CEARÁ

Revista NORDESTE: Ceará de olho no mundo oriental

Governador Camilo Santana assina acordo com multinacional chinesa para fabricação de máquinas hospitalares de alta complexidade em Pecém e anuncia construção do Hub da AirFrance no aeroporto de Fortaleza

O estado do Ceará não poderia estar mais internacional. Só no mês de setembro o governador Camilo Santana fechou dois importantes acordos com empresas estrangeiras que trarão grandes benefícios para o estado cearense e também para a região. A companhia multinacional chinesa, Meheco, vai instalar uma fábrica de montagem de máquinas de alta complexidade e imagens (tomógrafos, raios-x, ultrassons) na Zona de Processamento do Ceará, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). O outro acordo foi com a companhia aérea AirFrance/KLM, que vai instalar já em 2018 um centro de conexões de vôos, conhecido como Hub, no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza.
Os investimentos chegam em um bom momento do Estado. Diante da crise econômica e política que assola o pais a mais de um ano, a economia cearense vem mostrando bons resultados ultimamente. Consolidando uma tendência de crescimento, o Produto Interno Bruto do Estado (PIB) registrou alta de 2,17% no segundo trimestre de 2017. O índice nacional no mesmo período foi de 0,3%.
Para celebrar o crescimento do PIB, o governador fez uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook, onde celebrou o crescimento da economia. “Esse crescimento de 2,17%, bem acima do País, mostra a recuperação da economia cearense. Gostaria de parabenizar a indústria, o setor agropecuário, todos os investidores, e dizer que o Ceará é o primeiro em volume de investimentos, em equilíbrio fiscal, em transparência e em educação. E tudo isso impacta diretamente a vida das pessoas, com a geração de emprego, renda”.
Logo Camilo estava embarcando para a cidade de Pequim, na China, onde tinha uma reunião marcada com a Medical Health Company, Meheco. No encontro foi assinado um Memorando de Entendimento (MOU), para o desenvolvimento de soluções para a implementação, construção, financiamento e operação de projetos na área da saúde. Inclui-se aí a fábrica de máquinas hospitalares em Pecém.
“Fiquei muito animado com a perspectiva (de instalação de nova fábrica). A Meheco é uma das maiores empresas do mundo na fabricação de medicamentos e equipamentos na área da saúde. Eles demonstraram muito interesse em fazer investimentos no Ceará. Além de instalar uma fábrica de produção de equipamentos para área da saúde, eles pretendem financiar, por meio do Banco de Desenvolvimento Chinês, equipamentos para a área da saúde pública do Estado do Ceará”, citou o governador Camilo Santana.
De acordo com o governador, existe ainda a possibilidade de a empresa instalar uma segunda unidade (produção de insumos básicos como seringas, luvas e gases) no Polo industrial e Tecnológico da Saúde, no Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza. No local, já está instalada uma unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Ainda na China, Santana participou de um outro encontro, desta vez com o Banco de Desenvolvimento da China. Reunido com o diretor para África e Américas do China Development Bank (CDB), Tian Yunhai. O foco do encontro foi a discussão da participação do banco em programas e projetos apresentados pelo Estado. Atualmente, o CDB tem ativos no valor de 2,2 trilhões de dólares e o Brasil tem sido o principal parceiro para operações no mundo.
“Hoje realizamos reuniões muito importantes aqui na China. Apresentamos o Ceará para o Banco de Desenvolvimento da China. Yunhai confirmou o interesse de financiar projetos importantes do Ceará, como a Refinaria e projetos para a área da saúde. Foram encontros muito produtivos, tanto com o CDB como com a Meheco, que trazem excelentes perspectivas de novos investimentos para nosso estado”, disse o governador durante a visita ao país oriental.
Durante o encontro, o diretor do banco destacou que o CDB pode fortalecer as relações entre a Província de Fujian e o Ceará. Ficou acordado que o Banco de Desenvolvimento da China e o Governo do Ceará trabalharão, a partir de agora, em conjunto para construir uma aliança nas áreas de interesse do Estado. “Queremos ser a porta de entrada dos investimentos chineses no Brasil e na América Latina”, disse o governador.

Ponte para a Europa

Há mais de um ano que Fortaleza estava, junto com Recife e Natal, na disputa para abrigar o Hub da Latam, o centro de conexões de voos que prometia aproximar o Nordeste da Europa. Mas enquanto a companhia brasileira/chilena não se decide, o Governo cearense selou um acordo com os franceses.
O Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, será o centro de conexões de voos no Nordeste das companhias Air France, KLM e Gol a partir de maio de 2018.
As operações terão início com três voos da KLM para Amsterdã, na Holanda, e dois voos para Paris, na França, via Joon, empresa de baixo custo comandada pela Air France.
A Gol também deve reforçar voos para Recife, Salvador, Belém e Manaus, além de criar uma rota Fortaleza-Natal. A empresa é parceira estratégica da Air France-KLM.
Dessa forma, o Nordeste de forma geral, ganha mais uma forma de viajar até a Europa, e com a possibilidade de ter voos mais baratos.
Ao escolher entre Fortaleza, Salvador e Recife para receber os hubs, o grupo formado pelas duas companhias internacionais considerou a proximidade da capital cearense com a Europa e também com capitais do Norte e do Nordeste. A concessão do aeroporto para a alemã Fraport, feita por meio de leilão realizado em março, também pesou na escolha.
No ano passado, para ajudar na escolha, a Câmara Municipal da cidade aprovou lei específica para conceder benefícios fiscais a empresas aéreas que instalassem hubs do aeroporto. Entre as medidas, estão isenção de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) sobre os serviços relacionados à implantação e operação do centro de conexões e redução de 5% para 2% do tributo para serviços como manutenção de aeronaves, hospedagem das tripulações e venda de passagens aéreas e de pacotes turísticos.
Atualmente, a Air France opera 34 voos semanais que partem de São Paulo e do Rio de Janeiro. Já a KLM tem 13 voos por semana partindo também dessas cidades.
O aeroporto de Fortaleza já opera oito voos internacionais, sendo três para a Europa: Lisboa, operado pela TAP; Frankfurt, via Condor; e Roma ou Milão, feito pela Meridiana (os destinos são alternados pela companhia).

Economia cresce
Dois anos atrás, quando o Brasil já enfrentava uma forte crise econômica, muitos estados sofreram com a recessão, incluindo o Ceará. Mas agora o momento é de crescimentoOs acordos selados com as companhias internacionais só tem a contribuir para a crescente economia do estado nordestino. O secretário de Planejamento do Estado, Maia Júnior, destacou o crescimento de 2,17% no segundo trimestre, mesmo diante do cenário de crise. “O Ceará retoma sua pujança no Nordeste e no Brasil. O resultado do PIB do segundo trimestre, que é muito bom dentro do cenário atual, é fruto do impacto da siderúrgica na economia do Estado e do trabalho na gestão fiscal, que tem permitido atuar de forma ampla para retomar nossa economia. Mesmo com seis anos com chuvas abaixo da média e com essa grande crise econômica, temos capacidade de investimento, pagamos salários em dia, realizamos concursos públicos e atraímos investimentos privados, que geram empregos”, afirmou.
No acumulado do ano, o PIB do Ceará registrou alta de 0,77% e o do Brasil ficou estável.
No que se refere aos setores, o destaque foi a agropecuária. No segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, o setor apresentou crescimento de 41,26% no Estado. “Devemos lembrar que estamos nesse processo de crescimento com a seca. Há todo um esforço do Governo do Estado em realizar investimentos e aumentar a oferta hídrica para a população. A falta de chuvas tem um problema grave não só no consumo direto das famílias, como nas atividades produtivas. E esse comportamento estratégico, de estabelecer prioridades, é uma coisa importante que o Estado vem fazendo e que tem um efeito direto no resultado do PIB”, explica o diretor geral do Ipece, Flávio Ataliba.
Já o setor de serviços registrou alta de 0,13% e a indústria teve uma pequena queda (-0,17%). “Neste segundo trimestre nós tivemos o período de colheita. Além disso, a indústria deixou de cair com a velocidade que vinha caindo, e a própria entrada em operação da siderúrgica ajuda a indústria de transformação a ter uma expansão significativa. Hoje, o que é produzido na CSP é a maior pauta de exportação do País, superando inclusive indústrias tradicionais, como a de calçados e a têxtil. Estamos entrando num estágio de desenvolvimento com outro perfil. E, por último, no setor de serviços, que representa 75% da nossa economia, a própria redução do nível de desemprego faz com as pessoas tenham mais renda e, assim, passam a ter mais confiança em gastar seus recursos”, detalha Ataliba. E conclui: “Há dois anos tínhamos entrado em recessão, e agora os números apresentados mostram expansão muito maior do que o que aconteceu na economia nacional. Isso é um sinal importante de que temos saído do processo recessivo. As perspectivas para os próximos trimestres é de confirmar essa tendência”.


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