POLÍTICA

Senador tucano culpa Aécio por aproximação do PSDB com Eduardo Cunha

Um dos principais críticos da relação do PSDB com o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador tucano Alvaro Dias (PR) afirmou que "não há nenhuma razão para aproximação com o Eduardo Cunha, nem com o PMDB".

"Essa estratégia de aproximação é um equívoco. Estou dizendo isso publicamente porque sempre disse a mesma coisa nas reuniões. Eu não fui uma voz ouvida nesse caso. A minha avaliação sempre foi de afastamento. Poderíamos ter até opiniões coincidentes, mas distantes um do outro", disse o tucano, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, do Paraná.

De acordo com o parlamentar, a aproximação do PDSB com Cunha partiu da alta cúpula, encabeçada pelo senador Aécio Neves (MG). "A direção do partido (Aécio Neves) tem comandado todo o processo. Não posso responsabilizar os deputados porque eles sempre ouviram a presidência do partido. Todas as questões foram levadas à executiva do PSDB", disse Alvaro. "A direção do PSDB tem que assumir a responsabilidade por ter se aproximado de Eduardo Cunha".

Cunha é alvo de investigação do Supremo Tribunal Federal (STF), que, no mês passado, abriu um inquérito, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), para apurar crimes corrupção com base em documentação do Ministério Público da Suíça apontando o peemedebista e sua esposa, Cláudia Cruz, como beneficiários de quatro contas no banco suíço Julius Baer, por onde teriam passado milhões de dólares em propina.

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaura, nesta terça-feira (3), um processo disciplinar para cassar o mandato de Cunha. A representação do Psol e da Rede Sustentabilidade aponta que o peemedebista mentiu ao negar, na CPI da Petrobras, que tem conta no exterior. Aliados de Cunha tentarão barrar o processo em fase preliminar.

Saída do PSDB

Dias afirmou que a mudança de partido faz parte de um movimento de seis senadores (não apenas tucanos) em busca de uma terceira via partidária, fora da polarização PT e PSDB. Além dele, formam o grupo os petistas Paulo Paim (RS) e Valter Pinheiro (BA), os pedetistas Cristovam Buarque (DF) e José Antonio Reguffe (DF), além de José Medeiros, do PPS-MT.

“Há uma insatisfação visível da parte de vários senadores com a situação atual. Há constrangimento de atuação em determinados partidos […] Existe realmente uma discussão entre vários senadores, sobre a busca de um caminho Aí se fala muito na tal terceira via, que foge desse raio de atuação do PT e do PSDB", disse Alvaro Dias.

As contas secretas na Suíça teriam sido abastecidas com recursos desviados de contrato com a Petrobras. O presidente da Câmara também é investigado por recebimento de propina relativa à contratação de navios-sonda pela estatal. Em delação premiada, o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, investigado na Operação Lava Jato, confirmou que o parlamentar recebeu US$ 5 milhões em um contrato de navios-sonda da Petrobras. 


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