NORDESTE

Revista NORDESTE: Executivos chineses e Governo da Bahia discutem início das obras da ponte Salvador-Itaparica e novos investimentos

A edição de nº 173 da Revista NORDESTE já está nas bancas e disponível para leitura virtual (CLIQUE AQUI para acessar). Uma das matérias de destaque trata sobre as negociações envolvendo executivos dos grupos chineses CRCC Investimento Latino-América e CR20 Brasil, responsáveis pela construção da ponte Salvador-Itaparica, com o governo da Bahia. Na pauta, a preparação para o início das obras e também sobre novos investimentos entre China e Bahia.

Prevista para começar a ser construída ainda em 2021, a Ponte Salvador – Ilha de Itaparica terá 12,4 km de extensão. O prazo de conclusão da obra é de quatro anos. De acordo com a assessoria da CCCC SOUTH AMERICA, a ponte Salvador-Itaparica poderá ser considerada a maior ponte sobre lâmina d’água da América Latina, já que a Ponte Rio-Niterói, tem 13,2 km, mas contabiliza a parte por terra.

 

Foto: Reprodução / Revista NORDESTE

 

 

Leia a matéria assinada pela jornalista Luciana Leão, na íntegra:

Na Bahia de Todos os Santos, a maior ponte da América Latina

Na primeira Capital do Brasil, são os chineses quem arrematam o maior leilão já se preparando para construir a maior ponte. Detalhe: Bahia já depositou sua parte

Por Luciana Leão

Os chineses continuam a se enamorar pela Região Nordeste. E não há como ignorar os investimentos previstos, pelo menos, no estado da Bahia, para os próximos cinco anos. Há de se comemorar. Um bom exemplo é a ponte Salvador-Ilha de Itaparica, considerada a maior lâmina d’água da América Latina, já que a Ponte Rio-Niterói tem 13,2 km, mas contabiliza a parte por terra, incluindo os viadutos.

O contrato entre o consórcio e o governo do estado para a construção da ponte foi assinado em novembro de 2020. De acordo com o governo, a concessão do projeto executado por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) será de 35 anos.Os investimentos chegam a R $5,4 bilhões, sendo parte da engenharia financeira, sob responsabilidade do Governo do Estado baiano, R $1,5 bilhão.

Deste valor, R $150 milhões já foram repassados ao consórcio, e mais R $250 milhões serão destinados até fevereiro de 2022. O restante, para assegurar garantia e segurança jurídica aos investidores e a população, foi criado pelo Governo do Estado da Bahia um Fundo Garantidor de Investimento com recursos bloqueados no valor de R$ 500 milhões.

“Nos asseguramos de conceder garantia à obra e não deixar para os sucessores, a responsabilidade de pagamento do aporte estadual compactuado. Sem depender mais de orçamento e uma tranquilidade para o próximo governador e os próprios investidores ”, revelou em entrevista exclusiva à Revista Nordeste, o secretário de Infraestrutura da Bahia, Marcus Cavalcanti.

A Ponte tem previsão de iniciar suas obras em novembro deste ano, quando completa um ano após a assinatura do contrato. Ainda faltam licenças ambientais de construção. Entretanto, provavelmente em novembro, segundo informou Marcus Cavalcanti, as obras de sondagem para colocação dos pilares serão iniciadas, assim como os três canteiros de obras que ficarão distribuídos entre a Ilha de Itaparica e a capital baiana.

“O Estado vem cumprindo seu cronograma estabelecido. Neste estágio atual do projeto, foram iniciadas as desapropriações de áreas na ilha de Itaparica, e no mês de julho, na chegada da ponte, onde ficará o canteiro de obras. Em termos de famílias, o adensamento é pouco, mas em termos de traçados nós devemos ter cerca de 200 apropriações dos lados entre a saída de Salvador e a Ilha de Itaparica”, disse Cavalcanti.

Também está em processo de contratação a empresa que fará a sondagem dos pilares sobre o mar. As tratativas e licenças com a Marinha estão bem adiantadas, disse o secretário da Seinfra-BA. “Foi feito em parceria com a Marinha uma simulação no laboratório da Universidade de São Paulo, qual seria o impacto da navegação na Bahia de Todos os Santos. Essa fase do projeto é muito importante, porque já temos um estudo de como se dará a sondagem marítima”.

Impactos da construção na economia e infraestrutura

A Ponte Salvador – Ilha de Itaparica terá 12,4 km de extensão. Toda construída sobre o mar. Os vencedores da disputa da concessão, em dezembro de 2019, válida por 35 anos, foi o consórcio formado três empresas chinesas: China Railway 20 Bureau Group Corporation – CR20; CCCC South America Regional Company S.Á.R.L – CCCC SOUTH AMERICA e China Communications Construction Company Limited – CCCCLTD.

O Governo da Bahia estima que quando finalizada, daqui a cinco anos e meio, cerca de 21,5 mil veículos equivalentes (incluindo caminhões) irão trafegar pelo modal. Durante sua construção, a estimativa de geração de empregos diretos será de cinco mil, e cerca de 100 mil postos de trabalho em 30 anos serão gerados, fora os indiretos que compõem uma rede de logística, alimentação, trabalhadores náuticos, impulsionamento no comércio ao redor e entre os municípios beneficiados.

“Vamos trabalhar em três canteiros de obras (Salvador), Maragogipe (São Roque) e Itaparica. Vai ter uma dimensão de obras diversificadas. Será uma obra com uma simbologia muito importante para o Estado. São 50 anos no imaginário da população baiana, e que deixa de ser um sonho e vira realidade”, opinou Marcus Cavalcanti.

A obra faz parte do Sistema Viário do Oeste, que também contempla a implantação dos acessos ao equipamento em Salvador, por túneis e viadutos, e em Vera Cruz, com a ligação à BA-001, junto com uma nova rodovia expressa, e a interligação com a Ponte do Funil, que também será revitalizada.

Para o secretário da Seinfra-BA, a obra pode ser considerada um grande vetor de desenvolvimento, pois beneficiará diretamente 15 municípios baianos e 150 cidades terão seus percursos reduzidos em uma hora até a capital baiana, o que aumentará a dinâmica de escoamento da logística para toda a região beneficiada.

Foto: Reprodução / Revista NORDESTE

Legados para infraestrutura

Além da Ponte Salvador-Ilha de Itaparica, outras obras em curso vem a complementar o arcabouço de infraestrutura da atual gestão estadual. A ponte do Pontal de Ilhéus, que estava parada há 30 anos, além da ponte sobre o Rio São Francisco, que beneficiará principalmente o setor de agronegócio da região de Matopiba, uma das novas fronteiras agrícolas do Estado, devem ser concluídas, adiantou Marcus Cavalcanti.

“Sob a ótica do sonho, muitas obras estão a se transformar em vetores de desenvolvimento para a Bahia e atrair mais investidores para os municípios do entorno. Temos também a conclusão do projeto do VLT de 20 km, e o aumento do metrô de Salvador para um trajeto de 33 Km atuais, para 45 Km e a construção de um novo terminal rodoviário”, disse Cavalcanti.

O secretário também adiantou à Revista Nordeste que um novo edital de Parceria Público Privada (PPP) será lançado em breve para aumentar a capacidade de infraestrutura do aeroporto de Porto Seguro, além de várias concessões rodoviárias em curso, que chegam a 800 km de rodovia estadual.

Outro projeto em vias de ser lançado é a chegada do gasoduto na região de Brumado, área de grande produção de minérios na Bahia e abriga um dos maiores players do mundo em mineração. “A chegada do gás até Brumado vai diminuir o custo logístico para as empresas e atender os propósitos de conceder energia limpa e com menor custo aos investidores”, disse.

PPP na Saúde

A Bahia foi pioneira no País ao estabelecer pela primeira vez o modelo de parceria público-privada (PPP) na saúde pública. O Hospital do Subúrbio (HS) é um dos exemplos, juntando-se ao Núcleo de Diagnóstico por Imagem (com 11 unidades de bioimagem em hospitais estaduais e uma Central de Laudos) e o Instituto Couto Maia.

Em funcionamento há pouco mais de 10 anos, o Hospital do Subúrbio foi a primeira PPP da saúde no Brasil. “A Bahia é pioneira no país em PPPs na área de saúde. Temos dez anos de experiência, três unidades instaladas e na próxima semana teremos mais uma unidade com capacidade para 160 leitos sendo licitada na Bolsa de Valores” adiantou Marcus Cavalcanti.

“Nós somos o Estado com maior quantidade de concessões de PPPs de infraestrutura. Fomos pioneiros em PPS de hospitais, aeroportos, como o de Vitória de Conquista, três concessões rodoviárias com mais de 850 km, um número significativo. Vamos fazer a licitação de parte da estrutura do Palácio Rio Branco, que já foi sede do governo imperial. Esse será um outro modelo de concessão inovador de transformar prédios históricos em hotéis, como é comum na Europa”. Segundo informações extraoficiais o grupo português Vila Galé teria manifestado interesse em participar do pleito.


Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Recomendamos pra você


Receba Notícias no WhatsApp