BRASIL

Sabesp fornece água abaixo da pressão regular, admite diretor

A Sabesp tem reduzido a pressão da água para 10% da pressão regulamentar em razão da crise hídrica, admitiu nesta quarta-feira (25) o diretor metropolitano da companhia, Paulo Massato.

A fala contraria o discurso oficial. Em dezembro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Sabesp "cumpre a norma" da pressão.

"Nós estamos garantindo 1 metro de coluna d'água (mca) preservando a rede de distribuição, mas não tem pressão suficiente para chegar na caixa d'água. Nós estamos abaixo dos 10 metros (estabelecido pela legislação) principalmente nas zonas mais altas ou mais distante dos reservatórios", disse Massato.

 

As declarações foram feitas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo que investiga a companhia.

A pressão de 10mca é exigida justamente para que a água chegue até os reservatórios das casas e, segundo técnicos, pode ser medida para fins de fiscalização no cavalete de abastecimento do imóvel.

Em investigação, a Arsesp, a agência reguladora dos serviços de saneamento, já havia identificado casos em que a pressão havia caído a 8 mca. Em dezembro, Alckmin negou a prática."Ela (a Sabesp) cumpre a norma da ABNT, que é de ter uma coluna de dez metros de água", disse o tucano na ocasião, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

O diretor de abastecimento atribuiu à crise hídrica o descumprimento da norma e argumentou que sem a medida não seria possível manter o abastecimento da população. “É real esse fato, é uma situação anormal", disse Massato.

Até agora, a Sabesp vinha afirmando apenas que reduz a pressão nos período de baixa demanda, mas nunca havia admitido que descumpria o mínimo exigido pela regra.

No início do mês, o iG mostrou que a companhia vem fazendo cortes de água e não só diminuído a pressão por meio de válvulas redutoras de pressão, que cobrem 60% da rede de abastecimento.

 

Segundo Massato, em locais onde não há válvulas, é preciso fechar registros, mas continua a existir água na rede de abastecimento. "Essa manobra (de fechamento de registros) tem o mesmo efeito à VRP", disse o diretor.

Ar no cano aumenta conta de 20 clientes

Massato também admitiu que a Sabesp identificou 20 clientes que tiveram suas contas de água elevadas em razão da existência de ar nos canos. Oficialmente a Sabesp nega o risco.

Segundo Massato, houve 502 queixas de ar no cano em janeiro. Desses, 20 casos demandaram que a companhia instalasse ou fizesse a manutenção de ventosas – equipamentos que ficam na rua.

Massato, entretanto, negou que haja rodízio da cidade. O argumento é que as faltas de água percebidas pela população são casos pontuais, em áreas altas, decorrentes da redução de pressão.

"Não tem rodízio implantado em lugar nenhum da Região Metropolitana de São Paulo", disse o diretor. " Temos pontos onde temos falhas e estamos tentando regularizar ."

 

(Do iG)


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