BRASIL

Para líder do MST, Dilma foi a pior presidente para a reforma agrária

Depois do apoio dado à campanha para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) apresentou a fatura ao governo. Além de repudiar a indicação da senadora Kátia Abreu para comandar o Ministério da Agricultura, as lideranças do MST exigem que, até julho do próximo ano, a presidente zere a demanda imediata do movimento e assente no campo 120 mil famílias.

O pedido já foi levado ao governo pelas lideranças do movimento em conversas com Miguel Rossetto, atual ministro do Desenvolvimento Agrário, que deverá se ocupar oficialmente, a partir de janeiro, da relação do governo com movimentos sociais, função principal da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Além disso, o movimento busca um acordo com o governo para que seja estabelecida uma meta de assentar, a cada ano do segundo mandato, pelo menos 50 mil famílias, ponto que o governo resiste em atender.

“Sempre tivemos uma relação de cobrança de nossa pauta seja qualquer governo. No quesito reforma agrária, o governo Dilma é um dos piores. Dilma foi pior que Sarney. Ela apresentou no ano passado 100 decretos, que não chegaram a assentar 20 mil famílias. A média da presidente tem sido assentar 23 mil famílias por ano, uma das piores de todos os presidentes após a redemocratização do Brasil”, criticou Conceição.

“Diálogo a gente tem muito, conversa conversa, conversa. Mas o atendimento da pauta da reforma agrária tem sido muito aquém do desejado”, reclamou.

O MST reconhece, no entanto que, no primeiro mandato de Dilma, houve ações importantes para que os assentamentos já existentes prosperassem economicamente. Entre as políticas desenvolvidas, Conceição aponta o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Isso ajudou a fortalecer os assentamentos porque criou o preço mínimo, criou o mercado direto com os produtores rurais, sem o atravessador”, ponderou.

“Agora queremos avançar no programa de agroindústria sob controle dos camponeses, que podem, a partir de sua produção, agregar mais valor aos produtos”, disse Conceição.

Clima tenso

O convite feito por Dilma à senadora Kátia Abreu para assumir o Ministério da Agricultura serviu para piorar o ambiente de diálogo com o governo. Irritou ainda mais a notícia de que a senadora tem intenção de incluir assentados em políticas desenvolvidas pela pasta para atingir grandes, médios e pequenos agricultores. “Não queremos nada que venha desta mulher”, diz Conceição.

“Cabe a ela (Dilma) nomear e assumir as consequências de cada nomeação que ela fizer”, comentou o coordenador.

A para amenizar o clima, o governo já prepara um encontro de Dilma com os movimentos sociais que poderá ocorrer na próxima semana. Há também expectativa de que a ida de Rossetto para a Secretaria-Geral, pasta diretamente ligada à Presidência da República, possa contribuir para um diálogo mais forte com o campo.

A presidente, em encontro com Leonardo Boff e Frei Betto, na semana passada, informou sobre o encontro que terá com os movimentos, ao ser aconselhada a abrir um diálogo mais “orgânico” com as bases. Na conversa, Dilma respondeu aos intelectuais que o este diálogo será o “ponto alto” de seu segundo mandato.

 

(Do iG)


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