O filólogo Ricardo Cavaliere, 69 anos, foi eleito na tarde desta quinta-feira (27) para a cadeira número oito da Academia Brasileira de Letras, derrotando o quadrinista Mauricio de Sousa. Cavaliere era a primeira escolha à vaga antes de o pai da “Turma da Mônica” apresentar seu nome na disputa, em março, em substituição à professora Cleonice Berardinelli, morta em janeiro.
O favoritismo de Cavaliere parecia ameaçado pela popularidade do cartunista, mas isso não se consolidou na votação. Ele teve 35 votos contra apenas 2 em favor de Mauricio. Doutor em língua portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor aposentado da Universidade Federal Fluminense, Cavaliere é um dos maiores especialistas em letras e linguística do país. Ele trabalhou em seus estudos após o doutorado ao lado de Evanildo Bechara, imortal da ABL de 95 anos e referência absoluta nos estudos de gramática no país.
Concorriam, além de Mauricio e Cavaliere, os escritores Elois Angelos D’Arachosia, James Akel, Joaquim Branco e o advogado José Alberto Couto Maciel.
Recentemente, críticas disparadas por Akel, que também cobiçava a vaga, repercutiram na imprensa e na web. Ele chegou a dizer que gibi não era literatura de verdade e que Mauricio de Sousa não tinha o que acrescentar à ABL. As falas geraram reações.
Mauricio de Sousa respondeu aos ataques dirigidos a ele afirmando que quadrinhos “são revolucionários porque ficam entre a literatura e as artes gráficas” e lembrando o americano Will Eisner, que o ensinou “que a linguagem dos quadrinhos é uma revolução de ideias”.
Pela segunda vez na história, os acadêmicos votaram em urnas eletrônicas, emprestadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, para eleger o novo imortal. A primeira foi na semana passada, quando Heloisa Buarque de Hollanda foi escolhida para a vaga que era de Nélida Piñon.
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