Da Redação RNE

Diante dos dados elevados de assédio moral e sexual no ambiente da Polícia Civil da Bahia, sendo uma das causas principais de adoecimento mental dos trabalhadores e trabalhadoras das forças de segurança, a Delegacia de Polícia Civil de Catu, município a 98 Km da capital organiza com apoio de entidades da sociedade civil e sob a coordenação da Investigadora da Polícia Civil (IPC), Carla Sandra Vieira, o 1º Seminário “Cuidando de Quem Cuida da Segurança Pública”, com objetivo de trazer reflexões e análises de profissionais de diversas áreas.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2024 mostram que, em 2023, pela primeira vez, o suicídio superou as mortes em confronto como a principal causa de óbitos entre policiais militares. A taxa de suicídios entre policiais civis e militares da ativa cresceu 26,2%, enquanto as mortes por Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) diminuíram 18,1%. Em números absolutos, foram registrados 110 suicídios de PMs, contra 107 mortes em confrontos, evidenciando um cenário extremamente preocupante.

Esse quadro é especialmente alarmante em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, onde os casos de suicídio entre PMs aumentaram significativamente. Em São Paulo, por exemplo, os suicídios saltaram de 19, em 2022, para 31, em 2023, enquanto as mortes em confronto fora de serviço diminuíram. A subnotificação dos casos de suicídio, somada ao estigma em torno do tema nas instituições de segurança pública, contribui para a dificuldade de enfrentamento do problema.

Urgência de políticas públicas

O estresse ocupacional, distúrbios relacionados ao sono e o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) são fatores críticos que agravam essa situação. Diante desses números alarmantes, é urgente a implementação de políticas públicas mais efetivas voltadas à saúde mental dos agentes de segurança.

“Os dados de suicídio trazidos pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública nos mostram o quanto estamos falhando em proteger a vida do policial, especialmente do policial militar, alertando sobre esse grave problema”, pontua Carla Sandra Vieira, coordenadora geral do Seminário, em Catu, que acontece no dia 25 de setembro, de 08h às 12h, no Espaço Multicultural de Catu.

“Setembro Amarelo”, na avaliação da policial civil,  transcende a limitação temporal do mês de setembro, período mundial de prevenção ao suicídio. “Vamos trazer reflexões e análises de profissionais de diversas áreas e promover um debate, contínuo e aprofundado, sobre a saúde mental dos profissionais das forças de Segurança Pública com foco na prevenção ao suicídio e na valorização desses profissionais“, acrescenta Carla Sandra Vieira.

“O Seminário abordará a importância de reconhecer que os agentes de segurança pública enfrentam pressões intensas em suas rotinas, estando sujeitos ao esgotamento físico e emocional, como qualquer outra pessoa e que, embora os policiais muitas vezes sejam vistos como heróis, são seres humanos que também precisam de atenção e cuidado”, complementa.

Além disso, a urgência de políticas eficazes voltadas para atenção a saúde mental desses profissionais será debatida por especialistas e autoridades, entre elas Christiane Gurgel – Vice-presidente da OAB-BA;Bruna Vieira – Médica; os psicólogos Breno Queiroz e Elisa Andrade ; Angela Sena – Psicanalista, escritora e educadora do sistema prisional; Luciano Lima – Delegado de Polícia Civil da Bahia e Adroaldo Quintela – Economista e Diretor Executivo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste Brasileiro (Idesne).