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Produção de mel muda a vida de 1500 famílias no interior do Piauí

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Por Luan Matias

A criação de abelhas é uma atividade pré-histórica e inclui técnicas de criação e extração de substâncias como mel, cera, geleia e própolis. Além de contribuir com a manutenção e preservação de ecossistemas, essa antiga prática, conhecida como apicultura, tem mudado a realidade de muitas famílias do Piauí, sendo responsável direta por impactos sociais, econômicos e ambientais, especialmente no interior do estado.

Para 2015, a estimativa é de que 400 toneladas de mel sejam produzidas, maior safra na história do estado e responsável por fazer do Piauí o principal produtor do Brasil. O inverno favorável foi um fator primordial para o sucesso e grande parte do produto já tem destino certo: os Estados Unidos. Recentemente uma equipe norte-americana esteve na cidade de Simplício Mendes, onde inspecionou e atestou a qualidade da produção.

A Europa é outra grande importadora do mel piauiense. Só na primeira metade do mês de julho, três contêineres foram carregados em Simplício Mendes – dois para os Estados Unidos e um para a Inglaterra. Anualmente, as empresas importadoras verificam in loco todas as etapas da cadeia produtiva.

Um dos fatores que favorecem esse sucesso é o trabalho feito através de associações e cooperativas, responsáveis por fortalecer os pequenos produtores e possibilitar o crescimento da cultura no Piauí, através do suporte dado desde as primeiras etapas da produção até o comércio. “Esse apoio foi construído ao longo de muitos anos e contou com diversos parceiros, como o Sebrae, o Banco do Brasil e o Governo do Estado”, disse João Batista, diretor administrativo da Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes – Comapi, que hoje conta com 700 cooperados, atende a mais de mil apicultores e possui cerca de 35 mil colmeias distribuídas em apiários de dez municípios da região.

Por ter uma produção que envolve várias etapas e necessitar de funções específicas, a apicultura propicia a geração de novos empregos e aumento de renda – muitos agricultores migraram para a área. Hoje são aproximadamente 1.500 famílias vivendo diretamente da prática no estado. “Todos os apicultores também são agricultores, que hoje investem mais na produção de mel por ela ser mais lucrativa; as outras culturas são difíceis”, explicou João Batista.

Além do impacto econômico na vida das famílias envolvidas, fatores sociais e ambientais são influenciados diretamente pelo sucesso da produção do mel. “O êxodo rural caiu significativamente na região. Para não perder a certificação de orgânico, os produtores deixaram de utilizar agrotóxico. Também diminuiu o desmatamento, pois isso afastaria as abelhas”, explicou Batista. Atualmente um balde com 25 kg de mel é vendido por R$ 195,00.

O interior do Piauí tornou-se referência na produção de mel. Recentemente uma equipe composta por 20 apicultores de Pernambuco esteve no local. A coordenadora do intercâmbio, Joseana Ferreira, explicou o intuito da visita. “O objetivo é entender como funciona a gestão da cooperativa de Simplício Mendes, que tem alcançado êxito ao longo dos anos” atestou.

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