NORDESTE

Revista NORDESTE: Especialista explica impacto dos investimentos e efeitos da criação do Fundo da Caatinga

A economista renomada Tânia Bacelar analisa, na nova edição da NORDESTE,  os efeitos dos investimentos provenientes do Fundo da Caatinga na agenda internacional, especialmente considerando a iminente COP 28.

 

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Por Walter Santos

 

 

O novo tempo da conjuntura sócio – econômica do Nordeste aponta para a necessidade da conjuntura brasileira apontando a realidade do Fundo da Caatinga na agenda da COP 28. Examine análise da economista renomada Tânia Bacelar.

 

 

Revista NORDESTE – qual o efeito, na sua opinião, da exposição do Bioma nordestino diante de cenas que abrigavam apenas informes sobre a Amazônia, por exemplo?

Tânia Bacelar – Colocar o bioma caatinga na agenda de prioridades estratégicas nacionais é muito importante para o desenvolvimento nordestino e brasileiro, especialmente no momento no qual o debate mundial foca na transição para um desenvolvimento econômico que respeite a dinâmica dos ecossistemas naturais. Até aqui, o grande protagonista era a Amazônia. Mas, barrar a desertificação do bioma caatinga é importante, assim como reverter o desmatamento da floresta amazônica.  Mas a caatinga precisa ocupar este espaço, pelo menos por duas razões: a) é um repositório de rica biodiversidade, especialmente na sua fauna e flora, empanadas por uma visão antiga e superada de um lugar de terras esturricadas e um repositório de pobres sem futuro; b) experimenta um momento muito alvissareiro no qual o velho tripé gado x algodão x policultura de alimentos, estruturado sob o comando da pecuária e resistente a mudanças, ruiu, em especial após o fim da presença do algodão. E o PISF levou água para lugares onde ela era rara ou de presença irregular, muitas das quais abrigam terras férteis.  É hora de mudar: dizem a natureza e a economia.

 

NORDESTE – Quais os efeitos a curto e médio prazos diante da criação do Fundo da CAATINGA?

Tânia Bacelar – O primeiro efeito é o de chamar a atenção dos formuladores de políticas públicas, dos empreendedores e da sociedade em geral, de que a caatinga tem um novo destino em tempos de crise ambiental e crises socioeconômicas, cuja superação requer propostas disruptivas e ousadas.  E que elas estão latentes, no aguardo de um choque de conhecimento, em especial da bioeconomia, e de uma releitura de seu potencial.

 

NORDESTE – como o semiárido nordestino conviverá em termos de impacto com reforço orçamentário em áreas secularmente desprovidas?

Tânia Bacelar – Diria que a região está pronta para abrigar novas e ousadas iniciativas e para acolher um fluxo importante de recursos públicos e privados, nacionais e internacionais. Na natureza dos projetos a serem financiados está o xis da questão, para que o retorno econômico e social justifique a firme opção por um outro futuro para quem vive e/ou aposta nesse território. A oportunidade requer ousadia,como a do BNDES e de quem propuser iniciativas lastreadas no avanço do conhecimento (que muitas vezes dialoga com o saber acumulado pelos que lá vivem, a exemplo da valorização dos fitoterápicos).

 

NORDESTE – qual o papel do Consórcio dos 9 estados nesta formulação estratégica?

Tânia Bacelar – Papel estratégico de lastrear o protagonismo dos Governos Estaduais do Nordeste na construção de iniciativas inovadoras e consistentes, ousadas e viáveis para promover a reorientação da base produtiva e a melhoria da qualidade de vida neste amplo território, que abriga o único bioma caatinga ado mundo. Cabe ao consorcio ser um lócus de articulação estratégica.


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