INTERNACIONAL

TAP oferta voos no limite para o Brasil diante da conjuntura

Estatal portuguesa terá 91 decolagens por semana entre março e setembro para o Brasil

 

Por Cristian Favaro — De São Paulo

 


Diversos meses passados eis que Presidente da TAP, Luís Rodrigues, se mantém reafirmando  que privatização é o melhor caminho para empresa, mas assunto está parado até que se defina a eleição em Portugal — Foto: Ana Paula Paiva/Valor 

 

 

A segunda maior empresa aérea a operar voos internacionais para o Brasil, a portuguesa TAP irá bater um recorde de 91 voos semanais na temporada entre final de março e início de setembro – em igual período do ano passado foram 81. Mas Luís Rodrigues, presidente TAP, sinalizou ao Valor que novos aumentos vão ser mais difíceis de ocorrer, uma vez que a empresa atravessa uma reestruturação e até 2025 não pode ampliar sua frota.

 

 

A TAP enfrenta também um amplo debate sobre sua privatização, cujos caminhos devem ser definidos após a eleição para o cargo de primeiro ministro de Portugal, no dia 10 de março. A venda ao setor privado é vista como fundamental por analistas, diante da necessidade da empresa por capital e novas aeronaves.

 

 

“Até o fim de 2025 nossa frota não pode crescer [são 98 aviões operando]. Temos entregas de novas aeronaves, mas em substituição de antigas”, disse Rodrigues, que está no Brasil para visitar unidades da empresa. Em 2023, a TAP respondeu por 10,6% da demanda internacional por transporte, atrás da Latam, com 21,6%, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

 

NORDESTE

 

A companhia só conseguiu elevar a oferta para o Nordeste em novembro passado diante dos conflitos entre Israel e Hamas, que levaram ao cancelamento de voos para Tel Aviv. Hoje, Recife e Fortaleza recebem 10 e 9 voos por semana, respectivamente – antes eram sete cada.

 

O Brasil tem sido foco de atenção e hoje representa 30% do faturamento da empresa portuguesa. “Toda a capacidade que podemos crescer nós concentramos no Brasil”, disse o executivo.

Vários grupos já demonstraram interesse na companhia” 

CONJUNTURA

 

A empresa opera em 11 bases no Brasil e tem parceria de compartilhamento de assentos com Azul e Gol. Sobre a recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, disse que a brasileira sinalizou continuidade nas operações e nada muda no relacionamento com a aérea brasileira.

 

 

A barreira para crescimento até 2025 foi uma condição para que a Comissão Europeia aprovasse, em 2021, o plano de reestruturação que possibilitou a injeção de € 3,5 bilhões na empresa.

 

A O governo anterior havia publicado um decreto autorizando a venda de 51% da TAP, mas tudo se perdeu após uma série de escândalos levar à demissão do primeiro-ministro socialista António Costa. Mesmo com o escândalo, o socialista Pedro Nuno Santos tem sido apontado como favorito. Ele já se disse favorável à entrada da iniciativa privada, mas com o estado mantendo o controle da companhia.

Rodrigues disse que a privatização seria o caminho mais certeiro para o grupo, mas destacou que o modelo vai depender do novo governo. “O assunto está parado até que se defina a questão política”, disse.

Em 2015 uma fatia de 61% da TAP foi vendida a um grupo de empresários, entre eles David Neeleman, fundador da Azul. Poucos meses depois, o negócio foi desfeito após a chegada ao poder do Partido Socialista. A reestatização total ocorreu em 2020, como parte de um acordo para que a empresa recebesse apoio financeiro.

No terceiro trimestre, a TAP teve um lucro recorde de € 180,5 milhões, alta de 62% na comparação anual. Apenas nas rotas brasileiras, a empresa transportou 1,920 milhões de passageiros em todo o ano de 2023, um aumento de 10% contra 2022.

Em conversa com o Valor, Sathish Sivakumar, chefe da área de “Research” do Citi para o setor de transportes na Europa, disse que o momento é positivo para a rota entre América Latina e Portugal e Espanha. “Estamos vendo uma grande migração para os dois países. E é um passageiro premium”, disse.

Sivakumar disse que a empresa não tem muita saída. “Ela vai precisar de aporte, seja estatal ou privado”, disse. O analista lembrou que alguns grupos, como a Air France-KLM e Lufthansa já sinalizaram interesse na TAP. “Vamos supor que a Lufthansa entre. Ela tem pedidos de aviões e conseguiria passar para a TAP. Hoje, se o governo português resolver comprar aviões para a empresa, ele conseguiria entregas apenas para daqui cinco anos”, disse o analista.

 


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