PERNAMBUCO

O toque de “midas” do pernambucano Leonardo Pereira

Por Luciana Leão

 

O mercado de saúde, beleza e bem-estar é um dos mais promissores para quem pensa no futuro. Com uma ampla gama de oportunidades, cresce entre 5% e 10% por ano, em todo o mundo, segundo estudo da McKinsey. 

 

A pandemia da covid-19 provocou uma revolução nos cuidados com a saúde e o bem-estar. Quem sobreviveu, quer viver bem e muito mais tempo do que seus avós. 

 

Este é o cenário da chamada Economia Prateada, onde não faltam oportunidades de bons negócios.

 

Sempre atento às tendências, o empresário pernambucano Leonardo Pereira, fundador da rede de academias Selfit, vem ampliando seus investimentos em torno deste segmento.

 

Além da Selfit, é sócio da plataforma fitness online e de suplementação alimentar, Weburn, e das franquias de odontologia, Oral Unic e de depilação, Liso Laser.

 

Relatório do Global Wellness Institute revela que, em 2022, a receita global com bem-estar atingiu US$ 5,6 trilhões (R$ 27 trilhões). Até 2027, é esperado um crescimento adicional de 57%, atingindo US$ 8,5 trilhões ou R$ 41,7 trilhões. 

 

Em 2013, portanto há 10 anos, segundo pesquisas da organização, o faturamento no ramo de bem-estar era muito menor: US$ 3,4 trilhões (R$ 16,8 trilhões) .

 

Para 2024,  o executivo revelou com exclusividade para a Nordeste, que está para lançar a Viva Sênior Living – um projeto para clientes da Economia Prateada, e uma outra empresa que ainda está sob sigilo empresarial.

 

Terceira idade integrada com a família

 

Novo negócio é direcionado à economia prateada, um setor com forte tendência a crescimento nos próximos anos. Foto: Léo Caldas

 

 

Viva Sênior Living é um novo conceito de moradia para pessoas da terceira idade. A primeira unidade será inaugurada em abril, em Santa Catarina, com um investimento de R$ 800 mil podendo alcançar R$ 1,1 milhão.  

 

“Vamos ter programações culturais e um veículo próprio para levar as pessoas da melhor idade a se divertir, espaço para atividades físicas, médico na própria unidade e outros serviços que vão dar mais segurança e qualidade de vida aos moradores”, revela Pereira. 

 

Um diferencial importante do empreendimento é que os condomínios serão construídos em grandes centros, nada de áreas afastadas, a fim de manter os idosos em integração contínua com a família. 

 

É um modo de vida com uma visão mais holística e com atenção total aos nossos clientes. Será um espaço totalmente distinto das clínicas e instituições de longa permanência (ILPIs)”, explica Leonardo Pereira. 

 

As ILPIs são instituições públicas ou privadas criadas para receber pessoas na terceira idade, seja qual for a classe social, para receber assistência social e de saúde. 

 

No novo empreendimento, Leonardo deverá consolidar seu perfil de ‘maker’ de negócios bem-sucedidos que reverberam sua paixão pela criação, o desenvolvimento e a governança empresarial. 

 

Sangue, teoria e prática

 

 

Natural de Olinda, cidade vizinha ao Recife, o empreendedor investe em novos projetos como a Weburn. Foto: Léo Caldas

 

O pernambucano Leonardo Pereira parece ter herdado o tino empresarial do avô, do bisavô e do tataravô, que foram fabricantes de vidros, no Recife. 

 

Nascido na histórica Olinda, vizinha à capital pernambucana, Leonardo começou sua jornada empreendedora ainda cedo, dando aulas particulares a amigos dos irmãos. 

 

Ainda na faculdade de Economia, entrou na EY, uma das maiores consultorias do planeta, mas logo deixou o posto para trabalhar na rede de supermercados Bompreço, vendida em 2003 ao Walmart. 

 

Foi o início para a escalada em grandes empresas, de diversos ramos, nacionais e multinacionais, onde alcançava postos de comando e partia para um desafio maior.

 

O mais importante deles foi a decisão de sair da trajetória de alto executivo para se tornar empresário e ter seu próprio negócio. Isto aconteceu há menos de 15 anos e tomou uma proporção surpreendente até para quem já conhece um pouco da história de Leo Pereira. 

 

Perfil  incomum

 

Em um de seus empreendimentos de sucesso, a rede de academias Selfit, Pereira aplicou o modelo low cost high value (baixo custo, alto valor). Foto: Léo Caldas

 

Ele não é um empreendedor direcionado apenas por ideias e intuição, sem base teórica. Concluiu o curso de Economia, fez mestrado em Engenharia de Produção e põe em prática a ciência do planejamento, do monitoramento de índices e de performances. Leonardo tem uma visão generalista e, ao mesmo tempo, de qualidade acerca do marketing e outras áreas.

 

Percebeu, cedo, que o cliente precisa ser encantado, ter experiências de serviços e compras que superem suas expectativas. Por isso, num dos seus empreendimentos de sucesso, a rede de academias Selfit, Pereira aplicou o modelo low cost high value (baixo custo, alto valor) que se traduz, no ambiente fitness, como a melhor relação custo-benefício entre valor da mensalidade e qualidade da estrutura e do serviço oferecidos.

 

Primeiro Negócio de futuro

 

A primeira unidade com a marca Selfit foi aberta em 2012, em Salvador. A cidade foi escaneada em vários aspectos para receber o primeiro case de empreendedorismo bem-sucedido com a assinatura de Leonardo Pereira, desde a criação do modelo de negócio.

 

O embrião da Selfit, hoje a segunda maior rede de academias do país, com 107 unidades distribuídas em vários estados, contou com Léo no posto de CEO do esboço até 2021.  Com apenas 11 anos, a Selfit é uma empresa madura. 

 

Recebeu investimentos de cinco fundos de private equity e, em 2023, faturou R$ 300 milhões. Para 2024, a previsão é fechar o ano perto dos R$ 400 milhões. A empresa é auditada por empresas do Big Four, grupo das quatro maiores auditorias do mundo, e está na fila para sua estreia no novo mercado da B3, com todos os registros realizados para a oferta inicial de ações, o IPO (da sigla em inglês Initial Public Offering).

 

Mas o alto desempenho dos negócios onde Leonardo Pereira está presente, se devem também à sua participação na Endeavor, uma rede internacional que impulsiona a cultura empreendedora, os planos e o desenvolvimento de quem quer empreender. Ele levou a Selfit ao programa de aceleração Scale Up, onde interagiu com outros empreendedores, revisou conceitos e saiu com ideias novas e ainda mais vigor. 

 

Hoje, Pereira é conselheiro da Endeavor, ao lado de empresários como Artur Grynbaum, presidente da holding de O Boticário, e repassa o que aprendeu aos que, como ele, se lançaram no desafio do empreendedorismo. Mas ele ressalta que continua aprendendo, na companhia de mentores a exemplo de Beto Sicupira, um dos empresários mais ricos do país e que trouxe a Endeavor para o Brasil, e Antônio Carlos Pipponzi, chairman da Raia-Drogasil.

 

Visionário e estrategista

 

Leonardo Pereira adquiriu experiências, absorveu teorias e práticas, e criou um método próprio de gestão de negócios. Repassar este conhecimento e contribuir para o sucesso de outros tantos empreendedores brasileiros não é opção, é missão. Se missão dada é missão cumprida, ele não vai recuar. 

 

O empreendedor já viu que o Brasil é um país de oportunidades, mas de muitas dificuldades. Sabe da luta de pequenos empreendedores para manter um negócio, garantir o próprio sustento e de outras pessoas, e ainda contribuir para o desenvolvimento do país. Muitos sem oportunidades, sem recursos financeiros, sem apoios, mas com muita vontade de dar certo.

 

“Este público precisa de ajuda, de inspiração e muita atenção, seja de políticas públicas para a educação empreendedora, ou da interação de redes e organismos de apoio. Este público representa um mercado em potencial, com tantas demandas que não dá para mensurar, ainda, o retorno que pode dar”, acrescenta o executivo. “A estratégia é arregaçar as mangas e agir”, finaliza.

 

*Matéria publicada na edição 204 da Revista Nordeste


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