BRASIL

NORDESTE entrevista senador do Paraná Roberto Requião (PMDB)

Três vezes governador do Paraná e em seu segundo mandato como senador da República, Roberto Requião é um político diferente da maioria, como fez questão de deixar claro na entrevista exclusiva que concedeu a Revista NORDESTE. Sem papas na língua, Requião manteve suas críticas costumeiras ao governo Dilma, ao pragmatismo do PT, as Organizações Globo e até ao seu próprio partido, o PMDB. Mesmo estando na base de apoio do Governo Federal, o senador de 73 anos coloca seu nome a disposição do partido como candidato à presidência, dizendo que todos os nomes até agora apresentados são ‘mais do mesmo’, inclusive o de Dilma Rousseff

NORDESTE – O senhor disse que apresentará sua pré-candidatura à presidência dentro do PMDB, mesmo sabendo que a proposta deve ser derrotada, com a manutenção do apoio do partido à candidatura da presidenta Dilma. Qual a razão dessa candidatura?


Roberto Requião– Nenhum dos candidatos até agora anunciados sustentam suas pretensões em propostas que visem à construção do Brasil-Nação, eles são mais do mesmo. Todos são a favor dos pressupostos neoliberais sobre os quais se ancoram nossa macroeconomia: superávit primário, política de juros, câmbio sobrevalorizado, controle de gastos sociais. Eles não divergem disso, pelo contrário, cada um deles faz de tudo para se mostrar mais realista que o rei, mais obediente a esses fundamentos determinados pelo consenso de Washington, pela financeirização da economia mundial, ainda que o modelo tenha naufragado, com a crise de 2008-2009. Nessa noite que tolda a política brasileira, todos os candidatos são pardos. É por isso que quero ser candidato, para apresentar um programa para o país. Nós somos uma Nação e não um mercado para o desfrute dos outros. Os três candidatos tratam o país como se fosse uma feitoria para exploração colonial. Veja este dado: na década de 80, antes das reformas neoliberais de Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente da República pelo PSDB), a produção industrial do Brasil era maior que a produção industrial reunida da China, da Coréia do Sul, Tailândia e Malásia. Hoje, o Brasil não produz sequer 15 por centro da produção deles. Estamos regredindo, a nossa indústria está sendo esfacelada, sucateada. Em vez de um país industrial, tecnologicamente avançado, o Brasil se transformou em um produtor de commodities de grãos e minérios. Somos hoje uma grande plantation, aos moldes do que os europeus fizeram na Ásia e na África. País algum do mundo se desenvolve, vence as desigualdades, supera a miséria, distribui rendas produzindo grãos e minérios.

NORDESTE- O PMDB é tido por muitos analistas políticos como uma confederação de políticos, tamanha a diversidade de parlamentares com ideologias absolutamente diferentes dentro da legenda. O que mantém o partido unido?


Roberto Requião- Exatamente por causa dessa diversidade. O PMDB não é uma legenda nacional, mas uma confederação de partidos estaduais. A falta de centralismo e de um comando nacional unificado e impositivo permite que a sigla sobreviva e seja hoje a maior do país. A variedade ideológica, fazendo com que no PMDB haja desde direitistas notórios, empedernidos, até uma esquerda firmemente ideológica, mais avançada até que o PT, também se deve a essa falta de centralismo, de imposição de uma linha única. Contraditoriamente, é a falta de unidade que mantém o PMDB unido.

(Veja a entrevista completa na edição nº89 da Revista NORDESTE, já em todas as bancas do país)
 


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