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Revista NORDESTE repercute os efeitos provocados na economia pelo cancelamento das festas de Carnaval nas capitais nordestinas

Uma das matérias de destaque da edição nº 180 da Revista NORDESTE apresenta panorama sobre os efeitos provocados na economia, principalmente nas capitais nordestinas, devido ao cancelamento dos festejos de Carnaval, por causa do avanço de casos da Covid-19, por meio da variante Ômicron.

De acordo com texto assinado pela jornalista Etiene Ramos, cidades como Salvador, Fortaleza, Recife, Aracaju, Maceió, Natal, Teresina, João Pessoa e São Luís irão sofrer com quedas de receita devido a não realização das prévias carnavalescas e dos festejos de Momo. “Sem colocar seus blocos nas ruas e, sem a festa, a economia, especialmente a informal, é que vai dançar”, diz.

A última edição da Revista NORDESTE encontra-se disponível para leitura. É possível encontrar o exemplar impresso nas principais bancas e a versão virtual no site da própria revista ou no Portal WSCOM (Clique no link para acessar a edição).

Reprodução: Revista NORDESTE

A matéria completa sobre o cancelamento do Carnaval e a crise econômica pode ser lida clicando NESTE LINK.

Ou, se preferir, leia abaixo na íntegra:

EFEITOS DO BLOCO DA COVID

Mais um ano onde no carnaval só restaram as cinzas nas capitais do Nordeste, afetando a economia

Por Etiene Ramos

O famoso e espontâneo carnaval de rua das capitais do Nordeste vai passar mais um ano de recesso por causa da pandemia da Covid-19, agravada pela variante Ômicron e o surto da influenza, com o vírus H3N2. É preciso levar em conta que, além da folia e da força cultural dos dias de Momo, o cancelamento do Carnaval implica em retração econômica muito expressiva pela cadeia de negócios em torno da festa nas várias capitais.

Em 2022, mais uma vez Salvador, Fortaleza, Recife, Aracaju, Maceió, Natal, Teresina, João Pessoa e São Luís não irão colocar seus blocos nas ruas e, sem a festa, a economia, especialmente a informal, é que vai dançar.

Estudo da Hibou – especializada em pesquisa e monitoramento de mercado e consumo, e a Score Group, 44% dos brasileiros vão aproveitar o Carnaval deste ano para descansar.
Realizado com 1.836 entrevistados, entre 9 e 13 de dezembro passado, o levantamento poderia ter resultado em um índice ainda mais alto depois das festas de final de ano, quando diversos estados registraram utilização máxima dos leitos de UTI por causa do alto contágio da ômicron e da influenza.

HISTÓRICO REAL
Com o início da vacinação em meados de 2021, não se esperava por este cenário, uma verdadeira marcha regresso para a recuperação econômica nos serviços e outros segmentos ligados ao Carnaval. Dos eventos privados, restritos a públicos que não economizam na folia, aos vendedores ambulantes de cervejas, tapiocas ou acarajés, todos saem perdendo.

VATICINIO CEARENSE
No final de novembro, o prefeito de Fortaleza, José Sartro, adiantou em suas mídias sociais que não via condições de realizar a festa e que os R$14 milhões de recursos municipais que seriam investidos no Carnaval iriam para ações de segurança alimentar, saúde e apoio à cultura.

Tudo confirmado no último dia 5 de janeiro, quando o governador do Ceará, Camilo Santana, suspendeu os eventos pré-carnavalescos e o Carnaval em todo o Estado, com base na orientação do Comitê Estadual de Enfrentamento da Pandemia do Coronavírus que reúne 150 prefeitos e 25 entidades e órgãos do Estado.

Santana também limitou a capacidade de público em eventos corporativos, formaturas e casamentos – até 500 pessoas em ambientes abertos e, no máximo, 250 nos fechados. As medidas entraram em vigor no dia seguinte, com validade por 30 dias.

Salvador e Olinda: economia parada
Já o governador da Bahia, Rui Costa, começou a desanimar os foliões ainda no dia 23 de dezembro, em suas redes sociais: “A decisão está tomada: não haverá Carnaval na Bahia em fevereiro de 2022. Hoje temos 2,4 milhões de baianos com a vacina contra a Covid em atraso. Além disso, estamos lidando com uma epidemia de gripe, que tem sobrecarregado o sistema de saúde”. Além do post, Costa declarou à imprensa que só uma pessoa completamente irresponsável autorizaria o carnaval nessas condições.

“Nós continuamos tendo mortes pelo coronavírus e passamos a ter mortes por outro vírus da gripe”. A Bahia sofreu ainda com um final de ano de chuvas severas, que causaram enchentes e mortes, deixando várias cidades em estado de calamidade pública.
Neste clima, antes mesmo do pronunciamento do governador, vários artistas e blocos consagrados no Carnaval de Salvador, um dos mais famosos e bem patrocinados do país, foram desistindo da festa e dos desfiles nas ruas por causa da insegurança sanitária.

CASO SALVADOR
Mesmo sem um anúncio oficial de cancelamento, o prefeito da capital baiana, Bruno Reis, vinha declarando que com a desistência dos principais atores da festa não havia condições para se realizar o Carnaval nos moldes tradicionais.

Para ele, não fazia sentido realizar um carnaval sem Daniela Mercury, Bell Marques e Ivete Sangalo, que haviam dito que não participariam este ano.

Com o acelerado ritmo dos vírus da gripe e da ômicron, o governador Rui Costa decretou a redução de 5 mil para 3 mil pessoas em eventos privados e autorizou o Corpo de Bombeiros a aplicar penalidades a estabelecimentos que não cumprirem a medida. Foi um balde de gelo para os produtores de eventos fechados.

Escaldadas pelo cancelamento do Carnaval de rua de 2021, as empresas de eventos vinham organizando festas privadas e patrocinadas com acesso exclusivo para quem apresentasse o passaporte de vacinação. Muitas variáveis ainda podem ocorrer até o final de fevereiro, porém, o mais provável é que a redução de público permaneça a fim de evitar maiores riscos de contaminação. O prefeito Bruno Reis não descarta a possibilidade do evento ocorrer em outro período deste ano, quando a crise sanitária baixar a guarda.

Reprodução: Revista NORDESTE

RECIFE SEM FOLIA, OLINDA SEM GIGANTES NAS RUAS
O Recife e também Olinda, cidades ícones do carnaval pernambucano, vão ficar sem os blocos e troças de rua este ano. Os prefeitos do Recife, João Campos, e de Olinda, Professor Lupércio, anunciaram o cancelamento da festa no mesmo dia, 5 de janeiro, frustrando não só os foliões, mas também quem esperava recuperar os prejuízos de um 2021 sem carnaval.

Mas todos vão ter que esperar para repetir os resultados ou até, quem sabe, superar os do último carnaval de Pernambuco, em 2020, quando o estado movimentou R$2,3 bilhões. O volume representou um incremento de 17,9% em relação ao de 2019, segundo a Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur).

Foram quase 2 milhões de turistas e 64% deles vieram especialmente para o carnaval. A maior parte dos estrangeiros veio da Argentina (25%), em seguida dos Estados Unidos (13,39%) e de Portugal (10,53%). Do Brasil, a maioria veio de São Paulo (23,89%), do Ceará (11,87%) e do Rio de Janeiro (10,65%).

Com um nível de aprovação de 97%, segundo os dados da Empetur, era natural que os turistas de todas as partes voltassem a recomendar o carnaval pernambucano, incrementando ainda mais a movimentação financeira da festa nos anos seguintes. Mas a pandemia não permitiu.

Para atenuar os prejuízos aos profissionais que atuam no carnaval do Recife, João Campos lançou o programa Recife AMA Carnaval, com um aporte de R$10 milhões.

O dinheiro irá atender artistas e agremiações que participaram dos carnavais de 2019 e 2020 e serão beneficiados com 100% da subvenção ou cachê recebido por sua participação na programação.

O AMA supera o Auxílio Municipal Emergencial do ano passado, quando foram liberados R$4 milhões para o público que tem no carnaval sua maior fonte de renda do ano.

Na expectativa de que a festa possa ocorrer ainda este ano, o programa prevê três eixos: apoio, monitoramento e ativação, que serão sequenciadas. Após o apoio inicial, entra a fase de monitoramento dos indicadores e protocolos sanitários de saúde que, quando indicarem segurança, darão início à ativação.

A partir daí a Prefeitura poderá acionar o artista ou agremiação para eventos da agenda cultural da cidade ou um ‘carnaval fora de época’.

“O que o Recife fez foi com muita responsabilidade, com sensibilidade de ouvir, construir uma alternativa segura. Nós anunciamos a suspensão do Carnaval e já lançamos o Recife Ama Carnaval, que é muito mais do que um auxílio. A contratação será através de um pagamento de prêmio com valor de 100% do cachê para artistas e agremiações. Também vamos assegurar recursos para os trabalhadores de som, de luz, para quem ajuda na estrutura de montagem de palco, todo mundo vai ser contemplado. Vamos investir R$10 milhões nessa ação e garantir a suspensão do Carnaval com segurança. Quando tivermos segurança de novo vamos poder fazer eventos celebrativos com referência ao Carnaval, valorizando a nossa cultura”, declarou o prefeito João Campos, filho do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

JOÃO PESSOA SEM FOLIA
Considerado maior evento pré-carnaval, exatamente na semana de véspera, o projeto Folia de Rua atraindo milhares de pessoas na Capital da Paraíba não vai acontecer em fevereiro de 2022 depois que Agremiações e o prefeito Cicero Lucena decidiram suspender a festa.

O mesmo se dará com o Carnaval Tradição reunindo dezenas de Agremiações também está suspenso no decorrer de fevereiro.


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