BRASIL

Rômulo Polari, expert em economia, avalia conjuntura, causas e efeitos, pontuando desafios do futuro no País

O ex-reitor da UFPB e ex-presidente do Fórum Celso Furtado, professor Rômulo Polari, é um estudioso reconhecido sobre abordagens socio-economicas do Brasil e aborda nesta análise de agora o processo recente com causas e efeitos a pontuar que, em síntese, o País tem sede de desenvolvimento.

 

Eis, na íntegra, sua abordagem:

O BRASIL TEM SEDE DE DESENVOLVIMENTO

Rômulo Soares Polari
Professor e ex-Reitor da UFPB

 

O processo da eleição do presidente do Brasil, para 2023-26, vai até o mês de outubro. Quem for eleito receberá o país com a economia em marcha lenta, salários reais em baixa e altas taxas de juro, inflação, déficit e dívidas públicos e desemprego.

 

Com efeito, no período 2019-2022, o país não se recuperou da sua grave situação econômica.  O crescimento do seu PIB nesse quadriênio de 3,6% será inferior à sua queda de 3,8%, nos anos 2015-2018.

 

 

Isso se deve muito às crises da pandemia de COVID-19, desde 2020, e da Guerra da Rússia contra a Ucrânia, a partir de fevereiro deste ano. A atuação dos órgãos públicos e setor privado não foi capaz de reverter esses efeitos externos.

 

A quase estagnação econômica do Brasil, anos 2019/22, não foi regra geral: o seu PIB cresceu a 0,9% ao ano; o mundial 2,2%; o dos EUA 1,9%; o da China, 5%; o dos países desenvolvidos, 1,1% e o das economias emergentes, 2,6%.

 

A política econômica do Governo é ineficiente. O seu liberalismo não estimulou os investimentos produtivos. O seu intervencionismo, na linha keynesiana, mas com ênfase nos gastos assistenciais, não redinamizou a economia. Daí a pífia expansão do PIB.

 

O cenário atual de juros altos, furo do teto de gastos e ruídos políticos do Governo é fonte de efeitos danosos: desestabilização cambial, expectativas adversas e alimentação dos deficit e dívida públicos e inflação. Nesses aspectos, houve piora, de 2019 a 2022:

 

A taxa básica de juro passou de 6,5% para 13,75%. A Inflação de 3,7% para 11,8%. O cãmbio (R$/US$) de 3,8 a 5,2. A Dívida Bruta e o Déficit Nominal públicos, em relação ao PIB, de 76% para 80% e -5,5% para -6,8%. O desemprego caiu de 11,1% para 9,3%.

 

Com esses problemas nacionais,o Governo continuará prisioneiro do curto prazo, portanto na mesmice piorada dos últimos quatro anos. A solução duradoura exige a política de desenvolvimento que falta ao país, há mais de três décadas.

 

Dois objetivos básicos se impõem: a) desenvolver mais e sistematicamente as forças produtivas da sociedade e b) elevar a eficiência e qualidade dos pro­cessos e produtos dos setores público e privado integra­dos ao mundo da IV Revolução Industrial;

 

Ao Poder Público cabe o papel da maior relevância contemporânea: fomentar o de­senvolvimento; demo­cratizar os frutos progresso aos cidadãos e cidadãs; primar pela sustentabilidade ambiental e pelo equilíbrio socioeconômico regional.

 

Tem que ter políticas de Estado eficazes: a) nas áreas de educação, saúde, segurança, transporte público, salário, emprego e b) nas áreas de energia limpa e desestímulos aos padrões de produção e consu­mo predatórios da natureza, etc.

 

O Brasil clama por um Projeto de Desenvolvimento com os seguintes eixos básicos:

 

.Complementação e modernização da infraestrutura e dos serviços essenciais;

 

. Universa­lização da educação básica de qualidade;

 

.Produção e domínio científico-tecnológico relevante;

 

.Contemporaneidade do setor produti­vo;

 

.Turísmo de base natural e histórico-cultural;

 

.Supe­ração do subdesenvolvimento do Nordeste.


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