A EPIDEMIA do novo coronavírus terá efeitos devastadores sobre a economia mundial em 2020. Para reduzir o número de vítimas do vírus, é preciso evitar a sobrecarga dos sistemas de saúde por meio do isolamento social. Esse isolamento reduz a produção e o consumo, tendo forte impacto sobre a atividade econômica. Para reduzir os efeitos negativos da epidemia sobre a economia, governos do mundo inteiro estão adotando enormes pacotes de medidas fiscais e monetárias. Ainda assim, os efeitos da pandemia serão enormes.

No caso do Brasil, a relutância do ministro da Economia, Paulo Guedes, em reconhecer a gravidade da situação e abrir mão de sua ideologia contrária a intervenções estatais tem reduzido a agilidade e a magnitude das medidas adotadas. Se essa postura for mantida, a depressão de 2020 será mais profunda, e a culpa será da passividade de Guedes diante da crise.

Há apenas um mês, Guedes ainda afirmava que a economia brasileira cresceria 2,5% esse ano apesar da covid-19, e que seria possível lidar com a epidemia com apenas R$ 5 bilhões.

Mesmo depois da ficha começar a cair para o ministro, as medidas para combater o coronavírus e a crise que vem a reboque têm sido implementadas com lentidão e a contragosto. Guedes continua a afirmar que a epidemia não pode desorganizar a economia, mostrando-se mais preocupado com o tamanho da dívida pública do que com as vidas que podem ser salvas e a renda que pode ser gerada com a expansão emergencial de alguns gastos do governo.

Segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional, o FMI, divulgadas há pouco mais de uma semana, a queda do PIB mundial em 2020 será de 3%. Para se ter uma ideia do tamanho dessa queda, a crise financeira do final de 2007 e 2008 gerou uma queda do PIB mundial de apenas 0,1% em 2009. Nos países desenvolvidos a queda do PIB será ainda maior, em torno de 6%. Por outro lado, nos países asiáticos em desenvolvimento, estima-se crescimento de 1%.