CEARÁ

Ordem de serviço para VLT é assinada, mas vizinhos não acreditam na obra

Uma ordem de serviço assinada pelo titular da Secretaria da Infraestrutura do Estado (Seinfra), André Facó, certifica que as obras do terceiro trecho do ramal Parangaba-Mucuripe, a ser operado por Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), foram retomadas há menos de um mês, no último dia 17 de julho. Famílias que se abrigam nas imediações dos canteiros e materiais que seguem se desgastando sob o sol mostram, entretanto, que o recomeço da obra prevista para a Copa do Mundo 2014 ainda não é percebido pela população de Fortaleza.

Com orçamento de R$ 100,2 milhões, a construção do trecho que liga o Mucuripe à estação Borges de Melo está sob a responsabilidade das empresas AZVI S.A. do Brasil e Squadro LTDA. Se nenhuma outra paralisação ocorrer, como a que se seguia desde 2014, é possível que o equipamento fique pronto até o início de 2017. Sobre os outros trechos, que compreendem passagem em túnel na avenida Borges de Melo e dali à estação Parangaba, a Seinfra não soube informar quando serão iniciados.


Na manhã da última segunda-feira, 10, entre as 9 horas e o meio-dia, O POVO percorreu a lateral dos trilhos que saem do Mucuripe até os que chegam à Parangaba e não viu movimentação característica de obra em andamento. Foram vistos, como nos últimos meses, estações tomadas pelo mato e materiais desgastados pelo tempo. O mesmo foi constatado ontem, em nova visita feita pela reportagem. A Seinfra explicou que entende como obra iniciada a assinatura da ordem de serviço e a implantação de canteiros.


Os prejuízos causados pela paralisação de mais de um ano ainda estão sendo apurados pela Seinfra. Em nota, o órgão afirmou que a primeira etapa do inventário que avalia toda a extensão da obra já foi concluído e que a segunda etapa foi iniciada já com a presença do novo consórcio construtor.


Desapropriações

Stênio Cavalcante, 43, mora perto dos trilhos que atravessam a avenida Almirante Henrique Sabóia (a Via Expressa). Há meses ele aguarda indenização do Estado pela desapropriação de sua casa, provocada pela obra. “Se eles começaram, vão ter que terminar. Se não quisessem tirar a gente, não teriam começado”, reclama. Sobre quando isso deve acontecer, diz, desesperançoso: “Ninguém tem expectativa de nada”.
Sensação semelhante tem José Almeida, 48, que aguarda a desapropriação da casa, próximo à estação Borges de Melo. Por ele, entretanto, “se a obra ficasse parada pelo resto da vida”, melhor seria. “Não queria sair”, argumenta. Luciano Alves, 59, dono de um negócio às margens do canteiro de obras da Parangaba, reflete: “Faz tempo que não vejo ninguém trabalhando nesse trecho”. E, apontando para os trilhos da Linha Sul, projeta: “Deve seguir o exemplo deste metrô aí, que demorou mais de 20 anos”. 

Luana Severo
O Povo


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