NORDESTE

Pesquisadores da UFPB criam implante que acelera regeneração de fratura óssea

Um implante artificial que acelera a regeneração de fraturas ósseas, por meio da liberação controlada do fármaco sinvastatina na área lesionada, foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O dispositivo também tem a vantagem de ser biorreabsorvível, ou seja, é eliminado pelo próprio corpo. À medida que ele expele o medicamento e recupera o rompimento ou o trincamento do osso, ele se decompõe.

 

O controle da liberação do remédio na fratura óssea é realizado através de um manômetro, instrumento utilizado para medir a pressão de fluidos contidos em recipientes fechados.

 

O implante de tamanho minúsculo, em escala nanométrica, produzido a partir de macromoléculas do tipo polímeros, comumente usados na área médica, é capaz de se adaptar a diferentes tipos de lesões ósseas e deve ser aplicado por profissionais capacitados, isto é, médicos cirurgiões ortopédicos.

 

“O implante é um sistema nanométrico, cuja estrutura é menor do que um fio de cabelo. Isso favorece a migração e contato com as células [do osso danificado]”, explica Kaline Ferreira, principal inventora do dispositivo e, atualmente, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, vinculado ao Centro de Tecnologia (CT) da UFPB.

 

Apesar de a sinvastatina ser um fármaco popularmente conhecido por diminuir os níveis de colesterol ruim e triglicerídeos no organismo humano, a doutoranda da UFPB destaca que estudos mostram que a substância também estimula a melhora da densidade óssea.

 

“A sinvastatina estimula a expressão da proteína morfogenética óssea (BMP)-2, glicoproteína responsável por recrutar as células osteoprogenitoras para os locais de formação óssea. Quando encontradas em altas concentrações no tecido ósseo, possuem caráter indutivo e regenerativo”, esclarece a pesquisadora.

 

O implante é indicado, por exemplo, para recuperação de fraturas ocasionadas por osteoporose. Segundo a pesquisadora da UFPB, no Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas sofrem da doença, que se caracteriza pela perda progressiva de massa óssea, tornando os ossos enfraquecidos e predispostos a fraturas.

 

O estudo que resultou no invento foi desenvolvido em parecia com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), entre 2015 e 2017, durante o mestrado de Kaline Ferreira. Os testes experimentais, na UFU, constataram a indução e a aceleração do processo regenerativo e obtiveram parâmetros adequados para a produção em larga escala do material.

 

O sistema Solution Blow Spinning (SBS), método desenvolvido e patenteado pelo professor do Departamento de Engenharia de Materiais, do Centro de Tecnologia (CT) da UFPB, Eliton Medeiro e utilizado para produzir o implante artificial regenerativo manométrico, custa cerca de R$ 42 mil. Já o investimento necessário para produzir um implante é de quase R$ 5 mil.

 

“Patenteamos a composição e o processo de produção desse sistema nanométrico. O tempo necessário para a produção de um implante artificial regenerativo manométrico depende do tamanho da fratura óssea. Os usados nos testes do estudo foram confeccionados em 1h30”, informa Kaline Ferreira.

 

Além do professor Eliton Medeiros, também participou do desenvolvimento do dispositivo o docente da Escola Técnica de Saúde (ETS), do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB, Lúcio Castellano. Os resultados obtidos na elaboração da patente estão em processo de revisão final nos periódicos aos quais foram submetidos.

 

Inicialmente, pretende-se explorar a patente através de parcerias com empresas do ramo farmacológico e do segmento de próteses ortopédicas, para que tenham conhecimento das potencialidades da invenção.


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