BRASIL

Parada há um ano, obra do VLT removeu famílias e gera descrença

“Esse VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) é o maior descaso que já existiu”, declarou Emanuel de Souza, 23, morador de um conjunto de casas construído às margens do trilho que atravessa a avenida Borges de Melo. Devido à construção do equipamento, paralisada há pouco mais de um ano, Emanuel perdeu o emprego e tem moradia incerta, já que a oficina em que trabalhava foi demolida e a casa onde vive espera a mesma intervenção. Enquanto isso, novo processo licitatório está sendo executado até amanhã pelo Estado.

 

Com a paralisação, diminuiu até mesmo a urgência da desapropriação no entorno dos locais que receberão trechos do ramal Mucuripe/Parangaba. Comerciante e vizinho de Emanuel, Job Mendes, 78, disse que aguarda que o filho receba a indenização do Estado para que os dois possam sair dali e se instalar em outro lugar. Cícero Alves, 42, pode apontar residências que foram derrubadas às pressas por conta da obra – pensada ainda para a Copa do Mundo. Pelo entulho acumulado, uma preocupação incomoda. “É a maior sujeira, tem rato. Com a dengue por aí? Não vem ninguém resolver isso”, reclamou.


Esquecimento e licitação

O POVO visitou as obras paradas na avenida Borges de Melo e na Parangaba, dois trechos do ramal proposto pelo VLT. No primeiro local, plantas invadem as grades que cercam a estação Borges de Melo e o material para dar continuidade à obra enferruja sob o sol. Já na Parangaba, instrumentos de trabalho repousam acima do equipamento de concreto erguido para receber o modal.

Desde ontem até amanhã, na Procuradoria-Geral do Estado (PGE), representantes da Secretaria da Infraestrutura (Seinfra) lançam propostas de preço das três licitações que ficarão responsáveis pela continuação das obras do VLT. Os editais contemplam três trechos: passagem em túnel na avenida Borges de Melo; da estação Borges de Melo à estação Parangaba e da estação Iate à estação Borges de Melo. Os orçamentos para cada obra são avaliados na média de R$ 26,8 milhões, R$ 48,3 milhões e R$ 100,2 milhões, respectivamente.


O POVO solicitou à Seinfra valores do orçamento inicial, para saber se houve alteração no valor da obra e se o recurso investido não sofrerá prejuízo, mas não recebeu retorno. Por e-mail, a assessoria informou que a Seinfra não concede entrevista antes do fim do processo de licitação.

 

Saiba mais


As obras do VLT em Fortaleza tinham previsão de entrega para antes da Copa do Mundo. As intervenções, porém, estão paradas desde maio de 2014.


Em coletiva realizada na semana passada, a Seinfra informou que, agora, a obra do ramal Mucuripe/Parangaba será dividida em três intervenções que devem ser feitas simultaneamente.


Para a abertura da nova licitação, foi utilizado o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), na qual vai vencer a empresa que oferecer maior desconto sobre os preços orçados pelo Estado. Com a nova intervenção, o equipamento poderia ser finalizado em até 18 meses, segundo a Seinfra.


Quando concluído, o VLT ligará os bairros Mucuripe e Parangaba por meio de 12,7 quilômetros de estrutura ferroviária.

O POVO 


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