INTERNACIONAL

Peritos da ONU pedem cumprimento de decisão da CIJ sobre ocupação israelense

Especialistas independentes* em direitos humanos instam Israel e outros Estados a acatar a decisão da CIJ, considerando ilegal a ocupação da Faixa de Gaza e Cisjordânia; comunicado pede o fim imediato da ocupação e revisão de laços diplomáticos com Israel

 

 

Israel e outros Estados-membros da ONU devem cumprir imediatamente a determinação oficial da Corte Internacional de Justiça, CIJ, sobre a presença israelense no território palestino ocupado. A afirmação é de um grupo formado por mais de 30 especialistas independentes em direitos humanos.

 

Em nota, eles lembram que a decisão histórica de 19 de julho de 2024 declarou que a ocupação israelense da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, é ilegal, juntamente com o regime de assentamentos associado, a anexação e o uso de recursos naturais.

 

Segregação racial

 

A CIJ determinou que Israel ponha fim à sua ocupação, desmantele seus assentamentos, ofereça indemnizações totais às vítimas palestinas e facilite o retorno das pessoas deslocadas.

 

Para os peritos, o parecer consultivo reafirma “as normas que proíbem a anexação, os assentamentos, a segregação racial e o apartheid, e deve ser visto como declaratório por natureza e obrigatório para Israel e todos os Estados que apoiam a ocupação”.

 

Eles adicionam que a corte reafirmou o princípio de que “a liberdade da ocupação militar estrangeira, da segregação racial e do apartheid é absolutamente inegociável”.

 

Os especialistas saudaram o reconhecimento da CIJ de que a conversão da ocupação em anexação por meio da demolição de casas, da negação de permissões de moradia e da apropriação de terras viola normas que proíbem o uso da força para anexar o território ocupado.

 

Libertação é inegociável

 

Os peritos acrescentaram que o parecer consultivo da CIJ servirá como uma ferramenta fundamental para restaurar o respeito ao direito internacional, especialmente neste momento crucial em que a Corte também está considerando as supostas violações da Convenção de Genocídio por parte de Israel.

 

Os especialistas lembraram que o parecer foi emitido 20 anos depois que a mesma Corte decidiu sobre a ilegalidade do muro de Israel, uma decisão autorizada que foi amplamente desconsiderada por Israel e pelos Estados membros da ONU, permitindo que a impunidade reinasse.

 

O grupo avalia que desde a decisão da Corte em 19 de julho, Israel intensificou os ataques contra a população civil em Gaza e seus recursos naturais. Para eles, Israel deve cumprir esse parecer consultivo e outras ordens da CIJ emitidas este ano e parar de agir como se estivesse exclusivamente “acima da lei”.

 

Revisão de laços diplomáticos

 

Os especialistas afirmaram que enquanto o Conselho de Segurança da ONU e a Assembleia Geral consideram estratégias para garantir o fim rápido da ocupação ilegal, “os Estados devem rever imediatamente todos os laços diplomáticos, políticos e econômicos com Israel, incluindo negócios e finanças, fundos de pensão, academia e instituições de caridade.”

 

Eles pediram um embargo de armas, o fim de todos os outros negócios que possam prejudicar os palestinos e sanções direcionadas, incluindo o congelamento de bens, para indivíduos e entidades israelenses envolvidos na ocupação ilegal e nas políticas de segregação racial e apartheid.

 

Além disso, pediram investigações e processos contra os envolvidos em crimes no território palestino ocupado, especialmente cidadãos com dupla nacionalidade servindo nas forças armadas de Israel ou envolvidos na violência dos colonos.

 

 

Relatores Especiais atuam em sua capacidade individual, não são funcionários da ONU e não recebem salário.


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