NORDESTE

Revista NORDESTE: Presidente do SEBRAE avança em articulações para dar novo salto de resultado em favor da microempresa, base da economia

 

A cena econômica nacional tem inserido no contexto de futuro a participação efetiva do micro e pequeno negócio como elemento de reforço à nova fase da economia, através do empreendedorismo, exigindo inovação, atualização de estratégias e foco no humanismo.

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Esta é a síntese do que revela o presidente do SEBRAE, Décio Lima, levando para a cena nacional a sua experiencia em gestão em Blumenau, Santa Catarina. Leia a íntegra a seguir:

 

 

Revista NORDESTE – O Sr. Acaba de ser eleito dirigente máximo do SEBRAE Nacional diante de muitos desafios postos nesta nova fase da conjuntura socioeconômica do País. Qual o legado que o Sr traz para dar novos incrementos avançados ao empresário de pequenos negócios?

Décio Lima –  Levo para o Sebrae a minha experiência como prefeito de Blumenau (1997 – 2004), considerada a cidade berço do empreendedorismo no país, foi quando pude implantar também programas de inclusão social e modernização urbana, além de ter criado o Banco do Povo, quando criamos linhas de crédito para empreender. O empreendedorismo, no Brasil, precisa ser entendido como uma Política de Estado. Uma política respeitada e valorizada pelos brasileiros, sendo o empreendedorismo uma alternativa real para aqueles que estão dispostos a construir o país de volta. E com certeza não estou sozinho neste meu propósito, pois empreender está em segundo lugar quando se fala em sonho do brasileiro. Assumir o Sebrae representa uma grande responsabilidade, pois significa construir e pavimentar, este caminho de inclusão social e desenvolvimento econômico.

 

NORDESTE – O que o Sr encontra na gestão do SEBRAE?

Décio Lima – Aqui tem uma equipe extraordinária, uma história fantástica de 50 anos de construção feito pelas mãos e pela luta de apaixonados homens e mulheres. Isso me dá certeza que a contribuição que o Sebrae tem para dar para o Brasil, quando aqui cheguei para tomar posse, é justamente a certeza de saber que aqui tem um grande patrimônio. As pessoas do Sebrae possuem um legado de construção extraordinário, um conhecimento apaixonante, e um compromisso, sobretudo com esta causa que eu pertenço.

NORDESTE – O micro e pequeno negócio continua sendo a base econômica das sociedades. Qual o arranjo e conceito pós-moderno para a afirmação do empreendedorismo no Brasil como elemento vital em meio à concorrência na conjuntura?

Décio Lima  – O nosso discurso e nossas ações não podem ser uma barreira para chegar até onde precisamos chegar, na construção de um Brasil mais inclusivo, que converse com as necessidades da população empreendedora de baixa renda e baixa escolaridade. O Humanismo que ele fala mostra uma instituição que está “sujando os sapatos” para ajudar as pessoas a sair de uma situação de miséria com a força do empreendedorismo. Que está nas favelas. Próxima. Acessível. Ao alcance da mão. Amiga. Humana. O Sebrae tem um formato diferente, extraordinário. Que não repete erros do modelo republicano. Um modelo que dá atenção à inteligência, ao conhecimento, ao debate. Representa o sonho do que o Brasil quer ser na evolução da República. O Sebrae é um paradigma de referência. Uma inovação, uma criação única, genuína, do Brasil. Mas é preciso lembrar da formação cultural do nosso País. Das dificuldades que passamos e que permanecem. Aqui no Sebrae tem gente pronta para modificar a história do Brasil. Para vencer esses desafios precisaremos de sinergia, guardando nossas diferenças. E não se abster de defender as boas causas, que protegem os pequenos negócios.

 

NORDESTE – O que chega como novidade?

Décio Lima – Estamos formatando uma parceria com o BNDES, que deverá ser lançada em julho, com linha de crédito exclusiva destinada aos empresários de pequenos negócios. As linhas e os valores que serão disponibilizados ainda estão em estudo, mas a ideia é que seja uma parceria que vá além do crédito. Nesta parceria iremos desenvolver todo um processo e um conjunto de novas ações que já temos disponíveis e que precisamos do BNDES para que possamos alcançar os empresários na condução das empresas de forma sustentável.

 

NORDESTE – como desdobramento e realidade, a Rede Globo, por exemplo, instituiu um programa modelo chamado VAE que estimula pela plataforma global algo que rivaliza com o SEBRAE. E aí?

Décio Lima – Como expliquei, empreender está em segundo lugar quando se fala em sonho do brasileiro, mas precisamos ter cuidado, pois empreender requer planejamento e gestão de risco para evitar que as empresas fechem.  Na teoria, as características do empreendedor são as mesmas, independente de raça, idade, sexo, cor. Esses aspectos incluem a capacidade do empresário de ter iniciativa de buscar oportunidades, percorrer riscos calculados, comprometimento, estabelecer metas, planejamento, persistência… poderia enumerar muitas outras características, mas vou parar por aqui por discordar!!! Não discordo da teoria, mas sim, no que diz respeito à prática, à vida real. Quando essas características vão para rua. Vivemos em um país de tamanho continental e de grande e profundas desigualdades. Por isso o nosso desafio é colossal. Vivemos em um país de extremos, como costumamos dizer. E posso afirmar para vocês: não dá para empurrar esta realidade para debaixo do tapete.

 

NORDESTE – Mas as desigualdades afetaram muit…

Décio Lima – A pandemia, piorou a situação. Aumento ainda mais as desigualdades. O quadro é de um país que precisa unir forças e esforços.  E é para isso que trago esse cenário, pois o empreendedorismo é um caminho que já vem sendo adotado pelos brasileiros e com muita criatividade. Reconheço o trabalho extremo que o Sebrae fez durante a pandemia para salvar milhões de empresários e empresárias que ficaram sem saber como lidar com uma realidade avassaladora.  Agora, precisamos novamente nos unir e trabalhar para incluir, para diminuir as desigualdades, para tornar o empreendedorismo, um empreendedorismo que sobrevive e que está preparado para as adversidades. Isso significa trabalhar a estrutura, a base, os pilares, diminuir a burocracia.

 

NORDESTE  – Quais os exemplos no exterior que o SEBRAE estuda para alinhar ao modelo brasileiro?

Décio Lima – O Sebrae vem sendo exemplo para vários países, em especial, para os países de língua portuguesa. Como somos a referência em empreendedorismo e pequenos negócios somos diversas vezes acionados pelo Ministério das Relações Exteriores para este apoio aos países em desenvolvimento do Sul Global no campo da cooperação técnica internacional. Em novembro de 2022, foi realizada em Lisboa a primeira reunião das instituições de apoio aos pequenos negócios e ao empreendedorismo dos países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Denominada Diálogo sobre Pequenos Negócios e Empreendedorismo no âmbito da Comunidade, a reunião foi iniciativa do Sebrae Nacional com o decisivo apoio do Itamaraty, do Secretariado da CPLP em Lisboa e da Presidência Pró Tempore da CPLP, atualmente ocupada por Angola. Isso para nós é motivo e orgulho, pois se sabe que não há nada similar ao Sebrae no mundo. Uma empresa que trabalha dedicada aos empresários de micro e pequenas empresas e que vem contribuindo para que esses negócios se tornem os maiores empregadores do Brasil.

 

NORDESTE – o mundo dos negócios foca muito as iniciativas da base social mais bem estruturada. Como atender e resolver o vendedor de pipoca ou as cabeleireiras, os nais humildes?

Décio Lima – A minha certeza é que iremos superar esses desafios postos pelo atual cenário. O Brasil precisa urgentemente retomar seu crescimento. E quando falamos em crescimento, precisamos olhar para o microempreendedor individual, que hoje representa quase 14 milhões de empresários neste segmento. O Brasil vai superar esse momento rapidamente para resgatar a dignidade de milhões de brasileiros de ser um país próspero, de ser um país que saiba com mais clareza compreender o papel do empreendedorismo, que hoje responde por 30% do PIB nos micros e pequenos negócios, que responde por 80% dos empregos que o Brasil tem. E que são, na verdade, a base quase unânime da nossa economia, porque são 99% das empresas são micro e pequenas no nosso país. Então eu sou muito otimista. O Sebrae está atuando rapidamente em várias frentes para esta mudança e nosso grande papel será o da inclusão, do empreendedorismo social, o empreendedorismo que transforma, que formaliza, e que possui responsabilidade com o próprio negócio e com aqueles que estão em sua volta.

 

NORDESTE – Qual o maior de todos os desafios do SEBRAE neste momento de incremento ao empreendedorismo?

Décio Lima – Acabamos de sair de uma reunião de Planejamento Estratégico para este e próximos anos e uma questão que frisei a todo momento é sobre a relevância da humanização de todo o Sistema. Precisamos ter a dimensão da importância que temos nesse momento do Brasil. De construir um novo país. Tirar as gravatas e ajudar um povo que precisa de nós. Hoje, são quase 60 milhões de brasileiros na miséria e, exatamente por isso, é o momento para todo o Sistema criar sinergia. Um Sebrae que não seja de um estado ou outro, mas que seja do Brasil. O Sebrae deve buscar projetar o futuro, um futuro sustentável. Capitanear os novos rumos para o Brasil a partir de uma análise da reinvenção das relações de trabalho e das realidades das empresas.

 

NORDESTE – Como a Inteligência Artificial interfere no empreendedorismo?

Décio Lima – As novas tecnologias estão impactando cada vez mais o dia a dia das pessoas e podem ser uma aposta transformadora também para os pequenos negócios. Quando falamos de inteligência artificial associamos ao Chat GPT, que oferece ao usuário uma forma simples de conversar e obter respostas sobre os mais diversos assuntos. O ChatGPT trará inúmeros benefícios para os pequenos negócios, reduzindo custos estratégicos e operacionais por meio desta tecnologia. Suas aplicações no campo do marketing, das finanças, no atendimento ao cliente ou no processo de vendas pode aumentar a sua receita e reduzir os custos, lógico que com uso responsável. O Sebrae listou algumas das possibilidades que podem ser exploradas pelos empreendedores, como atendimento ao cliente, marketing automatizado, com os chatbots enviando mensagens personalizadas e ofertas especiais aos clientes; é possível automatizar tarefas repetitivas, como agendamentos e pedidos, por meio dos chatbots; coletar e analisar dados dos clientes para entender melhor suas necessidades e qualificar a experiência do cliente também pode ser uma estratégia.

 

NORDESTE – Como as experiências dos 9 estados do Nordeste influenciam como aprendizado para todo País?

Décio Lima – O Nordeste é essencial para o país pela sua história de resistência e resiliência. Temos um povo disposto, empreendedor, que gosta de trabalhar e que ama sua cultura. O Nordeste é um orgulho para um Brasil que produz, que inova e que empreende. Os aprendizados desses estados no empreendedorismo vêm de toda parte. Apenas para citar alguns exemplos, o Rio Grande do Norte vem exportando melão pela capacidade na gestão dos negócios e competência em ganhar mercado. Pernambuco já é reconhecido como um polo de produção de confecções. O Piauí trabalha de forma acentuada na produção de artesanato de qualidade e produção de mel, além de muitas outras áreas. A Paraíba se destaca na cultura e na economia criativa, com o São João mais famoso do país. Enfim, são tantos exemplos, há muito o que ensinar e aprender, pois estamos falando de um país continental. Por isso, por onde vamos temos que estar atentos às oportunidades.


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