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Sem intenção de ser grande, restaurante regional faz sucesso em Aracaju

Por Luan Matias

Parada obrigatória para os turistas que visitam a orla de Atalaia, o Cariri Restaurante e Casa do Forró é um dos mais conhecidos centros gastronômicos de Aracaju. Abrangendo dois ambientes – nos fundos do restaurante se encontra a casa de forró, o local tem como um de suas principais características a valorização da cultura nordestina, oferecendo pratos típicos e mantendo uma decoração rústica, que remete ao Sertão.

José Hamilton Santana, proprietário do Cariri, se aposentou como funcionário da Petrobras, embora sua paixão sempre tenha sido a cultura regional. Com o tempo livre na aposentadoria, decidiu criar um ambiente que envolvesse dois de seus maiores interesses: a gastronomia e o forró.

Se hoje conta com 120 funcionários e chega a receber 1800 pessoas em uma noite, no início José Hamilton precisou lidar com a desconfiança dos mais próximos e as dificuldades financeiras. O improvável empreendimento de um homem de 46 anos de idade parecia não ter grande probabilidade de vingar. “Não havia planejamento algum, não sabia o que era uma empresa. Fui doido quando montei uma casa de costas para o mar. Estourei cartão, cheque especial e fiz empréstimos. Minha família me socorreu”, revela.

Apesar das dificuldades, o pioneirismo foi o diferencial da proposta, pois não havia um local em Aracaju onde o forró e a culinária regional estivessem disponíveis fora do período das festas juninas. Além disso, o conforto é uma das características do Cariri. “É diferente de tudo: um restaurante na frente que permite entrar direto na casa. Não precisa pegar carro ou ter problemas com fiscalização e bafômetro, vai por dentro. Somos a casa de forró mais bonita do Brasil”, afirmou o orgulhoso proprietário.

O sucesso do Cariri está intimamente ligado à relação do seu dono com a proposta do local. E Hamilton garante: prefere prezar pelas tradições nordestinas a ganhar dinheiro. “Não tenho interesse em americanizar minha casa. Talvez financeiramente fosse melhor investir em um nome em inglês, uma fachada moderna e fazer uma choperia, por exemplo. Mas eu prefiro valorizar nossa cultura. Não gosto de ser chamado de empresário, minha visão não é de ganhar dinheiro. Eu só trouxe um pedaço do sertão para bem pertinho do mar ”, revelou.

Hamilton ainda vai além: não investe em propaganda e garante não ter interesse em expandir o negócio. “O sistema tributário no Brasil é pesado. Vivemos em um país em que quando você quer crescer você se acaba. Empreendedor é um doido que sonha com o que não existe. Não precisa de teoria: o livro da vida você só vai ler se você viver”, concluiu com a sinceridade que lhe é característica.

 

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