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Revista NORDESTE: Suape avança para consolidar liderança, e dirigentes apostam na ferrovia como reforço

Está disponível aos leitores a edição de número 195 da Revista NORDESTE  em versão digital e impressa.

 

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Dentre os destaques está a entrevista exclusiva com o diretor-presidente do Complexo Portuário de Suape, Marcio Guiot, e o diretor de Sustentabilidade da estatal, Carlos Cavalcanti, que abordam com detalhes os muitos projetos em curso para ampliar os índices de avanços e conquistas diante dos desafios em 2023.

Leia na íntegra:

SUAPE AVANÇA PARA CONSOLIDAR NOVOS ESTÁGIOS DE LIDERANÇA

 

 

 

Dirigentes apostam na ferrovia como reforço a dobrar capacidade de negócios

 

 

 

Por Walter Santos

 

 

O diretor-presidente do Complexo Portuário de Suape, Marcio Guiot, e o diretor de Sustentabilidade da estatal, Carlos Cavalcanti estão em sintonia fina no que diz respeito às estratégias para ampliar os índices de avanços e conquistas diante dos muitos desafios e, em Entrevista Exclusiva, à Revista NORDESTE abordam com detalhes os muitos projetos em curso de 2023 em diante.

Carlos Cavalcanti

 

Revista NORDESTE – A cena portuária do Brasil ainda aponta Santos e Paranaguá como maiores portos do Brasil. Mesmo assim, o Nordeste começa a se inserir na disputa de cargas e outros projetos inovadores com algumas grandes estruturas. Na sua opinião, onde o Complexo Suape se insere e quer chegar?

Marcio Guiot – O Porto de Suape se destaca na movimentação de granéis líquidos, na qual somos líderes nacionais, assim como no transporte por cabotagem. Na movimentação de contêineres, estamos na liderança no Norte/Nordeste. As perspectivas para os próximos anos são muito positivas, com a instalação de um novo terminal de contêineres, previsto para entrar em operação em 2026, a chegada da ferrovia, do terminal de minério, oportunidades com pesquisa e produção de hidrogênio verde (H2V) e a expansão da Refinaria Abreu e Lima. Suape dobrará a sua movimentação de carga, hoje em torno de 23 milhões de toneladas.

 

NORDESTE – Objetivamente, como o senhor compara e/ou distingue o complexo pernambucano na disputa mercadológica com Pecém, Itaqui ?

Marcio Guiot – O Brasil tem dimensões continentais e potencial de movimentação de carga, tanto na cabotagem, como no mercado exterior. Vejo os portos de Suape, Pecém e Itaqui como complementares e importantes para garantir que o país se posicione de forma mais competitiva no cenário internacional. Suape foi concebido como um porto-indústria. São mais de 17 mil hectares (com 59% da área destinada à preservação ambiental), 11 polos industriais distintos, mais de 80 empresas já instaladas, 14 mil empregos diretos, posicionamento geográfico estratégico, infraestrutura diferenciada para dar todas as condições para um crescimento sustentável. Num raio de 800 quilômetros, alcançamos 7 capitais nordestinas e quase 60 milhões pessoas.

 

NORDESTE – Como andam as tratativas para a implementação da base ferroviária do Sertão ao Porto de Suape? Quem se dispõe a investir e qual o valor dos recursos a serem empregados?

Marcio Guiot – Esse assunto é extremamente importante para Suape, para Pernambuco e para toda a região Nordeste. Nos últimos cinco anos, a movimentação de Suape variou entre 22 e 25 milhões de toneladas. Com a ferrovia, Suape tem potencial de dobrar essa movimentação, colocando o complexo num outro patamar no contexto portuário brasileiro. O Governo de Pernambuco está empenhado em garantir que a ferrovia chegue a Suape. Esse assunto une todos os atores pernambucanos, tanto na esfera pública como na privada. De nossa parte, Suape já trabalha contando com a chegada da ferrovia. Não consideramos outro cenário futuro.

 

NORDESTE – Em que nível estão os projetos sustentáveis em torno das questões ambientais e ainda o abrigo do Complexo para com as comunidades originárias?

Carlos Cavalcanti – Os projetos sustentáveis estão organizados no âmbito de três agendas principais: verde, azul e amarela. A agenda verde destaca projetos relativos à restauração florestal, com especial enfoque na Zona de Preservação Ecológica (ZPEC) de Suape. Cabe destacar que esse projeto agregou o viveiro de mudas (nativas da Mata Atlântica) como um diferencial positivo. Com isso, mais de mil hectares de áreas devastadas já foram restauradas com o plantio de 78 espécies do bioma Recentemente, lançamos o projeto Carbono Neutro, para reduzir/neutralizar a emissão de gases de efeito estufa no complexo. Há duas frentes nesse programa: uma voltada ao Compliance Climático, prevendo a mensuração da emissão de gases de efeito estufa em Suape, e a outra, nos oito municípios do território estratégico, visando quantificar a capacidade de sequestro de carbono na Zona de Preservação Ecológica.

 

NORDESTE – O que espetar dentro do novo conceito de Agenda Verde?

Carlos Cavalcanti – Ainda na agenda verde se destaca o Acordo de Cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), abrangendo diversas ações que abarcam temáticas diferentes no território. A Unesco preza por princípios de ausculta e interlocução com todos os stakeholders, sendo, portanto, uma importante ferramenta de comunicação para um território tão diverso. Suape integra, desde 2021, o seleto grupo de representações públicas e privadas que integram o Pacto Global com a missão de fomentar iniciativas que promovam ações sociais, incentivando a sustentabilidade e promovendo a cidadania. Assumindo assim o compromisso com a Agenda 2030 e os 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela ONU.

 

NORDESTE – O que dizer e/ou tratar dos efeitos nos oceanos?

Carlos Cavalcanti – A Agenda azul tem como foco ações relativas aos oceanos, visando apoiar o processo de desenvolvimento sustentável do território e seu entorno, fazendo referência à Década da ONU para os Oceanos. Várias ações são necessárias e importantes para o sucesso das ações ambientais neste sentido. Destaca-se o projeto Hippocampus como um programa inovador com foco no monitoramento da qualidade do ambiente estuarino por meio da análise do bioindicador: o cavalo-marinho. Assim, Suape se destaca internacionalmente e conquistou prêmios na categoria de Mitigação atribuído pela American Association of Port Authorities (AAPA).

 

NORDESTE – Como definir os estágios atuais em torno da gestão?

Carlos Cavalcanti – O Sistema de Gestão Integrada (SGI) de Suape, que atesta o trabalho de excelência desenvolvida nas áreas de meio ambiente, gestão da movimentação portuária e responsabilidade social, é outra ação relevante para sustentabilidade. O SGI congrega os pilares ESG (sigla em inglês para gestão ambiental, social e de governança) em uma organização. Suape conquistou três certificações por suas práticas socioambientais:? a ISO 14.001:2015, pela sustentabilidade ambiental da mata nativa; a NBR 16.000:2012, pela responsabilidade social com a comunidade anexa ao viveiro e socioambiental território; e a ISO 9.001:2015, pela qualidade na gestão da movimentação portuária e das empresas privadas no complexo.

 

NORDESTE – E as questões sociais em torno do projeto?

Carlos Cavalcanti – No que se refere aos projetos que integram a Agenda Amarela, destaca-se as ações com maior foco no desenvolvimento social. O Suape incentiva se destaca como sendo um projeto de inclusão socioprodutiva aberto para as populações do território, englobando 7 municípios (Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho, Sirinhaem, Escada, Moreno, Ribeirão e Rio Formoso). É importante destacar os laboratórios de ecotecnologias,  que visam a inclusão socioprodutiva das famílias por meio da produção de alimentos e comercialização do excedente. Este projeto é tão bem-sucedido que deu origem aos Quintais Ecoprodutivos. A ação, em parceria com a Cáritas Nordeste 2, já efetuou a entrega de 220 quintais. Mais 80 serão entregues até o final do primeiro semestre. Entre as ecotecnologias implantadas estão: galinheiros móveis, fornos ecológicos, cisternas, entre outra.

NORDESTE – Como o senhor encara a concorrência cearense a partir do incremento de Roterdam em Pecém?

Marcio Guiot – No final do ano passado, a delegação do Porto de Suape voltou para o Estado de PE. Isso vai garantir ao nosso atracadouro um maior alinhamento com as pautas estratégicas do Estado. Estou há quase três meses à frente do Complexo Industrial Portuário de Suape e estou convicto da importância do porto para o povo pernambucano. Tem tudo a ver com a história desse Estado maravilhoso. Quando Suape está em pauta, não há diferenças, a exemplo da mobilização para trazer a ferrovia para o complexo. A delegação vai impulsionar o crescimento do porto com o apoio de todos os nossos “acionistas”. Esse é o nosso diferencial. Como mencionei na resposta anterior, vejo espaço para Suape, Pecém e Itaqui, além dos demais portos de Norte e Nordeste, cada um com seu modelo particular de governança e estrutura societária.

 

NORDESTE – Em que nível estão os entendimentos para a implantação de projetos de Hidrogênio Verde?

Carlos Cavalcanti – De uma banda, no quesito comercial, o processo de implementação de unidades industriais de hidrogênio verde seguem no status de elaboração de estudos de viabilidade técnica e econômica, por meio da assinatura de Memorandos de Entendimento entre Suape e empresas interessadas em se instalar no complexo. Especialmente, três áreas com tamanho médio de 50 hectares foram designadas para prospecção de plantas de hidrogênio verde. Por outro lado, diversos esforços têm sido empreendidos para implementação do TechHub do Hidrogênio Verde, projeto piloto de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a cadeia de produção deste combustível e vetor elétrico do futuro. Juntamente com o Senai de Pernambuco, Suape tem apoiado a instalação deste laboratório tecnológico, que agregará especialistas, tecnologias,  metodologias e insumos voltados a toda cadeia de produção do hidrogênio verde.


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