BRASIL

PMDB quer cortar pastas, mas cobiça Comunicações

Aonde o PMDB quer chegar? Atualmente, esta é a pergunta que não quer calar.

Na terça-feira o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, liderou uma articulação relâmpago e bem sucedida que resultou na aprovação do projeto que determina a imediata aplicação das novas regras de correção das dívidas de estados e municípios. No Senado, Renan Calheiros atendeu ao pedido do ministro Joaquim Levy para que adiasse a votação mas deu um aviso: Se Dilma vetar, o Congresso poderá derrubar o veto, ficando com a última palavra na matéria. Nesta quarta-feira, esteve para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça a proposta, também patrocinada por Cunha, que reduz os ministérios para vinte. E assim vai se impondo o "parlamentarismo branco", como diz este 247.

O PMDB quer menos ministérios desde que não seja um dos seis que ocupa. Hoje Eduardo Cunha dá seguimento às reuniões do plenário com ministros de Estado para que exponham as diretrizes que estão adotando em suas pastas. O convidado é o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, do PT, e não estará lá por acaso. A ordem dos convites tem sua lógica. O PMDB vem dizendo que não quer cargos e até desdenhou o MEC, de onde defenestrou o ex-ministro Cid Gomes. No discurso, diz que deseja apenas participar das decisões centrais do Governo mas cobiça, para valer, a pasta de Berzoini (além de ter sob a mira o ministro das Cidades, Gilberto Kassab).

O Minicom, como é chamado o Ministério das Comunicações, é uma pasta apetitosa para os políticos, por regular tanto a radiodifusão como as telecomunicações, mexendo com os interesses dos concessionários dos grandes grupos de rádio e televisão e com o jogo poderoso das teles. Cunha não esconde seu relacionamento com as teles, como fez durante a tramitação do projeto que resultou no Marco Civil da Internet. Muitos peemedebistas são controladores de redes regionais de televisão.

Berzoini tem traquejo de sobra para enfrentar o plenário mas deve saber que estará pisando em campo minado. Uma das provocações que lhe serão feitas, certamente, dirá respeito ao projeto de regulação da mídia. Antes da crise em curso ele planejava deflagrar o debate sobre o assunto no segundo semestre, começando por um conjunto de audiências públicas mas, desde que o tempo fechou para o governo Dilma, ele vem evitando o assunto. Não há clima, pois o PMDB, desnecessário dizer, é contra. Apoia-se no genérico jargão de que combaterá toda e qualquer tentativa de limitar a liberdade de expressão, como se fosse disso que se tratasse.

Por Tereza Cruvinel, do 247


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