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Revista NORDESTE destaca a realidade política nas eleições nos 9 estados nordestinos; confira

A edição 188 da Revista NORDESTE apresenta a realidade política dos nove estados nordestinos. A reportagem assinada pelos jornalistas Walter Santos e Luciana Leão aponta as projeções para as eleições de 2022, com tendência natural de troca de cadeiras, modelos de governança partidária, em alguns estados, mas ainda prevalecendo o caráter oligárquico de políticos de dinastias familiares.

Leia a matéria na íntegra:

A REALIDADE POLÍTICA NOS 9 ESTADOS

Projeções indicam cenário incerto diante da interferência de candidatos à disputa presidencial no Nordeste

Por Luciana Leão e Walter Santos

As projeções para eleições de 2022 para governos nos nove estados nordestinos mostram que há uma tendência natural de troca de cadeiras, de modelos de governança partidária, em alguns estados, mas ainda prevalece o caráter oligárquico de políticos de dinastias familiares, em quase todos os Estados e uma interferência do pleito federal.

Na opinião do cientista político Elton Gomes desde o período da redemocratização há uma tendência forte do nível de federalização nas eleições para os governantes. “Em alguns estados as interferências podem ser mais leves, mas é certeza que no Nordeste essa federalização existe e interfere no pleito”.

A análise do cientista político Elton Gomes reverbera nas intenções de votos mostradas nas últimas pesquisas. O risco das disputas irem para o segundo turno é provável em quase todos os nove estados, com exceção assertiva apenas do Rio Grande do Norte, com a provável reeleição da atual governadora Fátima Bezerra do PT.

Onde as oligarquias ganham peso

Gomes cita estados como Alagoas, onde estão os Calheiros e os Lyras. “A linhagem política assume preponderância, aliada, no caso de Alagoas, a um candidato à reeleição”, opina.

Em Alagoas, Paulo Dantas, do MDB, atual governador do estado, em mandato tampão, lidera as pesquisas, com apoio da família Calheiros. Em segundo lugar aparece o senador Rodrigo Cunha (União Brasil), com apoio do deputado Arthur Lyra, presidente da Câmara Federal e em terceira posição, o senador, ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, que apoia Bolsonaro à Presidência.

Reprodução: Revista NORDESTE

União Brasil lidera com ACM Neto na Bahia

Na Bahia, outro exemplo de forte influência de famílias tradicionais está simbolizada no ex-prefeito de Salvador ACM Neto, neto e filho de político tradicional, que continua na liderança da corrida estadual, seguido do candidato governista, o petista Jerônimo Albuquerque.
Acredita-se que, se não houver nenhum fator surpresa, a disputa no estado baiano deve ser selada já no primeiro turno. “Diria que a transferência de votos do atual governador Rui Costa para o seu candidato não daria tempo de termos um segundo turno”.
No caso de ACM Neto, Elton Gomes acrescenta ainda que a estratégia usada pelo ex- prefeito de procurar e manter o legado familiar e pessoal está dando certo, acrescido da desvinculação de qualquer candidato à presidência da República.
“Agora, se não houver segundo turno, a União Brasil, pode vir a tomar uma posição pró-Bolsonaro no segundo tempo dos presidenciáveis. É uma federalização de partidos forte. Nesse primeiro turno, o lançamento da senadora Soraya pode ser considerada uma boa jogada da UB”.

Em síntese, o PT e Rui Costa ainda apostam em virada.

Capitão Wagner ainda lidera no Ceará

No Ceará, a ruptura do PDT e PT, uma aliança mantida por vários anos, deflagrou a moeda da polarização correndo o risco de eleger o bolsonarista Capitão Wagner e, por tabela, depois de algumas décadas a direita ultraconservadora voltar ao poder naquele estado.

Porém, pelas últimas pesquisas há chance de ocorrer o segundo turno, sob a liderança do bolsonarista Capitão Wagner. Em segundo, empatados tecnicamente o candidato petista Elmano Freitas, com apoio da governadora Izolda Cela, que deixou o PDT, após não obter a chancela para sua candidatura, e o ex-prefeito Roberto Cláudio, do PDT. Freitas pode surpreender já que tem ao seu lado o ex-governador Camilo Santana, líder incontestável ao Senado Federal.

Empate técnico para o Palácio dos Leões

No Maranhão, a disputa pelo assento ao Palácio dos Leões, é claramente uma “briga” de partidos esquerdistas: o PDB e o PDT, que aparecem empatados tecnicamente o atual governador do estado, Carlos Brandão (PSB), que tenta sua reeleição, segundo o mais recente levantamento do Ipec (ex-Ibope), diante do senador Weverton Rocha (PDT).

“Não sabemos ainda se o candidato bolsonarista, o Laércio Bonfim, teria tempo de ganhar alguns pontos após as comemorações do Dia da Independência. Por outro lado, Carlos Brandão tem a vantagem de ter a máquina a seu favor. Então, diria que é mais provável termos dois perfis esquerdistas no segundo turno”, aponta Gomes.

Na Paraíba, atual governador lidera

Os paraibanos ainda estão indecisos de quem será o concorrente para o segundo turno frente o atual governador João Azevêdo (PSB).

Lá, o ambiente é mais disputado para quem chancela o apoio a Lula.

A disputa pelo segundo lugar está acirrada, entre o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB). Ambos, oriundos de famílias e grupos tradicionais da política local. Cunha Lima é filho e neto dos ex-governadores Cássio e Ronaldo Cunha Lima. Mas, no estado o candidato bolsonarista, Nilvan Ferreira de esforça para chegar em segundo.

“Paraíba mostra a baixa consistência pragmática das candidaturas, onde os dois principais candidatos disputam o palanque do candidato à Presidência pelo PT. Isso demonstra nada de novo em se tratando de política nordestina”, pontua o cientista político.

Seja como for, João Azevedo Sr. mantém com chances de reeleição.

Ex-petista lidera em Pernambuco

Em Pernambuco, a tendência é que ocorra o segundo turno com a liderança da candidata Marília Arraes, do Solidariedade, neta do ex-governador Miguel Arraes.

Agora, quem estará ao lado dela, permanece uma incógnita, entretanto, pelas últimas pesquisas divulgadas o fator surpresa é o candidato bolsonarista, ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira. “Diferente dos outros candidatos no Nordeste, Anderson apostou no Bolsonaro e no amplo apoio que possui junto ao eleitorado evangélico”.

Já Raquel Lyra, do PSDB, esperava-se mais pela sua alta desenvoltura como ex-prefeita de Caruaru, no Agreste pernambucano, porém teve uma baixa nos recentes prognósticos e se iguala agora a Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina, pela União Brasil, e Danilo Cabral, do PSB, candidato governista, que aparecem tecnicamente empatados, se forem consideradas as margens de erros das pesquisas.

No Piauí, PT resiste, mas situação é incerta

No Piauí, na avaliação de Elton Gomes, é um “estado anômalo”, nessas eleições, por que não tem que referendar o continuísmo, apesar de uma forte performance do ex-governador Wellington Dias, do PT, frente ao governo, o candidato oposicionista da União Brasil, Sílvio Mendes, lidera a disputa das intenções de voto, seguido de Rafael Fonteles, do PT. A tendência é não haver segundo turno, se não houver algum imprevisto até o dia 2 de outubro.

“Vejo que ainda não ocorreu a tempo a transferência de votos de Wellington Dias para o seu candidato, o Fonteles. Talvez, pela fadiga do material político que trouxe algum desgaste, como o lockdown durante a Pandemia, quando exercia a presidência do Consórcio Nordeste. Isso pode ter afastado apoiadores”.

Mesmo assim, Wellington tem cacife e ao lado se Lula pode levar seu candidato ao segundo turno e vitória.

Rio Grande do Norte deve reeleger petista

Rio Grande do Norte é o único estado com eleições aparentemente com resultado assertivo com a reeleição da atual governadora Fátima Bezerra, do PT.

Em Sergipe, imbróglio jurídico confunde eleitorado

E, por último, em Sergipe, apesar de o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), manter a inelegibilidade do candidato ao governo de Sergipe, Valmir de Francisquinho (PL), ele continua na frente das pesquisas, seguido de Fábio Cruz (PSD), Rogério Carvalho (PT) e Delegado Alessandro (PSDB).

Francisquinho, ex-prefeito de Itabaiana, importante cidade sergipana, aposta todas as fichas em futuras disputas de recursos no TSE, e segue liderando a disputa. “Se ele ganha a eleição, não é usual o TSE impugnar, mas tudo é provável”.

Reprodução: Revista NORDESTE


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