BRASIL

PT pressiona Dilma a defender nova eleição já

Cientes de que será inevitável a queda do poder, ministros petistas defendem que a presidente Dilma Rousseff abrace a tese de antecipar a eleição presidencial antes de ser afastada pelo Senado, votação prevista para 11 de maio. Se aprovada o afastamento, a notificação para deixar o poder por até 180 dias a fim de aguardar o julgamento do Senado aconteceria no dia 12 de maio.

É grande a pressão de ministros petistas e do partido da presidente. A ideia seria deixar em segundo plano a defesa do mandato e a luta contra o impeachment e passar a fazer abertamente uma campanha para que seja aprovada uma emenda constitucional que antecipe a eleição presidencial de 2018 para outubro deste ano, junto com as disputas municipais.

A pressão para que a presidente faça logo isso se deve ao diagnóstico de que a proposta teria mais credibilidade do que quando Dilma for afastada do poder. Havia ministros que defendiam que a presidente fizesse tal proposição antes da votação na Câmara, que muitos sabiam dias antes que já estava perdida.

Essa ideia tem complicadores. Precisaria ser aprovada pelo Congresso e há divergência sobre a constitucionalidade, mas ministros petistas acham que seria mais realista e melhor lutar por ela do que pela ilusão de barrar o impeachment.

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Governo Temer ganha rosto

O futuro governo do vice-presidente Michel Temer vem ganhando rosto, com o surgimento de nomes para o ministério e o debate sobre medidas econômicas e políticas. Está madura a ida de Henrique Meirelles para a Fazenda. Como o blog já havia informado no sábado e na segunda, Temer encontrou seu ministro da Fazenda e, se assumisse o poder hoje, o ex-presidente do Banco Central no governo Lula seria o substituto de Nelson Barbosa.

A boa repercussão que o nome de Meirelles vem recebendo no mercado financeiro só confirma esse caminho. Está descartada a ida do senador tucano José Serra para a Fazenda. Há muita resistência do mercado financeiro a Serra. O PSDB não gostou de o senador paulista negociar diretamente uma eventual participação.

Outros nomes que estão maduros são o de Eliseu Padilha para a Casa Civil e o de Geddel Vieira Lima para a articulação política. Moreira Franco deverá cuidar de leilões e concessões de infraestrutura, seja como ministro, seja como secretário.

Para a Justiça, Temer gostaria de indicar o advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira, alguém da sua confiança pessoal, mas há resistência dos investigadores da Lava Jato. Esse debate ainda vai correr pelos próximos dias até uma definição.

Em termos de medidas, está claro que Temer deseja evitar aumento de impostos, mas pode admitir alta temporária. Meirelles cogita uma ação nesse sentido. Essa decisão vai depender do tamanho do corte de gastos que Temer fará e poderá realizar.

Temer não pretende mexer na regra de reajuste real do salário mínimo. Deve deixar esse tema para a eleição de 2018. Haverá reajuste real para o benefício do Bolsa Família, a fim de repor a inflação do período sem correção.

Ainda é fumaça, mas já há discussão sobre uma reforma da Previdência que combine idade mínima e tempo de contribuição e que seja feita com cautela. Em termos de reforma política, existe debate com diversos partidos sobre cláusula de barreira, voto distrital misto e uma nova regra de financiamento eleitoral privado. Mas pequenos partidos que apoiaram o impeachment deverão reagir contra.

Antes de definir medidas políticas, Temer está amarrando o apoio dos partidos. Em relação ao PSDB, o mais provável é o partido apoiar formalmente o governo no Congresso e autorizar os convites que Temer julgar pertinentes a tucanos a fim de que integrem sua equipe.

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STF deve resposta ao país sobre Cunha

O depoimento do lobista Fernando Baiano ao Conselho de Ética da Câmara desgasta politicamente Eduardo Cunha, apesar de o peemedebista dar mostras de que consegue se segurar na cadeira. O lobista disse ter entregue diretamente a Cunha R$ 4 milhões de propina em espécie.

O papel de condutor do impeachment na Câmara já manchará historicamente a provável queda de Dilma. O depoimento de Fernando Baiano transforma Cunha num grande problema para um eventual governo Temer. Como começar uma nova fase com alguém tão cercado por acusações de corrupção?

No PMDB, há pressão para que Cunha renuncie à presidência da Câmara e fique apenas como um deputado federal que usaria o foro privilegiado para responder às acusações no âmbito da Lava Jato. Mas ele resiste.

O STF (Supremo Tribunal Federal) tem sido lento e omisso ao analisar o pedido de afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara, pleito feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Há resistência no STF em fazer tão grave intervenção num outro poder. Mas a intensidade das acusações de corrupção contra Cunha demandariam uma posição do Supremo, nem que fosse para explicitar que não acha conveniente tirar do cargo um presidente de poder. Seria mais honesto com o país enfrentar logo essa questão.


Blog do Kennedy


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