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Revista NORDESTE: A vez do bioma Caatinga: criação de fundo é entregue à ministra Marina Silva

O destaque principal da edição 202 da Revista NORDESTE é a criação do Fundo Caatinga, uma iniciativa conjunta do Consórcio Nordeste e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES).

 

A ministra do Meio Ambiente e Sustentabilidade, Marina Silva, recebeu a minuta do projeto em outubro, destacando a relevância da proposta para o financiamento de projetos sustentáveis na região, como manejo sustentável, recuperação de áreas degradadas e projetos de energia sustentável.

 

Leia a nova NORDESTE aqui ou abaixo:

 

A VEZ DO BIOMA CAATINGA

 

Minuta, resultado do trabalho conjunto entre o Consórcio Nordeste e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) foi entregue nas mãos da ministra do Meio Ambiente e Sustentabilidade, Marina Silva

 

Por Luciana Leão

 

 

 

A proposta de criação do Fundo Caatinga, resultado de trabalho realizado em conjunto entre o Consórcio Nordeste e o BNDES, foi entregue nas mãos da ministra do Meio Ambiente e Sustentabilidade, Marina Silva, em outubro. Uma proposta similar ao Fundo da Amazônia.

 

Entre os tópicos prioritários apresentados destacam- se: financiamento de projetos para o manejo sustentável, recuperação e revitalização de áreas degradadas, apoio a projetos sustentáveis de geração e distribuição de energia, atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da Caatinga , além da conservação e uso sustentável da biodiversidade.

 

Soluções de resiliência

Apoiar o potencial da bioeconomia, assim como fomentar a agricultura de baixo carbono em pequenas e médias propriedades com objetivo de produzir alimentos e tecnologias sociais já conhecidas da população fazem parte das políticas apresentadas pelo Consórcio Nordeste e equipe de trabalho do BNDES.

 

“Precisamos dar um passo muito maior quando falamos na Caatinga, que ainda é um bioma sub-valorizado. Ainda não temos sequer estudos e pesquisas que evidenciam o potencial completo desse bioma”, destacou Ana Luiza Ferreira, secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha de Pernambuco (Semas-PE), na ocasião da entrega da minuta à ministra Marina Silva.

 

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, também presente ao encontro, enfatizou que “a criação de um fundo específico para o bioma mais brasileiro e tipicamente nordestino é fundamental para ampliar as nossas possibilidades de convívio com o semiárido”.

 

“É preciso recuperar a Caatinga, valorizar sua genética resiliente e potencializar seu banco de sementes agrícolas e nativas”, lembrou o governador.

 

 

Grupo de trabalho será formado pelo Ministério do Meio Ambiente

 

Eduardo Sodré, secretário de meio ambiente da Bahia e coordenador da Câmara Temática do Consórcio Nordeste, reforçou que “a Caatinga deve gozar de um forte sistema de proteção e recaatingamento, e o Fundo da Caatinga, conforme apresentado nessa proposta de decreto, apresenta-se como importante instrumento para a preservação desse bioma tão necessário para o país”.

 

Segundo ele, a busca de investimentos, em especial estrangeiros, conforme é realizado pelo Fundo Amazônia, é instrumento eficaz na preservação de um bioma e a Caatinga deve ser receptora de recursos que assegurem sua preservação o quanto antes, já que enfrenta em alguns pontos já forte processo de degradação ambiental. Estima-se que com o Fundo novas iniciativas possam ser fomentadas na região

 

Segundo a minuta, até 20% do dinheiro poderia ser investido em sistemas de monitoramento e proteção de ecossistemas costeiros e marinhos. O BNDES poderia também usar até 3% das doações para cobrir custos operacionais e despesas relacionadas ao Fundo Caatinga.

 

Grupo de Trabalho

O Ministério do Meio Ambiente se dispôs a montar um grupo de trabalho com o Consórcio Nordeste para elaboração de um Plano para a Caatinga e aprofundar os estudos para criação do Fundo.

 

 

Saiba mais sobre a Caatinga

 

A Caatinga, do tupi “mata branca”, é o único bioma exclusivamente brasileiro. Dotada de uma riquíssima variedade biogenética, a Caatinga é um território que muito tem a ofertar ao Brasil e ao mundo, desde as possibilidades de sequestro de carbono da atmosfera até como sua vegetação, já tão bem adaptada a um ambiente semiárido, pode ensinar ao mundo como construir exemplos de políticas de adaptação climática em territórios com menor acesso à água. Adiciona-se a isso o fato que a Caatinga é uma grande região natural que presta importantes serviços ao planeta. Ela também apresenta índices notáveis de biodiversidade e endemismo. A resiliência das diferentes espécies vegetais que povoam a Caatinga pode, em um mundo que vem sofrendo um processo de mudanças climáticas, ser fonte de adaptações genéticas para maior eficiência agrícola. A sua proteção, assim, é chave para a construção de um mundo adaptado às mudanças do clima e a conservação de sua biodiversidade é crucial para o atingimento dessa finalidade.

 

 

Estudo Caatinga mostra que bioma é um sumidouro de CO²

 

Um estudo liderado pelo pesquisador Bergson Bezerra, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), constatou que o bioma da Caatinga é um dos principais responsáveis pela absorção do maior causador do efeito estufa: o Dióxido de Carbono (CO²).

 

 

Intitulada “Seasonal variation in net ecosystem CO² exchange of a brazilian seasonally dry tropical forest” (ou ‘Variação sazonal na troca líquida de CO² do ecossistema de uma floresta tropical seca brasileira’, em português), a pesquisa foi desenvolvida pelo Grupo de Estudos Observacionais e de Modelagem da Interação Biosfera-Atmosfera (Geoma) da UFRN e publicado pela revista ‘Scientific Reports’.

Resultados

O estudo buscou analisar teorias que consideram ecossistemas secos, como a Caatinga, como ineficientes na absorção do CO², diferentemente dos demais biomas e florestas.

 

No entanto, a pesquisa de Bergson provou justamente o contrário.

“A Caatinga sempre foi tratada como floresta pobre, insignificante, desprezível”, afirmou o pesquisador.

 

Entretanto, na pesquisa, os resultados mostraram que o bioma, durante o período pesquisado (janeiro de 2014 a outubro de 2015) , conseguiu sequestrar cerca de 3 toneladas de carbono por hectare.

 

Tal resultado demonstra que, ao contrário do que se acreditava anteriormente, o bioma é mais eficiente na captação de CO² do que todos os outros tipos de florestas estudadas até então.

 

Um sumidouro de CO²

Devido a essa capacidade, a pesquisa aponta que a Caatinga pode ser classificada como um sumidouro de Dióxido de Carbono. “Um ecossistema é considerado um sumidouro de CO² quando absorve ou sequestra mais CO² do que emite. Um sumidouro é um aliado no combate aos efeitos das mudanças climáticas”, explicou Bergson..

 

A pesquisa foi realizada em parceria entre pesquisadores, estudantes e professores da UFRN, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), de Campina Grande (UFCG), do Oeste do Pará (UFOPA), do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Nacional do Semiárido (Insa).O estudo científico  selecionou a região da Reserva Ecológica (Esec) Seridó, localizada no sul do Rio Grande do Norte, e estudou a captação e liberação de CO² no ecossistema.


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