INTERNACIONAL

Salamanca, na Espanha, discute conceito e essência de Gilberto Freyre

Nos 120 anos do sociólogo fundador da Fundaj, instituição pernambucana é co-parceira em Congresso Internacional em Salamanca, na Espanha

“Nos 120 anos desse grande mestre, Gilberto Freyre, a realização deste seminário internacional para estudar sua vasta obra é uma chave para compreender o contemporâneo tão complexo. A Fundaj e a Universidade de Salamanca, duas instituições irmãs, se uniram nesse intento”, afirmou o presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antônio Campos, em vídeo apresentado no Congresso Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Salamanca, na Espanha, saudando os presentes.

O evento promovido nesta terça-feira (25) e quarta-feira (26), pelo Centro de Estudos Brasileiros, da Universidade de Salamanca, contou com a cooperação da Fundaj e da Fundação Cultural Hispano-Brasileira.

Essência – Com o tema A Obra de Gilberto Freyre nas Ciências Sociais e Humanas na contemporaneidade, o congresso reúne especialistas, pesquisadores e interessados na obra do autor de Casa Grande & Senzala.

O diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundaj, Mário Hélio Gomes, dividiu a coordenação acadêmica do evento com o antropólogo espanhol Pablo González Velasco. Juntos, conseguiram reunir mais de 50 especialistas na obra de Gilberto Freyre.
Mário Hélio apresentou o ensaio Hispanotropicologia: um conceito que une civilizações, entre espelhos e miragens.

“Na hispanotropicologia, Freyre fabricou mais que a justificação do colonizador, mas uma espécie de espelho que pode desfazer distâncias”, destacou Mário Hélio. O jornalista falou, também, sobre tropicologia, conceito freyriano para o estudo antropológico do homem dos trópicos, pontuando do ‘Novo Mundo’ à falta de autonomia de um Brasil colonial.

Freyre e Salamanca – A relação de Gilberto Freyre com a universidade espanhola é antiga. O sociólogo visitou por nove vezes a instituição, onde iniciou estudos sobre o passado medieval da Península Ibérica e conferiu seminários. Em março de 1967, em artigo publicado no Diario de Pernambuco, Freyre respondeu à provocação sobre ‘pleitear homenagens’. “A homenagem que mais estimaria não seria nenhuma convencionalmente oficial ou acadêmica, mas a que procedesse da Universidade de Salamanca impregnada do espírito castiçamente ibérico, na sua própria independência quixotesca”.

Desde os 17 anos o autor nutria certa curiosidade pelo continente. À época escreveu: “a Europa está agora tão fora do alcance de minhas mãos quanto a lua. Tenho de me contentar com uma Europa refletida num espelhinho de bolso que trago sempre comigo”. Mais tarde, defenderia que as relações estariam postas. Haja vista o modo hispânico e lusitano de catequizar indígenas e fazer negros trabalharem ao seu bel prazer e lucro.

Lançamento – Nesta segunda-feira, a Fundaj lançará o livro Casa Grande Severina: 120 anos de Gilberto Freyre, 100 anos de João Cabral de Melo Neto (Editora Massangana, 2019). O título é resultado do Seminário Internacional promovido em dezembro do ano passado no Cinema da Fundação do Campus Derby, que deu início às homenagens pelas efemérides dos dois importantes escritores pernambucanos.

O livro reúne artigos e ensaios sobre os autores pernambucanos, escritos por nomes como Antonio Maura, Xico Sá, Fátima Quintas, Ivan Marques, José Castello, Cristiano Ramos, dentre outros.

A organização é do jornalista Marcelo Abreu, curador do seminário.


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