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Novas empresas na Lava Jato podem elevar prejuízos, diz presidente da Petrobras

A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse nesta quinta-feira (29) em teleconferência sobre os resultados do balanço do terceiro trimestre com investidores que o impacto da corrupção no dia a dia da companhia pode ser ainda maior a medida que as investigações da Operação Lava Jato avancem.

"Dependemos do andamento das investigações da Polícia Federal. Se tivermos mais depoimentos que levem ao surgimento de outras empresas envolvidas [além das 23 já investigadas] teremos de buscar esse número de R$ 188 bilhões [de grandes ativos da companhia]. Ele vai mudar. Esse número aqui não é firme. Depende dos dados das empresas que são investigadas pelo Ministério Público. Cresce o número de empresas [implicadas em processo], cresce esse número", disse a presidente da estatal.

"A resposta não é trivial [para prejuízos originados pela corrupção] e depende da evolução dos processos na Polícia Federal", disse Graça aos se referir ao valor citado no balanço como referente aos contratos firmados entre a estatal e empresas investigadas na Operação Lava-Jato.

Graça afirmou que 2015 não é um ano comum, quando questionada se as baixas contábeis poderiam causar impactos apenas neste ano ou se poderia se esperar que a crise da empresa – derivada do escândalo de corrupção deflagrado pela PF – se estenda para os próximos períodos. "Esse ano não é trivial. Fizemos a avaliação de 31 ativos, com as baixas de R$ 88,6 bilhões, segundo as 23 empresas citadas na lava jato.

A executiva disse, no entanto, que esse cenário negativo não influencia operacionalmente nos negócios. "Nossa posição de caixa e capacidade de geração operacional não são afetadas pela corrupção e qualquer outro ponto de avaliação dos ativos. Somos uma empresa com total sinergia", afirmou.

A Petrobras revê seu crescimento em 2015. "evitando contratar mais dívidas, para atender o que já contratamos. A exxploração vai ganhar mais espaço em 2016. Nossa marcha continuará sendo em 2016. Mas a essência é a revisão do crescimento da Petrobras nos próximos anos", afirmou Graça Foster.

Ao ser questionada, sobre como acertar a metodologia para a elaboração do balanço auditado, a presidente da estatal reafirmou que esse não é um trabalho trivial e que demandará a integração com um conjunto de agentes.

"Temos de ficar conversando com CVM e SEC [para chegar a forma adequada de prestar as informações]. Esse é um trabalho de várias mãos. Temos de convencer e atender as demandas dos órgãos reguladores, CVM e SEC, mas não é o trivial, por isso que não está pronto. Estamos trabalhando desesperadamente desde o dia que não divulgamos o balanço [em novembro de 2014], todo sábado, domingo, feriado."

Sobre como a executiva vê esse momento difícil da empresa, Graça contextualizou que as investigações devem se prolongar ainda de um a dois anos e que os prejuízos com a corrupção chegam a R$ 2,1 bilhões, segundo o Ministério Público Federal.

"Nossa reação é de enfrentamento [da corrupção]. Tenho conversado com os funcionários no geral, no dia a dia. É algo que marca a história da companhia, mas também engrandece nossas equipes para que a gente mantenha a companhia operando. 2014 foi o ano de recordes de produção. Nós vamos nos superar e nos tornar uma empresa muito mais forte."

A executiva afirmou que ao mesmo tempo que se estuda que metodologia usar para prestar as informações, vai se fazendo um outro trabalho de redefinir a Petrobras, "redefinindo o perfil da companhia", disse.

Entenda o que o balanço da Petrobras não revelou

O principal destaque negativo veio das incertezas em relação ao critérios que deveriam ser empregados nas revisões dos ativos (impaiment) impossibilitaram a divulgação do documento auditado.

A Petrobras destacou que até chegou a aplicar duas metodologias distintas – uma considerando apenas os 3% de sobrepreço dos contratos, valor indicado como média de propina por operação pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, e outra considerando o valor justo dos ativos que estão envoltos nos contratos investigados. Na primeira opção não teria encontrado respaldo do auditor, nem consenso do Conselho de Administração (na segunda alternativa). A companhia ainda comenta que esta buscando uma alternativa que permita que as revisões sejam efetuadas em conformidade e atendendo às exigências dos órgãos reguladores das bolsas de valores brasileira e norte-americana (CVM e SEC, respectivamente).

Segundo o balanço, o ebitda ajustado recuou 10,4% (R$ 11,7 bilhões) e o lucro líquido caiu 9,1% (somando R$ 3,1 bilhões), na comparação com o terceiro trimestre de 2013. Os números foram afetados ainda pelo prejuízo de R$ 2,7 bilhões da descontinuidade dos projetos das refinarias Premium I e Premium II. A companhia não deu previsão para a divulgação dos balanços auditados do terceiro trimestre e do ano de 2014, mas informou expectativa de produção média superior em 4,5% ao registrado em 2014, investimentos entre US$ 31 e US$ 33 bilhões de dólares, além de estimativa de geração operacional de caixa entre US$ 28 e US$ 32 bilhões.

(Do iG) 


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