CEARÁ

No Ceará, alunos de design usam pedra da região do Cariri para produzir joias

Os alunos Leonardo Ferreira, João Côrtes, Márcia Ferreira e Dayane Araújo; o técnico do laboratório de joias da universidade Cícero Mendonça o e estudante Alan Araújo.Emanoella Callou/UFCA/Divulgação

 

Uma rocha de calcário sedimentar laminado muito usada na construção civil, encontrada em grande quantidade na região do Cariri, no sul do Ceará – a pedra cariri – chamou a atenção de professores e estudantes do curso de Design de Produto da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e o grupo passou a confeccionar bijouterias e joias com o material

O resultado se traduziu em brincos, anéis e pingentes, feitos manualmente com a pedra, em conjunto com prata, latão e outras pedrarias. As peças foram expostas neste mês na mostra Fortaleza Brazil Stone Fair, na capital cearense, que reúne produtores de rochas ornamentais do país, e fizeram sucesso. Os estudantes que participam do projeto conseguiram fazer negócios com a inovação e também receberam amostras de outros minerais, como mármore e granito, para trabalharnovas ideias.

Uma das características da rocha de calcário são os estratos horizontalizados que formam desenhos de linhas. Além disso, ela se apresenta em diferentes tons, que vão desde o ocre até o cinza.

 

Colar com pingente de pedra cariri, produzido por Márcia Ferreira

Colar com pingente de pedra cariri, produzido por Márcia Ferreira Emanoella Callou/UFCA/Divulgação

 

As joias desenvolvidas pelo grupo de estudantes utilizam os rejeitos da pedra cariri, oriundos do processo de mineração nas jazidas e que normalmente são descartados na natureza, podendo gerar impactos como o assoreamento de riachos e a elevação do PH das águas.

“Para os estudantes que estão começando a empreender, esse é um material barato que pode ser beneficiado e vendido por um valor superior. Dependendo do perfil usado, a pedra apresenta umas linhas, que é da forma como ela foi sedimentada. É possível explorar a face da pedra que se deseja usar, pode-se brincar com isso”, disse a professora Ana Videla, coordenadora do curso de Design de Produto e do Laboratório de Joias da UFCA.

A estudante Dayane Araújo, do 8º semestre do curso, abordou essas características no conceito das joias que desenvolveu, que revelam geometrismos. Ela explorou as faces da pedra que mostram o processo de sedimentação, ocorrido no período Cretáceo, há 120 milhões de anos.

Já Márcia Ferreira, do 5º semestre, representou animais e insetos fossilizados. O nome Pedra Cariri também se refere a um dos sítios do Geopark Araripe, que reúne áreas de preservação geológica e paleontológica no sul do Ceará.

 

 peça de Dayane Araújo

Anel de pedra cariri: peça de Dayane Araújo Emanoella Callou/UFCA/Divulgação

 

Mineral

Por ser um mineral considerado mole (de média dureza, entre 4 e 5 na escala Mohs), a pedra cariri é de fácil moldagem e lapidação. No entanto, a característica também significa pouca resistência a impactos. Por causa disso, algumas peças receberam detalhes protetores em metais e os integrantes do laboratório estudam técnicas e substâncias para torná-la mais resistente após a lapidação.

“Uma das alternativas é utilizar resina. A pedra suga o material e fica mais resistente. Estamos analisando isso pelo viés da viabilidade financeira, mas creio que não torne as peças caras, até porque a pedra em si não é cara. A formação do preço seria mais em virtude dos metais e das horas trabalhadas”, diz Dayane.

De acordo com Márcia, o laboratório envolve atividades que vão desde a conceituação e conhecimento das técnicas de fabricação até a ourivesaria, que mantém relação com um trabalho, onde cada peça é única. Por esse fator, o trabalho com Pedra Cariri não tem como fim a produção de joias em grande escala, mas sim estimular a atuação artesanal.

“TTemos tem o interesse fortíssimo de comercializar, mas em escala artesanal, e não industrial. São peças feitas uma a uma, não saem todas iguais, têm identidade própria.”

O grupo do laboratório de joias recebeu convite para expor suas peças em uma feira Verona, na Itália, e aguarda confirmação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece).

Agência Brasil


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