BRASIL

Projeto pioneiro lança 1º Sandbox de Integridade Esportiva para monitorar apostas on line

Por Luciana Leão

 

 

Os números são alarmantes e mais ainda quando o Banco Central do Brasil (BCB) divulgou recentemente, na última terça-feira (23) em resposta à solicitação do senador Omar José Abdel Aziz (PSD-AM) uma análise técnica sobre o mercado de apostas on line no Brasil e o perfil dos apostadores.

 

 

Segundo o BCB cerca de 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar e apostas, realizando ao menos uma transferência via Pix para as empresas (bets) durante o período analisado. Em relação ao perfil dos apostadores, a maioria tem entre 20 e 30 anos, embora as apostas sejam realizadas por indivíduos de diferentes faixas etárias. 

 

 

O valor médio mensal das transferências aumenta conforme a idade: para os mais jovens, o valor gira em torno de R$ 100 por mês, enquanto para os mais velhos o valor ultrapassa R$ 3.000 por mês, de acordo com os dados de agosto de 2024. 

 

 

 

Bolsa Família

 

 

Ainda em relação ao perfil dos apostadores, estima-se que, em agosto de 2024, cinco milhões de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do Bolsa Família (PBF) enviaram R$ 3 bilhões às empresas de aposta utilizando a plataforma Pix, sendo a média dos valores gastos por pessoa de R$ 100. Dessas pessoas apostadoras, quatro milhões (70%) são os chefes de família (quem de fato recebe o benefício) e enviaram R$ 2 bilhões (67%) por Pix para as bets.

 

 

Esses números, segundo a Nota Técnica do BCB, se originam de um primeiro levantamento feito, com base em estimativas de valores apostados em agosto de 2024 a partir de transações via Pix. Para identificar as pessoas em grande vulnerabilidade financeira, utilizou-se a informação de beneficiários do PBF existente em dezembro de 2023. 

 

 

Cerca de 17% desses cadastrados apostaram no período. A proporção de apostadores é praticamente o mesmo quando se examina apenas quem de fato recebe o benefício governamental, os chefes de família. Esses resultados estão em linha com outros levantamentos que apontam as famílias de baixa renda como as mais prejudicadas pela atividade das apostas esportivas.

 

 

“Razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira. O BCB está· atento ao tema e precisa ainda de mais dados e tempo para avaliar com maior robustez suas implicações para a economia, a estabilidade financeira e o bem-estar financeiro da população”, sugere a Nota Técnica do BCB.

 

 

Motivação 

 

 Com base nas estatísticas alarmantes e impulsionados pela necessidade urgente de mudança, a Mooh!Tech lança o primeiro Sandbox de Integridade Esportiva no Brasil, como parte do Global Sports Integrity Observatory (GSIO) ou Observatório Global de Integridade Esportiva.

 

 

O Sandbox de Integridade Esportiva é uma iniciativa pioneira com o objetivo de monitorar o esporte, especialmente o futebol, e coibir a manipulação de resultados, uma das maiores ameaças à integridade esportiva global. Além de proteger a justiça no esporte, o projeto visa minimizar os impactos sociais negativos que esses escândalos podem gerar.

 

 

“Mas nossa missão vai além do combate à manipulação de resultados. O Sandbox também tem como foco a prevenção do vício em jogos de azar, por meio de programas educativos voltados à conscientização da população, em parceria com casas de apostas e outros stakeholders do projeto. Esses programas serão desenvolvidos para alertar a sociedade, especialmente as populações mais vulneráveis, sobre os riscos do vício em jogos e como evitá-los”, diz o CEO da Mooh!Tech e líder da iniciativa, Everton Cruz.

 

 

Confira a entrevista exclusiva ao site da RNE:

 

RNE – Como os senhores tiveram a ideia de fazer esse movimento global e local?

 

Everton CruzÉ importante destacar que este projeto, inovador e necessário, foi incentivado por presidentes de federações de futebol que estão profundamente preocupados com o cenário atual das apostas esportivas no Brasil e no mundo. Essas lideranças mantêm um diálogo constante com a sociedade em busca de melhorias e segurança não apenas para o esporte, mas também para a comunidade em geral.

 

RNE – Quais objetivos do movimento que a sua empresa e o GSIO pretendem chegar com o Sandbox?

 

Everton Cruz – O Sandbox de Integridade Esportiva é uma iniciativa pioneira com o objetivo de monitorar o esporte, especialmente o futebol, e coibir a manipulação de resultados, uma das maiores ameaças à integridade esportiva global. Além de proteger a justiça no esporte, o projeto visa minimizar os impactos sociais negativos que esses escândalos podem gerar.

 

 

Monitoramento

 

 

RNE – O Observatório Global de Integridade Esportiva está funcionando aqui no Brasil? Como monitoram? Explica melhor o GSIO.

 

Everton Cruz – Sim. Nossa missão vai além do combate à manipulação de resultados. O Sandbox também tem como foco a prevenção do vício em jogos de azar, por meio de programas educativos voltados à conscientização da população, em parceria com casas de apostas e outros stakeholders do projeto. Esses programas serão desenvolvidos para alertar a sociedade, especialmente as populações mais vulneráveis, sobre os riscos do vício em jogos e como evitá-los.

 

Para monitorar as bets elas têm de definir qual selo querem. Definido isso, acionamos nossos parceiros para cada um definir qual abordagem será feita e quais dados serão solicitados das bets para fazer a auditoria.

 

 

Certificações

 

RNE – Como as certificações vão acontecer na prática? 

 

Everton Cruz – Além do monitoramento, o Sandbox irá certificar as casas de apostas que adotarem práticas responsáveis e transparentes, por meio de selos como Safe Game (jogo seguro), Clear Game (jogo limpo) e Fair Game (jogo justo)

 

 

 

 

Parceiros e união de forças

 

 

RNE – Quais parceiros pelo Brasil já aderiram ao projeto?

 

Em parceria com a Fundação ABRINQ, certificamos iniciativas sociais com o selo Community Game (selo Comunidade), promovendo impacto social positivo e reforçando a responsabilidade social dessas empresas. Trata-se de uma iniciativa sem fins lucrativos. 

 

 

 

Chamamos ABRINQ para monitorar os projetos sociais das bets e ter certeza que não é lavagem de dinheiro, mas não queremos apenas a ABRINQ conosco, queremos mais fundações sociais para unir forças. 

 

Chamamos as federações de futebol, mas queremos também as federações de outros esportes. Assim como, OAB, MPF, escritórios de advocacia, jornais, sites de notícias, podcasts, influenciadores digitais comprometidos, empresas de tecnologia, Porto Digital do Recife, IPT de São Paulo, Tecpar do Paraná. 

 

Queremos todos unidos nessa frente e unir as bets para que essas sejam também promotoras da consciência esportiva e social entre os seus usuários. Quanto mais pessoas no Observatório (empresas e parceiros), mais alcance e mais fácil vai ser o de levar a conscientização para a população.

 

RNE – Quais os próximos passos?

 

Everton Cruz – Estamos determinados a fazer a diferença e construir um ambiente esportivo mais justo, transparente e seguro, impactando positivamente o esporte e a sociedade.

 

Pensamos no futuro criar ferramentas para automatizar o processo, não nós, mas indicar parceiros como empresas de tecnologia que aderirem ao projeto. Mas, no momento, trabalhamos como consultoria e auditoria propondo boas práticas e auditando os dados fornecidos de acordo com a expertise de cada parceiro.

 

Raio X da Nota Técnica do Banco Central do Brasil

 

 

>R$ 1 de cada R$ 5 pagos para o Bolsa Família em agosto foi gasto com bets.

 

>R$ 3 bilhões de R$ 14,1 bilhões. 

 

>Isso só via PIX. Sem contar outras formas de pagamento.

 

 

Saiba Mais  sobre a legislação que trata sobre a Integridade das Apostas on line

 

 

Art. 19. O agente operador adotará mecanismos de segurança e integridade na realização da loteria de apostas de quota fixa, observado o disposto na regulamentação do Ministério da Fazenda e na Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).

 

 

  • 1º Os eventos esportivos objeto de apostas de quota fixa contarão com ações de mitigação de manipulação de resultados e de corrupção nos eventos reais de temática esportiva, por parte do agente operador, em observância ao disposto no art. 177 da Lei nº 14.597, de 14 de junho de 2023(Lei Geral do Esporte), e na regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda.

 

  • 2º O agente operador integrará organismo nacional ou internacional de monitoramento da integridade esportiva.

 

 

Art. 20. São nulas de pleno direito as apostas realizadas com a finalidade de obter ou assegurar vantagens ou ganhos com a manipulação de resultados e a corrupção nos eventos reais de temática esportiva.

 

 

Parágrafo único. Podem ser suspensos os pagamentos de prêmios oriundos de apostas investigadas sobre as quais recaia fundada dúvida quanto à manipulação de resultados ou corrupção nos eventos de temática esportiva.


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