ECONOMIA

Panorama econômico das regiões intermediárias da Paraíba I Por Paulo Galvão Jr

Por Paulo Galvão Júnior

Especial para Revista Nordeste

 

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Desde o ponto mais oriental da América, na Ponta do Seixas em João Pessoa, capital da Paraíba, até o último inselbergue em Cachoeira dos Índios, o estado se destaca por sua divisão em quatro regiões geográficas intermediárias. Estas divisões, estabelecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fornecem uma base de dados abrangente sobre os limites geográficos e as características econômicas e sociais distintas.

 

 

A partir de 2017, o IBGE implementou uma nova classificação, definindo regiões geográficas intermediárias (anteriormente mesorregiões) e imediatas (anteriormente microrregiões). As quatro regiões geográficas intermediárias da Paraíba são: João Pessoa (com 4 regiões geográficas imediatas), Campina Grande (com 4 regiões imediatas), Patos (com 5 regiões imediatas) e Sousa-Cajazeiras (com 2 regiões imediatas).

 

 

Essas quatro regiões intermediárias abrangem um total de 15 regiões imediatas, englobando os 223 municípios paraibanos em uma área territorial de 56,4 mil quilômetros quadrados. Essa estrutura geográfica facilita o planejamento e a gestão de políticas públicas em nível estadual, considerando as particularidades e principais atividades econômicas de cada região.

 

 

Historicamente uma das províncias mais carentes do Brasil Imperial, a Paraíba ainda figura entre os dez estados mais pobres da República Federativa do Brasil, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de R$ 77,4 bilhões em 2021, segundo os dados do IBGE. Diante desse cenário, é crucial promover a geração de empregos formais, investir em educação e saúde de qualidade, fortalecer setores como o agropecuário, industrial, turismo e energias renováveis.

 

 

As Quatro Regiões Intermediárias na Paraíba

 

As particularidades econômicas das regiões geográficas intermediárias de João Pessoa, Campina Grande, Patos e Sousa-Cajazeiras são diversas. Ao analisar as características econômicas de cada uma delas, destacamos a diversidade econômica presente em João Pessoa, a variedade de atividades agropecuárias em Campina Grande, os recursos minerais em Patos e o potencial em energias renováveis em Sousa-Cajazeiras.

 

 

Com uma população de 3,9 milhões de habitantes, a Paraíba ocupa a quinta colocação no ranking populacional entre os nove estados nordestinos, conforme o Censo 2022 do IBGE. Do litoral ao sertão, é crucial refletir sobre as potencialidades econômicas dessas regiões intermediárias para mitigar os riscos associados ao desemprego, desigualdade, desinformação e desesperança, que afetam diariamente o bem-estar das famílias, sobretudo as mais pobres.

 

 

É fundamental compreender as atividades econômicas de cada região para desenvolver estratégias empresariais eficazes e políticas públicas eficientes. Devemos não apenas almejar o crescimento do PIB Agropecuário (correspondendo a 4,7% do total) e do PIB Industrial (14,9%), em relação ao PIB de Serviços (80,4%), mas também buscar o aumento do PIB per capita (R$ 19.081,81), o segundo mais baixo do Brasil.

 

 

Além disso, é imprescindível focar na redução do Índice de Gini (0,558), o mais alto do país, da taxa de analfabetismo (13,6%), a terceira mais alta da nação, e da taxa de pobreza (47,5% em 2023), a quinta maior do Brasil. É necessário melhorar significativamente o IDH (0,698 em 2021), pois a Paraíba ocupa a sétima posição entre os dez menores IDHs do país.

 

 

 

A Região Intermediária de João Pessoa

 

 

A região intermediária de João Pessoa abrange 63 municípios e destaca-se por sua exuberante vegetação de Mata Atlântica e clima tropical úmido. Destacam-se atividades econômicas como agricultura (abacaxi, banana, coco da baía, mamão e melão), pecuária (bovinocultura), indústria (de alimentos, de bebidas, de calçados, de materiais cerâmicos e da construção civil), mineração (caulim, argila e ilmenita), energia eólica, pesca, além de ser grande produtora de cana-de-açúcar destinada à produção de açúcar, álcool, cachaça, etanol e rapadura.

 

 

A cidade mais antiga da Paraíba é João Pessoa, fundada em 1585, às margens do Rio Sanhauá. A cidade possui uma rica arquitetura colonial, monumentos históricos, polo industrial diversificado e prestação de serviços. É o principal centro turístico do estado, com atrativos que atraem turistas, como praias deslumbrantes, piscinas naturais, museus e igrejas históricas.

 

 

O setor industrial de João Pessoa desempenha um papel fundamental na economia paraibana, proporcionando empregos formais e impulsionando o crescimento econômico da região. Além disso, a presença de universidades públicas e privadas contribui para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e para a formação de uma mão de obra qualificada.

 

 

Outro destaque é a cidade de Cabedelo, vital para o comércio exterior do estado, com um volume expressivo de exportações e importações. No único porto da Paraíba ocorrem desembarques de bens importados e embarques de produtos exportados, com um volume de exportações de US$ 192,2 milhões em 2023, de acordo com o Centro Internacional de Negócios da Paraíba (CIN-PB). Os cinco principais produtos exportados foram açúcar, calçados de borracha, álcool etílico, calçados de plástico e sucos de abacaxi. E os quatro principais destinos destas mercadorias foram Espanha, EUA, Canadá e Países Baixos.

 

 

Região intermediária de Campina Grande

 

 

A região intermediária de Campina Grande abrange 72 municípios e tem suas principais atividades econômicas baseadas na agricultura (algodão colorido, arroz vermelho, sisal e milho), pecuária (caprinocultura e bovinocultura), indústrias de transformação (alimentos, bebidas, calçadose têxteis), mineração (calcário, bentonita, granito, gipsita e mármore) e turismo, além de centro de tecnologia para exportação de programas de informática.

 

 

Entre as dez cidades mais ricas da Paraíba (João Pessoa, Campina Grande, Cabedelo, Santa Rita, Alhandra, Patos, Bayeux, Souza, Cajazeiras e Guarabira) apenas uma está localizada nesta região, a cidade conhecida mundialmente com a Rainha da Borborema e que neste ano celebra os seus 160 anos. É o segundo município mais rico e mais populoso da Paraíba, destacando-se no turismo com o Maior São João do Mundo e o Encontro da Nova Consciência.

 

 

A região oferece uma variedade de serviços, incluindo postos de combustíveis, farmácias, bares e padarias. Além disso, destaca-se pelo cultivo de algodão, milho e feijão. O turismo também é uma atividade importante, com destaque para cidades como Areia, uma das mais antigas da Paraíba, com raízes históricas que remontam à sua fundação em 1676. Esta cidade histórica é marcada pelo legado do ciclo da cana-de-açúcar e por suas temperaturas amenas.

 

 

A Região Intermediária de Patos

 

 

A região intermediária de Patos engloba 63 municípios, é reconhecida por suas formações rochosas e apresenta um clima semiárido e vegetação de Caatinga. Sua economia é impulsionada pela agricultura diversificada (algodão e feijão), pecuária (bovinocultura), mineração, turismo, apicultura, aquicultura, comércio e prestação de serviços.

 

 

A região de Patos é realmente conhecida por sua diversidade econômica, que desempenha papelsignificativo no crescimento da economia do estado. A região de Patos contribui para o cultivo de uma variedade de produtos agrícolas, como milho, feijão, mandioca, manga, caju e banana. A agricultura familiar é uma parte importante da economia local, fornecendo subsistência para muitas famílias e também contribuindo para a economia paraibana.

 

 

A mineração é outra atividade econômica relevante na região de Patos. A presença de minerais como o quartzito e o caulim, impulsionam essa atividade. As festividades culturais desempenham um papel fundamental no turismo da região de Patos. Eventos como o São João, com suas quadrilhas juninas, forró e comidas típicas, atraem turistas nacionais e estrangeiros. O turismo rural e de aventura vem crescendo na região de Patos a cada ano.

 

 

A Região Intermediária de Sousa-Cajazeiras

 

A região intermediária de Sousa-Cajazeiras é composta por 25 municípios e é caracterizada por um clima semiárido e vegetação típica de Caatinga. Sua economia é diversificada e baseia-se em diversos setores. A agricultura desempenha um papel significativo, com culturas adaptadas às condições climáticas locais, como algodão, milho, feijão e coco da baía.

 

 

Além disso, Sousa-Cajazeiras está emergindo como um centro de produção de energias renováveis, aproveitando seu potencial em fontes como energia solar e eólica. Esse setor tem atraído investimentos privados e contribuído para o desenvolvimento sustentável da região.

 

 

O comércio é outro pilar importante da economia paraibana, fornecendo bens e serviços essenciais para a população. O turismo está ganhando destaque na cidade deSousa, oferecendo oportunidades para os turistas nacionais e internacionais a conhecerem as pegadas dos dinossauros que passaram pela região há milhões de anos, por exemplo.

 

 

A região de Sousa-Cajazeiras destaca-se pela agricultura e pecuária, que são suas principais atividades econômicas. Além disso, apresenta uma diversificação econômica notável, com foco em recursos minerais (calcário, argila e quartzito) e nas indústrias de alimentos, de beneficiamento mineral, de móveis, da construção civil, de plásticos e de borrachas.

 

 

Considerações Finais

 

 

Concluindo, as quatro regiões intermediárias da Paraíba não apenas delimitam áreas geográficas, mas também refletem a diversidade econômica e social do estado. Compreender as nuances e potencialidades econômicas de cada região é essencial para orientar políticas públicas eficientes e investimentos privados eficazes que reduzam as gritantes desigualdades na distribuição de riqueza e de renda entre as classes econômicas A, B, C, D e E.

 

 

Portanto, os dados relatam que valorizar as atividades econômicas de cada região é fundamental para construir um futuro mais próspero, equitativo e sustentável para todos os 223 municípios paraibanos, levando em consideração suas necessidades específicas e promovendo mudanças indispensáveis ao desenvolvimento sustentável no estado.


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