BRASIL

Sem Minas e Aécio, delação da Andrade Gutierrez não é séria, diz colunista

Draft de um roteiro sujo em tarde quente de Brasília, ou de roteiro quente em tarde suja – tanto faz. A ordem não altera os fatores, pois o produto vem mudando hora a hora e não dá para saber se a fumaça que vai sair das torres gêmeas do Congresso no dia 18 será cor de burro-quando-foge (golpe) ou vermelho-manifestação (não houve golpe):

1. Não dá para levar a sério a delação dos executivos da Andrade Gutierrez se eles não falarem das obras tocadas em Minas Gerais para os governos do PSDB – sobretudo o Mineirão e a Cidade Administrativa. E nem dizer de onde saíram os recursos para doações eleitorais a Aécio, que recebeu mais do que Dilma em 2014.

2. A Andrade Gutierrez também precisa esclarecer como era a governança de sua área corporativa comandada por Otavio Azevedo, um dos mais arrogantes executivos a frequentar os escaninhos do poder em Brasília. Agia a favor dos seus com gosto. E suprapartidariamente com um certo esgar de asco, deixando claro que tinha lado.

3. Mas só pelo que está posto, dividindo o butim entre PT e PMDB, essa delação premiada dos executivos da Andrade Gutierrez inviabiliza uma união em torno dos peemedebistas para eventual novo governo. Será um abraço de afogados. Não custa lembrar que Delfim Netto, estrela da delacao, foi um dos pensadores econômicos ouvidos no programa Ponte para o Futuro, do PMDB, que alguns já chamam em Brasília de "Autobhan para o Passado". E aí, haverá vida longa para um governo que começaria sob a suspeição dessa delação e do que mais há no MP?

4. A credibilidade de um impeachment tendo Eduardo Cunha sentado na mesa diretora da Câmara, cantando os votos da forma casuística que é peculiar à sua fisionomia de psicopata, será zero. Logo, está em curso um ensaio de bastidores, testado por alguns spinning doctors da oposição golpista liderada por Cunha: logo após o relatório de Jovair Arantes, o protético-causídico de Goiás, ser aprovado na Comissão do Impeachment, o psicopata salafrárido (e ladrão) renuncia à presidência da Câmara (mantendo o mandato). No script testado por eles, Jovair, o protético, ou Rogério Rosso (improvável, pois está no primeiro mandato), vira candidato da conspirata à presidência da Casa. A eleição se consumaria em 48 a 72 horas, sem atrapalhar o roteiro original de tirar a mácula original do impeachment: o dedo podre de Cunha.

5. Hoje há menos ânimo nas hostes governistas do que ontem. Ontem havia menos ânimo do que anteontem. A questão central deles é: ganhando a votação do plenário, como se junta tantos cacos para governar?"

Por Luis Costa Pinto, em seu Facebook

Brasil 247


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