BRASIL

Preso na Lava Jato tinha acesso amplo e direto à sede do governo Lula, diz MP

 

Preso na 21ª fase da Operação Lava Jato, o pecuarista José Carlos Bumlai tinha "amplo e direto acesso ao Palácio do Planalto" na época em que Luiz Inácio Lula da Silva era presidente, afirmaram procuradores do Ministério Público Federal, na manhã desta terça-feira (24). 

A facilidade com que o pecuarista circulava pela sede do governo federal petista era tão grande que acabou levando à nomeação da nova fase da investigação – batizada Operação Passe Livre, justamente pelo livre acesso que ele tinha.

"Não existe comprovação da interseção do ex-presidente no caso. A ordem teria vindo de cima, mas não há provas ainda em relação a isso", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, em coletiva de imprensa realizada em Curitiba.

Os investigadores não souberam explicar o motivo pelo qual o acesso do pecuarista ao Planalto era tão frequente. "Investigamos a origem desses diversos empréstimos e se eles tiveram motivação politica. É isso o que queremos saber", completou.


Segundo os procuradores, às vésperas da assinatura do contrato de US$ 1,6 bilhão da Schahin Engenharia com a Petrobras para operação de um navio-sonda da estatal, "uma complexa engenharia" financeira levou à venda de embriões por parte do pecuarista para quitar a dívida.A principal linha da 21ª fase da operação é a de que Bumlai utilizou contratos firmados com a Petrobras para quitar empréstimos, entre eles um de R$ 12 milhões, contraídos com o Banco Schahin. De acordo com o procurador Diogo Castor de Mattos, há ainda ao menos uma dezena de empréstimos semelhantes envolvendo pessoas ligadas ao pecuarista, em valores que somam dezenas de milhões de reais. 

Para a Polícia Federal, o recibo de quitação deixa claro que houve vantagem indevida de funcionários da Petrobras para os cuidados da Plataforma Vitória, assumida pela empresa de engenharia. 

A Receita Federal, que trabalhou em conjunto com a Polícia e o Ministério Público Federal na atual fase da operação, afirmou que seu trabalho foi analisar a evolução patrimonial dos envolvidos e a origem desse dinheiro. "A série de empréstimos serviu para dissimular o real destino ou para dar recursos ao aumento patrimonial", disse auditor da Receita na coletiva. 

Pecuarista, empresário do setor sucroalcooleiro e amigo do ex-presidente Lula, Bumlai teve seu nome citado pela primeira vez na investigação nas delações premiadas de Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras, e do lobista Fernando Soares – o Fernando Baiano.

Segundo Baiano, o pecuarista recebeu R$ 2 milhões para intermediar um contrato da estatal junto a Lula. Bumlai seria ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES nesta terça-feira, mas, segundo os procuradores, por coincidência, a prisão preventiva emitida pela Justiça Federal, sem prazo para ser encerrada, postergou o depoimento. 

 

Palácio do Planalto no início da semana passada: pecuarista entrave e saía quando queria
Divulgação

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IG


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