PERNAMBUCO

Sonho da casa própria está mais distante

A nova regra de financiamento de imóveis usados da Caixa Econômica Federal, que começou a valer ontem, pode atrasar pouco mais de uma década o sonho das famílias brasileiras de comprar a casa própria. Antes, os mutuários que não se encaixam no Programa Minha Casa, Minha Vida (renda familiar acima de R$ 5,4 mil) conseguiam financiamento de 80% para imóveis usados de até R$ 650 mil. A regra usava o Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que possibilita o saque do FGTS. Hoje, essa limite de financiamento é de 50%. Ou seja, quem já tinha poupado o referente aos 20% do valor total do imóvel, vai precisar guardar mais dinheiro por um período maior para conseguir o dinheiro da entrada.

Um cálculo do núcleo de real estate da Escola Politécnica da USP mostra que cada 10% do preço do imóvel representa perto de quatro anos de poupança para a família de renda média. Como o valor da entrada subiu de 20% para 50%, são 12 anos a mais para arrecadar o dinheiro. Com este cenário, os especialistas dizem que a saída é apostar em financiamentos privados ou optar por unidades na planta.

A Caixa explica que a alteração foi feita por causa do aumento das taxas básicas de juros, mas a diminuição dos recursos da poupança, que são usados no SFH, são o maior motivo das mudanças. "A expectativa é de 8,5% de inflação no Brasil neste ano, enquanto a poupança deverá render apenas 7%, ou seja, quem está com dinheiro na poupança está perdendo. Outro motivo é o desemprego. No Recife, está em 8%. Essas pessoas também tiram dinheiro da poupança para sobreviver", explica Roberto Ferreira, professor de finanças da UFPE. Segundo ele, o raciocínio do governo federal é estimular a compra de imóveis novos, o que aumentaria as novas obras e geraria de novos empregos.

Segundo Paulo Santos, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Pernambuco), a medida deu início a um efeito cascata que atingirá inclusive os imóveis novos e os aluguéis. "Quem quer vender um imóvel novo ou usado hoje vai ter que baixar", reforça. Ele revela que o recuo das intenções de compras já começaram em Pernambuco.

Miguel de Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, concorda com o cenário negativo mas aconselha que os consumidores pesquisem por linhas de crédito em bancos privados. "A Caixa está claramente dificultando a tomada de crédito. Em um financiamento imobiliário, qualquer alteração nas regras significa muito dinheiro a mais na compra. O que vai acontecer é que haverá uma procura maior pelos financiamentos de bancos privados".

Diario de Pernambuco


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