BRASIL

Reportagem da NORDESTE mostra reaquecimento da indústria naval

Imagine um navio maior que dois campos de futebol, com 247 metros, equivalente a 15 quadras de vôlei, mais alto que o Cristo Redentor e quase da altura da Torre de Pisa, com 51,6 metros. Essas são as medidas do João Cândido, primeiro navio petroleiro encomendado pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, que já deixou o estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, em direção ao mar. Desde 2012, a embarcação está navegando em águas brasileiras.

Para esse ano, a expectativa é de bater o recorde de recebimento de novos navios. O Promef prevê o recebimento de seis deles e três comboios hidroviários construídos por estaleiros brasileiros. Até 2020, a frota passará dos atuais 60 para 110 navios.

As encomendas permitiram a abertura de três novos estaleiros no Brasil – Estaleiro Atlântico Sul, STX Promar e Estaleiro Rio Tietê. No Nordeste merecem destaque as operações do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) e o Estaleiro Vard Promar, ambos em Suape (PE). Segundo a Transpetro, o Promef tem as seguintes premissas: construir navios no Brasil; alcançar índice de conteúdo nacional mínimo de 65% na primeira fase, e de 70% na segunda fase; e atingir competitividade internacional.

A intensificação na construção de navios no Brasil é apenas uma das consequências da expansão da indústria naval brasileira, que na década de 70 ocupou o posto de segunda maior do mundo, mas passou por períodos de abandono culminando com a sua quase extinção no começo deste século. As atividades nesse setor se estagnaram na década de 90. Segundo o deputado Edson Santos (PT/RJ), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Marítima Brasileira, o Brasil, a partir dos anos 80, entrou em séria crise financeira que afetou a indústria marítima ancorada principalmente nas encomendas da Petrobras. Como não havia contratação de navios por parte da empresa que liderava as compras de embarcações, o mercado naval afundou.

No início dos anos 2000, os estaleiros do Brasil tinham menos de 2 mil empregados e a frota nacional de petroleiros estava envelhecida, já que, sem novas encomendas, em pouco tempo não haveria mais navios brasileiros. Foi a parti daí, que começou o reaquecimento dessa indústria, quando a Petrobras deu início à conversão de duas embarcações petroleiras nas unidades de produção do tipo FPSO (Floating production storage and offloading) P-43 e P-48, destinadas aos campos de Barracuda e Caratinga, respectivamente, na Bacia de Campos.

“Nós estávamos contribuindo para geração de renda do exterior, como Cingapura e Japão, menos daqui. Com o presidente Lula, o governo entendeu que precisava produzir esses equipamentos para gerar emprego e independência na indústria do petróleo, e que para o país ficasse soberano na forma como deve atuar nessa área. O Brasil já foi um dos primeiros do mundo nessa produção e hoje tem a possibilidade de retomar esse posto. Atualmente, a Coréia do Sul é um dos grandes produtores mundiais”, compara Edson Santos.
 

(Leia a matéria completa na edição nº89 da Revista NORDESTE, já em todas as bancas do país)


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