Bom, eu estou em meu segundo mandato e fui eleito com quase 145 mil votos, mas se você quer crer que foi o BBB que me trouxe aqui, fique à vontade… Ao menos não cheguei pela força da grana.

João Rodrigues: Bom, agora você já me conhece. Já sabe quem eu sou. E já está avisado de que mexeu com a pessoa errada.

Eu: Prazer. Agora você já sabe que eu não temo o que me parece uma ameaça.

Despedimo-nos. Ele seguiu. Eu permaneci ali para concluir minha conversa com Jô Morais. O clima estava tão tenso entre os que conseguiam nos ouvir que dava para cortar o ar com uma faca [toda a conversa se deu como numa cena de um thriller político]

E, aí, amados e amadas, vocês acham que eu devo temer algo mais que as já manjadas difamações, injúrias e calúnias feitas na internet?

__

*Durante a produção do texto acima, em que contava a vocês a cena surreal em que fui abordado pelo deputado João Rodrigues, ele subiu à Tribuna da Câmara para novamente me atacar e intimidar.

Não intimidou!!!! Sou acostumado a falar o que penso, porque a verdade é libertadora. A resposta que dei a ele está no vídeo. 


Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Recomendamos pra você


Receba Notícias no WhatsApp