PERNAMBUCO

No Recife, expectativas para o novo governo são pessimistas

Na manhã do primeiro dia útil após a aprovação do impeachment, o clima entre trabalhadores e estudantes no centro do Recife é de insegurança sobre os rumos do governo Temer. Mesmo com opiniões duvididas sobre o afastamento de Dilma Rousseff, que recorreu esta manhã ao STF por um novo julgamento, os eleitores não demonstram nenhuma crença sobre mudanças positivas no atual cenário político.

Nos entornos da Universidade Católica de Pernambuco, no bairro da Boa Vista, o comerciante Ernesto Wrigg se diz insatisfeito com o resultado da votação ocorrida na tarde de ontem. "Tudo aconteceu porque Dilma não aceitava determinadas imposições em seu governo. É tão claro que ela não cometeu crime nenhum, que ela continua elegível", analisa. Sobre o que esperar do novo governo, Ernesto é pessimista e afirma possuir uma péssima imagem do novo representante. "Temer foi considerado uma 'sombra' pela imprensa internacional, e eu concordo com isso. Ele não tem transparência, não tem uma postura. A única saída que eu vejo é uma nova eleição onde o povo possa escolher quem fica", opina.

Para o comerciante Ernesto Wrigg ficou claro que houve um golpe. Foto: Júlio Jacobina/DP

 

Para o comerciante Ernesto Wrigg ficou claro que houve um golpe. Foto: Júlio Jacobina/DP


Já a artesã Sandra Gurgel, que trabalha há nove anos na mesma rua em que Ernesto, é menos simpática à ex-presidenta, mas também não acredita que o impeachment tenha sido a melhor saída para melhorar o panorama do país. "Acredito que Dilma errou, mas a saída não era essa. Ela devia ter terminado o mandato dela e resolvido as dívidas com a justiça de outra forma. Ela foi eleita pelo povo".

As baixas expectativas também são compartilhadas pela estudante Júlia Mattos, que está no primeiro semestre do curso de Direito. "Acho realmente que a tendência agora é ir daqui pra pior. Economicamente também, mas principalmente no que se refere às conquistas sociais". diz a universitária. Júlia também reforça a descrença no cenário político e diz que o resultado do impeachment foi contrário ao que ela gostaria que tivesse acontecido. "Tudo lá dentro é um jogo. Eu não acho que ela seja completamente inocente, mas pedalada fiscal não justifica um processo de impeachment", comenta.

A comerciária Margarida Feitosa defende legitimidade do processo de impeachment. Foto: Júlio Jacobina/DP

 

A comerciária Margarida Feitosa defende legitimidade do processo de impeachment. Foto: Júlio Jacobina/DP


A comerciária Margarida Feitosa, por outro lado, acredita que o afastamento de Dilma Rousseff foi um processo legítimo. "Golpe não foi", diz. "Ela mexeu com um dinheiro que não era dela e precisava ser punida por isso", completa a comerciária, que trabalha na Rua da Imperatriz e diz acompanhar os acontecimentos políticos sempre que possível. Margarida, porém, acrescenta que, apesar de ter cometido um crime, a ex-presidenta também foi vítima do machismo. "Ela foi punida mais duramente por ser mulher, eu acredito nisso. Foi tratada como frágil", comenta. Sobre as expectativas para os mandato de Michel Temer, a comerciária acredita que há pouco a se fazer. "A partir de agora eu acho que o novo governo não vai mudar muita coisa, até porque dois anos é muito pouco pra grandes mudanças. O que ele pode fazer é restaurar a credibilidade do Brasil lá fora".

 

A artesã Sandra Gurgel acredita que o afastamento não foi a melhor saída para o Brasil. Foto: Júlio Jacobina/DP

 

A artesã Sandra Gurgel acredita que o afastamento não foi a melhor saída para o Brasil. Foto: Júlio Jacobina/DP

Dólar ainda não cumpre expectativa de baixa

Nas casas de câmbio, pouco impacto foi sentido nesta manhã.Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana amanheceu em queda de 0,01%, mas logo em seguida passou a operar em alta e, às 11h39, subia 0,84%, vendida a R$ 3,2567. Segundo a corretora Ariana Galiza, funcionária da casa Labor Câmbio, "existe uma expectativa nas pessoas que o dólar caia nos próximos dias, mas até então nada muito brusco aconteceu".

Os motivos, segundo Ariana, também podem estar na época do ano, que não é favorável para viagens e, consequentemente, compras de dólar. "Normalmente, as pessoas não estão viajando agora, mas planejando viagens, o que significa que estão mais atentas às mudanças na moeda". A corretora também lembra que "o cenário político e econômico interfere muito na alta ou queda do dólar, mas há também outros fatores, como a taxa de juros nos Estados Unidos, que também podem fazer diferença", comenta.

Diário de Pernambuco


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