BRASIL

Seccional de Minas da Associação Brasileira de Economistas desautoriza e crítica governador Zema

Por Walter Santos

A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia Coletivo Minas Gerais divulgou nesta segunda-feira em rede nacional, captado pelo site da Revista NORDESTE, posicionando sobre a postura discriminatória do governador de Minas Gerais, criticando e desautorizando fortemente a postura do chefe do executivo mineiro.

 

“Como economistas, pessoas/profissionais que dedicam suas vidas a pensar soluções para o Brasil, e, fundamentalmente, como mineiros, desautorizamos as palavras proferidas pelo Governador e reforçamos o nosso compromisso com o Brasil na sua diversidade e união de esforços em prol do desenvolvimento econômico, com justiça social e democracia, afirmam os integrantes da entidade nacional.

 

Eles lembram ainda que “nesses termos, é notória a vastíssima contribuição das regiões Norte e Nordeste, sobre qualquer ponto de vista, do econômico, social, passando pelo cultural, ao político e a luta pela democracia em nosso país. A riqueza e diversidade sócio ambiental, presentes em nossa Amazônia, dispensam quaisquer comentários. Sua importância para o equilíbrio do meio ambiente transcende os limites geográficos do próprio país.

 

Leiam, a seguir, a Nota na íntegra:




NOTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ECONOMISTAS PELA DEMOCRACIA- COLETIVO MINAS GERAIS, A RESPEITO DE RECENTES DECLARAÇÕES DO EXMO SR. GOVERNADOR ROMEU ZEMA



Diante das recentes declarações do Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em defesa de uma frente Sul/Sudeste “contra” as regiões Nordeste/Norte e a busca de um “protagonismo político” que, segundo suas palavras, as regiões “nunca” tiveram, como economistas pela democracia, apresentamos as seguintes considerações:



Primeiramente, é falsa e enviesada a afirmativa de que as regiões Sul e Sudeste do Brasil carecem de protagonismo político. Mais do que isso, a afirmativa nega a história dos estados de ambas as regiões e incorre em erros e preconceitos. 

 

Basta que, sem muito esforço intelectual, lembremos os movimentos políticos em favor da integração nacional e da redução das desigualdades regionais, que tiveram forte participação de lideranças das regiões Sul e Sudeste, entre as décadas de 1930 e 1960, processo interrompido pelo golpe militar de 1964. 



Aliás, é ainda mais oportuna a lembrança com relação a esse período de nossa história, não apenas como forma de sinalizar protagonismo das regiões Sul e Sudeste, mas para fazermos menção à importância de um projeto de Brasil desenvolvido. Foi nesse período, com as convergências possíveis para a época e as contradições inerentes ao processo, que conseguimos, ainda que temporariamente, romper com um modelo de país meramente exportador de produtos primários e constituir um processo de industrialização e nossas vias de desenvolvimento. 



Construção essa que precisa ser retomada, cientes das desigualdades regionais e dos desafios do complexo processo de integração, que demanda, necessariamente, forte cooperação entre as regiões. Justo o oposto do que está expresso nas recorrentes manifestações do Governador Zema.



O Brasil se construiu como uma federação unificada justamente por ser um projeto que busca articular diferentes protagonismos político-regionais e, nesse sentido, tudo que alcançamos até aqui, em termos de conquistas civilizatórias é fruto da contribuição de um único povo, de todas as suas regiões. 



Nesses termos, é notória a vastíssima contribuição das regiões Norte e Nordeste, sobre qualquer ponto de vista, do econômico, social, passando pelo cultural, ao político e a luta pela democracia em nosso país. A riqueza e diversidade sócio ambiental, presentes em nossa Amazônia, dispensam quaisquer comentários. Sua importância para o equilíbrio do meio ambiente transcende os limites geográficos do próprio país.




O Brasil, com suas dimensões continentais e hiper complexidade socioeconômica, somente poderá superar os seus desafios civilizatórios, ainda bastante latentes, por meio da retomada de uma construção interrompida, baseada não somente na integração, mas na solidariedade entre suas regiões. 



Para tanto, se faz necessário um novo marco institucional de planejamento e execução de políticas públicas, para garantir a melhor alocação de recursos e investimentos.



 Assim, formas institucionais como Consórcios Públicos devem ser guiadas profissionalmente e orientadas por um projeto nacional de desenvolvimento, para que facilite a ativação do mercado interno nacional e a disseminação de inovações, e não como instrumentos de competição proto-política, baseada em xenofobia e na exploração de gatilhos emocionais reacionários.

 

 Queremos lembrar, também, que vasta área do território mineiro está na Região da SUDENE, e tem em suas características socioeconômicas, muitas das mesmas tradições e condições de vida e cultura, da região Nordeste. 



Muitos de nós somos descendentes diretos de nordestinos e, com orgulho e união, somos testemunhas de sua incrível determinação, bravura e dinamismo pessoal. Somos a Minas do cerrado, da Mata Atlântica e da Caatinga.

 

Por fim, como economistas, pessoas/profissionais que dedicam suas vidas a pensar soluções para o Brasil, e, fundamentalmente, como mineiros, desautorizamos as palavras proferidas pelo Governador e reforçamos o nosso compromisso com o Brasil na sua diversidade e união de esforços em prol do desenvolvimento econômico, com justiça social e democracia.



Associação Brasileira de Economistas pela Democracia – Coletivo Minas Gerais

 


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